

Quando falamos de legado, muitos pensam em imóveis ou investimentos deixados aos filhos. Mas será que o maior patrimônio que podemos transmitir não é saber usar o dinheiro com responsabilidade desde cedo?
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Quando falamos de legado, muitos pensam em imóveis ou investimentos deixados aos filhos. Mas será que o maior patrimônio que podemos transmitir não é saber usar o dinheiro com responsabilidade desde cedo?
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Se tem uma coisa que aprendi ao longo da minha trajetória é que falar de dinheiro cedo faz diferença. Cresci ouvindo que “dinheiro não dá em árvore”, mas ninguém explicava direito como fazer ele trabalhar ao nosso favor. Por muito tempo, ensinar sobre finanças foi visto como “coisa de adulto”. Mas os fatos estão aí: quando chegamos à vida adulta, a conta vem.
Em 2024, segundo dados da Serasa, o Brasil tinha mais de 73 milhões de inadimplentes. Não é coincidência. É reflexo de uma geração que nunca aprendeu a planejar, a lidar com crédito e, principalmente, a diferenciar desejo de necessidade.
Aqui no Brasil, a própria Serasa já reforçou que a falta de diálogo familiar sobre dinheiro é um dos fatores que mais contribuem para que jovens caiam em armadilhas de crédito logo nas primeiras experiências com cartão e cheque especial. Em outras palavras: se não ensinamos em casa, o mercado ensina – e geralmente de forma mais cara.
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Mas não se trata de sentar com uma criança de 10 anos para falar de inflação ou spread bancário. O segredo é trazer o dinheiro para o cotidiano:
Essas pequenas conversas constroem repertório. Ensinar que um sonho exige disciplina não é apenas falar de números, é falar de valores. É sobre mostrar que escolhas têm consequências e que adiar uma gratificação pode gerar resultados melhores.
A educação financeira infantil não precisa ser complexa. Pelo contrário. Uma criança de 8 anos não precisa entender a Selic, mas compreende perfeitamente o dilema entre gastar toda a mesada em figurinhas agora ou guardar para comprar algo maior depois. Isso é planejamento financeiro na sua forma mais pura.
É por isso que acredito em iniciativas lúdicas, como o Clube do Teo Tourinho, projeto que levamos a escolas públicas. Ele traduz conceitos complexos em histórias que as crianças entendem e se identificam. Porque educação financeira infantil não é sobre formar investidores mirins, mas sobre construir autonomia e consciência desde cedo.
Quando ensinamos uma criança a lidar com dinheiro, estamos ensinando a pensar no futuro. Estamos mostrando que o tempo é um aliado, que os sonhos exigem disciplina e que cada escolha tem um custo.
Educar financeiramente não é só sobre contas bancárias. É sobre preparar cidadãos mais responsáveis, empreendedores mais conscientes e famílias mais resilientes.
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No fim, esse é o legado que vale a pena deixar. Dinheiro pode acabar, mas conhecimento nunca se perde.
Dar dinheiro sem preparo é como dar um carro sem carteira de habilitação. Mas ensinar finanças é dar direção, autonomia e perspectiva. E isso não se perde, se multiplica.
Se queremos um país com mais autonomia, com menos famílias presas ao crédito e mais empreendedores conscientes, o legado está claro: invista no amanhã ensinando hoje.
Educar financeiramente uma criança é plantar semente de liberdade e responsabilidade. Pode demorar para dar frutos, mas é o mais sustentável dos investimentos que podemos fazer.
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