

A ausência de um planejamento de sucessão patrimonial pode resultar na perda de 10% a 20% do patrimônio a ser herdado, segundo especialistas ouvidos pela Broadcast.
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A ausência de um planejamento de sucessão patrimonial pode resultar na perda de 10% a 20% do patrimônio a ser herdado, segundo especialistas ouvidos pela Broadcast.
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As opiniões variam dentro desse intervalo: Carlos Eduardo Fernandes, líder de Planejamento Patrimonial da Blue3 Investimentos, afirma que os gastos ficam entre 10% e 20%; Jonas Carneiro, responsável pelo planejamento sucessório na Petrópolis Invest-XP, também observa que essas perdas estão entre 15% e 20%; e Dennys Rosini, diretor de Produtos da Prudential do Brasil, acredita que esses custos ficam entre 12% e 15%.
Entre os principais custos estão o Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), variando de 4% a 8% conforme o Estado, além de honorários advocatícios, despesas judiciais e taxas cartoriais. Especialistas consultados destacam que um processo sucessório bem estruturado pode proporcionar eficiência tributária e ajudar na preservação do patrimônio para futuras gerações.
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Entre as ferramentas mais recomendadas para esse processo, estão o seguro de vida, sobre o qual não incide o Imposto de Renda (IR), e a previdência privada do tipo o Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL), cuja alíquota pode chegar a 10%.
Ambos produtos têm outra vantagem: não passam pelo processo de inventário e podem ser acessados de forma mais rápida pelos herdeiros. Essa condição em si já garante uma boa eficiência tributária, segundo Jonas Carneiro, responsável pelo planejamento sucessório da Petrópolis Invest-XP.
Rosini comenta que o seguro de vida é uma ferramenta essencial para garantir liquidez imediata aos beneficiários, permitindo que eles recebam uma indenização em dinheiro sem passar pelo “processo lento e burocrático de um inventário e custos com impostos”.
Na sua visão, esse recurso dá estabilidade financeira à família e permite que ela lide com o luto sem a pressão de dívidas e problemas administrativos. “Nesse sentido, o seguro de vida se torna parte de uma estratégia de proteção patrimonial mais ampla, pois, o planejamento sucessório é uma forma de pensar além da própria vida, assegurando um legado positivo para os familiares”.
A advogada do Candido Martins Cukier, Maria Paula Molinar, recomenda realizar parte da sucessão ainda em vida, permitindo que o proprietário dos bens possa arcar com parte dos impostos, aliviando os herdeiros desse fardo.
Ela explica que, do total a ser transmitido para as futuras gerações, o titular dos recursos deve obrigatoriamente destinar 50% aos herdeiros necessários, que podem ser filhos, cônjuges ou pais, se ainda estiverem vivos. Os outros 50% têm destinação livre.
No escritório, alguns clientes optam por destinar os 50% de destinação livre diretamente aos filhos, segundo Molinar. Ela explica que, com essa decisão, evita-se pagar o ITCMD duas vezes: primeiro, no falecimento do titular dos bens e direitos, e depois, quando o cônjuge também vier a falecer.
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Fernandes, da Blue3, acredita que o processo de transferência de riqueza traz várias oportunidades e desafios para as gestoras de patrimônio. Entre as oportunidades, destaca-se a chance de oferecer mais produtos e serviços, já que as novas gerações estão mais dispostas a ouvir os consultores, de acordo com o líder de Planejamento Patrimonial da Blue3 Investimentos.
Ele diz que essas gerações tendem a ser mais abertas à inovação e a diversificar mais seus investimentos e soluções. Por outro lado, ele enxerga como um desafio o que chama de “menor lealdade dos clientes”, o que exige uma maior adaptação por parte dos consultores.
O responsável pelo planejamento sucessório da Petrópolis Invest-XP, afirma que, famílias com patrimônios em torno de R$ 10 milhões já consideram essencial um planejamento sucessório estruturado. A EQI Investimentos destaca que clientes com esse perfil patrimonial frequentemente possuem um total de cerca de R$ 50 milhões, tornando o planejamento fundamental.
O estudo “Navigating the Future of Wealth 2024” (Navegando no Futuro da Riqueza, em tradução livre) da Multipolitan prevê que as gerações Y e Z herdarão aproximadamente US$ 84 trilhões globalmente até 2045, marcando a maior transferência de riqueza intergeracional da história.
Isso levanta a questão: estão essas gerações preparadas para gerir essas fortunas?
Eduardo Fernandes alerta que a falta de preparo entre herdeiros é preocupante no Brasil, agravada pela tendência de casais terem filhos mais tarde, resultando em herdeiros jovens e sem a experiência necessária para administrar recursos familiares.
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Molinar observa que muitos herdeiros não têm interesse em gerir o patrimônio herdado após a perda dos patriarcas, mas não abrem mão dos recursos. Com frequência, a gestão de empresas e investimentos é terceirizada, enquanto os ativos permanecem no núcleo familiar.
Já para Finelli, que possui 28 anos no mercado de planejamento de sucessão patrimonial, afirma que percebe um contraste entre famílias do interior do Brasil, que geralmente mantêm seus negócios dentro do grupo familiar, e os herdeiros dos grandes centros, que preferem seguir caminhos próprios, sem abrir mão dos recursos herdados.
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