Operação Carbono Oculto: 15 fundos de investimento renunciados por Trustee e Banvox podem sair do mercado
E-Investidor conversou com especialista para entender se decisão pode ser barrada pela justiça; Trustee diz que cotistas têm prazo para escolher novo administrador, enquanto Banvox não comenta
A Operação Carbono Oculto é a maior feita até hoje para combater a infiltração do crime organizado na economia formal do País. (Foto: Werther Santana/Estadão)
Pelo menos 15 fundos de investimento investigados pela Polícia Federal (PF) na Operação Carbono Oculto, deflagrada na última semana, correm o risco de serem liquidados a partir do próximo dia 11. O processo consiste na venda dos ativos e na devolução do capital aos cotistas, encerrando as respectivas atividades no mercado.
Essa possibilidade veio à tona após a Trustee e a Banvox renunciarem à prestação de serviços aos fundos que, segundo as investigações, teriam sido usados para blindagem patrimonial e lavagem de dinheiro.
Procurada, a Trustee diz que os investidores dos veículos de investimento possuem um prazo para escolher um novo administrador. Caso contrário, o ativo será liquidado. A Banvox preferiu não comentar o assunto.
Todos os fundos que foram renunciados pelas gestoras convocaram assembleia geral extraordinária (AGE), de 11 a 15 de setembro, para que seus cotistas decidam entre eleger um novo administrador e uma gestora ou liquidar os investimentos. A Trustee e a Banvox permanecerão nas suas atividades por até 180 dias, contados a partir da renúncia.
Caso não haja a efetiva substituição dentro do prazo estipulado, os fundos serão encerrados. A decisão, porém, apenas será barrada se o Poder Judiciário determinar o bloqueio total do patrimônio.
“Embora a AGE tenha o poder de deliberar sobre a liquidação, essa decisão estará subordinada a qualquer ordem judicial no sentido da restrição dos ativos”, diz Fábio Medina Osório, advogado e ex-ministro da Advocacia-Geral da União (AGU).
Ao E-Investidor, a Trustee esclareceu que renunciou à administração dos fundos multimercados Albuquerque FIM, Olímpia FIM Crédito Privado, Vintage FIM e Ártico FIM antes da megaoperação policial cercar a Faria Lima, Avenida da Capital paulista, que reúne os principais bancos e corretoras do mercado financeiro do País. A decisão ocorreu após a empresa identificar problemas de compliance (conjunto de disciplinas que mantêm o empreendimento em conformidade com leis, normas e regras) nos veículos de investimentos.
Esses fundos, segundo a Trustee, são cotistas exclusivos dos produtos financeiros que entraram no radar das investigações da PF.
A decisão de renunciar aos quatro FIMs foi estratégica, uma vez que automaticamente paralisava as movimentações dos fundos, já que Albuquerque FIM, Olímpia FIM Crédito Privado, Vintage FIM e Ártico FIM eram os únicos cotistas, disse a empresa em nota.
Na sexta-feira (29), um dia após a operação Carbono Oculto, a Trustee oficializou a renúncia do Pegasus FIP Multiestratégia, Paraibuna FIP Multiestratégia e de dez fundos imobiliários (FIIs), que foram citados na investigação, na qual o E-Investidor obteve acesso. Veja os detalhes aqui. No mesmo dia, a Banvox também oficializou a renúncia das suas atividades nos fundos Los Angeles 01 FII, atual LUCERNA FIIs, e Derby 44 FIM Crédito Privado, conhecido como WELS FIM Crédito Privado Ltda.