O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou a cobrança da tarifa de 10% sobre três especificações de celulose, que representam 90% do que o Brasil exportou para o país americano em 2024. A medida deve beneficiar a Suzano (SUZB3), que sobe 0,98% a R$ 51,30 nesta quinta-feira (11).
A commodity já estava na lista de exceções da sobretaxa adicional de 40% anunciada pelo republicano em julho, mas ainda recaía sobre ela a tarifa de 10% apresentada em abril.
Para a Ativa Investimentos, a decisão do governo americano representa um gatilho estruturalmente positivo para os produtores brasileiros, em especial a Suzano. “Tecnicamente, a medida reduz o custo de entrada da celulose brasileira no mercado norte-americano, que é relevante tanto pela dimensão da base consumidora quanto pelo caráter estratégico de diversificação geográfica”, avalia a casa, que tem recomendação de compra e preço-alvo de R$ 68 para SUZB3.
Sem a barreira tarifária, a companhia passa a competir em condições mais igualitárias frente a fornecedores locais e canadenses de fibra longa. Além disso, a corretora destaca que o movimento amplia o diferencial competitivo da Suzano em relação a outros exportadores de fibra curta, especialmente na Ásia, dado que o custo logístico até os EUA é relativamente menor para o Brasil.
“A medida consolida ainda mais a posição da Suzano como fornecedora preferencial de fibra curta em escala global, reforçando a geração de caixa e a resiliência de sua tese de investimento”, diz a Ativa.
O Itaú BBA enxerga que um outro fator positivo pode favorecer a empresa: a tendência de alta nos preços de celulose de fibra curta (BHKP). Em relatório, o banco mostra que os preços líquidos de BHKP na China subiram cerca de US$ 20 por tonelada até o fim de agosto, impulsionados por uma dinâmica mais favorável de oferta e demanda local e pelos anúncios coordenados de aumento por parte dos produtores.
Segundo o BBA, os players de celulose estão atualmente tentando implementar uma segunda rodada de reajustes, com um aumento líquido pretendido de cerca de US$ 20 por tonelada na China e um aumento de preço de lista de cerca de US$ 80 por tonelada na Europa e nos EUA. “Tornamo-nos ligeiramente mais otimistas quanto à implementação bem-sucedida desses reajustes, mas lembramos aos investidores dos obstáculos específicos do setor, principalmente as margens ainda fracas dos papeleiros e o aumento da oferta de celulose na China”, pontua.
A casa destaca que a Suzano continua sendo sua top pick (ação preferida) no setor de papel e celulose na América Latina, já que tem uma exposição relativamente maior ao mercado de BHKP e pode se beneficiar dessa tendência de alta nos preços. O valor atrativo da SUZB3 é outro fator considerado positivo pelo Itaú BBA.