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Esta reportagem faz parte da Semana da Educação Financeira do E-Investidor, um evento gratuito que reúne grandes nomes do mercado para debater temas que impactam diretamente o bolso dos brasileiros.
Com a volta às aulas, um tema ganha destaque entre pais e educadores: a importância de ensinar educação financeira desde a infância. Especialistas ouvidos pelo E-Investidor afirmam que o aprendizado sobre dinheiro pode começar já aos três ou quatro anos, de forma lúdica e prática, evoluindo conforme a criança cresce.
Ensinar conceitos como diferenciação entre necessidades e desejos, planejamento financeiro e até investimentos desde cedo pode formar adultos mais conscientes, que evitam endividamentos desnecessários e valorizam o hábito de poupar.
Além disso, o uso de estratégias como mesada educativa, até mesmo jogos de tabuleiro e simulações de compra e venda tornam o aprendizado mais envolvente e eficaz. “O ideal é que a formação seja gradual e prática, com conceitos básicos no início e mais avançados conforme a criança cresce”, diz Mariana Conegero, especialista em investimentos e sócia da The Hill Capital.
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Ela diz que até o 6 anos é importante ensinar a diferença entre necessidades e desejos, estimular a poupança com cofrinhos e usar brincadeiras como lojinhas para simular transações. A partir dos 7, a mesada começa a ajudar no planejamento, com divisão entre gastar, poupar e doar, além de ensinar a comparar preços. Aos 11, pode-se introduzir o conceito de orçamento, com registros de gastos e noções bancárias.
Já aos 15, entra a fase do cartão de crédito, impostos e investimentos. Ela diz que nessa fase também é importante incentivar a busca por renda própria, manter reserva de emergência e pensar em planejamento financeiro de longo prazo. “Uma boa educação financeira na infância impacta diretamente o comportamento financeiro na vida adulta, ajudando a desenvolver hábitos saudáveis, evitando problemas como endividamento excessivo”, diz a especialista.
Aprendendo na brincadeira
Ainda na infância é possível usar ferramentas lúdicas para tornar a educação financeira mais envolvente. Um cofrinho tradicional pode ser substituído por potes ou envelopes com objetivos diferentes: um para gastar, outro para poupar e outro para doar .Jogos como Banco Imobiliário e Jogo da Vida também são úteis para ensinar conceitos ligados ao mundo das finanças.
Vender doces ou outra atividade lúdica para ganhar dinheiro também estimula o empreendedorismo e a responsabilidade. “O segredo é fazer com que o aprendizado seja leve, divertido e prático, para que a criança absorva os conceitos naturalmente”, diz Conegero.
Andressa Bergamo, planejadora financeira e sócia-fundadora da AVG Capital, lembra do jogo “Cashflow for Kids”, ótimo para ensinar sobre um conceito mais avançado do fluxo de caixa. Ela cita também aplicativos voltados para a educação financeira infantil, como PiggyBot, em que a criança pode aprender sobre poupança, planejamento e divisão do dinheiro de forma divertida. “Esses apps podem ser usados para visualizar metas financeiras de forma clara e até simular situações de compras”, diz.
Até mesmo uma ida ao supermercado pode ser uma oportunidade para ensinar aos filhos a lidar com o dinheiro de forma divertida. “Dar um valor fixo para a criança escolher o que comprar ajuda a desenvolver noções de prioridade e limite financeiro”, comenta Ângelo Belitardo Neto, da Hike Capital. Vincular a mesada ao desempenho escolar ou à leitura de livros, também pode incentivar o aprendizado e a responsabilidade. “Também é interessante estimular o uso do dinheiro para pagar pequenas despesas pessoais, como uma aula de futebol”, diz o especialista. Segundo ele, isso pode fazer com que a criança compreenda o valor do próprio esforço e a importância de administrar bem seus recursos.
Autoestima e autocontrole
Para Bergamo, a educação financeira bem estruturada ajuda a criar um senso de controle sobre a vida financeira, promovendo uma sensação de segurança e autoestima ao dar o controle sobre o dinheiro. “Desde cedo, quem tem uma educação financeira sólida aprende não só a economizar, mas também a investir com prudência e a tomar decisões mais alinhadas com seus objetivos de longo prazo“, argumenta.
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Danielle de Araujo Alves Batista, Diretora do Departamento de Português da RIS (Rio International School), complementa dizendo que adultos que tiveram, quando crianças, uma base financeira sólida, tendem a administrar melhor seus recursos, evitar endividamentos desnecessários e valorizar o hábito de poupar e investir. “Além disso, aprendem a diferenciar desejos de necessidades, tornando-se consumidores mais responsáveis”, diz, ao comentar sobre a importância da educação financeira desde cedo, aproveitando a volta às aulas.