Rejeição da proposta de compra do Master pelo BRB ganha destaque no Ibovespa em dia de prévia do payroll. (Foto: Adobe Stock)
OIbovespa hoje acelerou o ritmo de alta e fechou em alta de 0,81%, aos 140.993,25 pontos nesta quinta-feira (4) – perto do recorde de 29 de agosto, quando encerrou o dia aos 141.422,26 pontos. O mercado financeiro repercutiu a reprovação do Banco Central (BC) para a compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB) em véspera do relatório de emprego oficial dos Estados Unidos, o payroll.
O movimento de tração do principal índice da B3 hoje coincide com a intensificação das bolsas em Nova York, que também fecharam em alta, com perspectivas de corte de juros pelo Fed em setembro, após dados do mercado de trabalho dos EUA.
Por outro lado, as commodities operaram em direções opostas: o petróleocaiu 0,79% e o minério de ferro fechou com alta de 1,67% em Dalian. No câmbio, odólar hoje firmou alta lá fora, mas cedeu 0,11% ante o real, a R$ 5,4468.
“O Ibovespa recebe sinais mistos das commodities, o que favorece a continuidade das oscilações marginais desta semana, período no qual o índice tem promovido pequenos ajustes após o recorde alcançado na sexta (aos 141.422,26 pontos)”, diz Silvio Campos Neto, economista sênior e sócio da Tendências Consultoria, em relatório.
Temas políticos também devem continuar no radar dos investidores nos próximos dias, à medida que as articulações pela anistia no Congresso ganham força diante da percepção de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) poderá ser condenado no Supremo Tribunal Federal (STF), que retoma o julgamento na próxima semana.
Nesta manhã, saíram novos dados do mercado de trabalho privado nos EUA que reforçaram fraqueza. O setor privado dos Estados Unidos criou 54 mil empregos em agosto, segundo pesquisa ADP. O resultado veio menor do que o esperado, que era geração de 85 mil postos de trabalho.
Ao mesmo tempo, o dado de julho foi revisado para menor criação de vagas, o que pode reforçar as apostas de queda dos juros pelo Fed. Agora, cresce a expectativa pela divulgação do payroll norte-americano, na sexta (5).
“O resultado do ADP veio bom, os Treasuries(títulos da dívida estadunidense) até começaram a fechar um pouco, mas aqui parece que não animou muito. Acho que ainda pesam bastante as incertezas por conta do julgamento e consequentemente possibilidade de mais sanções ao Brasil”, avalia Bruno Takeo, estrategista da Potenza Capital.
Ibovespa hoje: o que movimentou esta quinta-feira (4)
Prévia do payroll decepciona em agosto
Prévia do payroll mostra desaceleração em agosto. (Foto: Adobe Stock)
O setor privado dos Estados Unidos criou 54 mil empregos em agosto, segundo pesquisa com ajustes sazonais divulgada pela ADP nesta quinta-feira. Analistas consultados pela FactSet estimavam a geração de 85 mil postos de trabalho no mês passado.
O documento veio um dia após números igualmente fracos do Jolts e na véspera do payroll, relatório de empregos oficial dos EUA que abrange os setores privado e público.
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Na esteira da atualização da ADP, as chances de que o Fed anuncie um primeiro corte de juros em reunião de política monetária marcada para meados de setembro permaneceram acima de 97%, segundo a ferramenta FedWatch do CME Group.
Na sexta-feira (5), os EUA divulgam seu relatório oficial de emprego, conhecido como “payroll”, que engloba dados dos setores privado e público.
Nesta manhã, também foram conhecidos outros indicadores. O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de serviços dos EUA caiu de 55,7 em julho para 54,5 em agosto, segundo pesquisa final da S&P Global divulgada nesta quinta-feira. O resultado definitivo de agosto ficou abaixo da leitura preliminar, de 55,4, mas acima da previsão de analistas consultados pela FactSet, de 53,1.
Ainda entre outros indicadores dos EUA desta manhã, o déficit da balança comercial saltou 32,5% em julho, para US$ 78,31 bilhões, vindo um pouco acima do esperado, enquanto o número de pedidos de auxílio-desemprego subiu para 237 mil na semana passada, também acima da previsão, e o custo unitário da mão de obra avançou 1% no segundo trimestre, de acordo com revisão.
Reveses de Trump nos tribunais pressionam mercado
Os mercados observou também os reveses do presidente dos EUA, Donald Trump. Após o tribunal de apelações considerar ilegais a maioria das tarifas criadas pelo republicano, o governo agora tenta reverter a decisão na Suprema Corte.
Em Boston, uma juíza federal anulou o corte de cerca de US$ 2,6 bilhões, determinado por Trump, de financiamento para a Universidade de Harvard. E na quarta-feira (3) à tarde o tribunal de apelações decidiu que Trump não pode usar uma lei de tempos de guerra do século 18 para acelerar as deportações de imigrantes.
BC rejeita compra do Master pelo BRB
Proposta de compra do Master pelo BRB gerou polêmica no mercado. (Foto: Adobe Stock)
Na quarta-feira (3), o Banco Central reprovou a compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB). Foram pouco mais de cinco meses de análise até o BC decidir por indeferir a operação anunciada no dia 28 de março.
O BRB havia se comprometido a comprar um pedaço do Master, mas, para isso, precisava da autorização do Banco Central, o que não aconteceu, como mostra a reportagem do Estadão. Relembre nesta reportagem a operação de compra do Master pelo BRB.
O que mais mexeu no Ibovespa hoje?
A Suzano (SUZB3) confirmou captação externa de US$ 1 bilhão em emissão de bonds(títulos de renda fixa no exterior) na quarta-feira.
Ainda no noticiário corporativo, a Cosan (CSAN3) informou ao mercado que avalia alternativas para aprimorar sua estrutura de capital e, em conjunto com a Shell, busca novos investidores para Raízen (RAIZ4). Por essa razão, a empresa disse que tem sido ativamente procurada por interessados em potenciais investimentos em ambas as companhias. “Ainda que mantenha tratativas, até o momento não há qualquer decisão ou compromisso assumido”, ponderou.
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O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), afirmou que a Medida Provisória (MP) 1.303/2025, com alternativas ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), deve ser votada no Senado na semana de 22 a 26 de setembro.
Agenda econômica do dia
Dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos – ADP e pedidos de auxílio-desemprego – foram divulgados nesta quinta-feira (4), véspera do relatório de emprego oficial, o payroll. Já o Ibovespa hoje repercutiu a reprovação do Banco Central (BC) para a compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB).
No Brasil, os mercados acompanharam as articulações pela anistia no Congresso, que ganha força diante da percepção de que Jair Bolsonaro poderá ser condenado no Supremo Tribunal Federal (STF), que retoma o julgamento na próxima semana.
Em paralelo, os números da balança comercial brasileira e americana foram monitorados em dia de leilões de Letras do Tesouro Nacional (LTN, títulos prefixados) e Nota do Tesouro Nacional série F (NTN-F, título de renda fixa) do Tesouro.
A agenda trouxe ainda Índices de Gerentes de Compras (PMIs) nos EUA e discursos de dois dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano): o presidente do Fed de Nova York, John Williams, e do presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee.
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Esses e outros dados do dia seguiram no radar de investidores e possivelmente impactaram as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o Ibovespa hoje.
*Com informações de Maria Regina Silva, Luciana Xavier e Silvana Rocha, do Broadcast