Conta digital mira clientes negativados e promete crédito com serviços extras
Nova conta digital com cartão de crédito e débito é voltada inclusive para negativados e marca a expansão da fintech rumo a um ecossistema financeiro completo
Nova conta digital com cartão de crédito e débito é voltada inclusive para negativados e marca a expansão da fintech rumo a um ecossistema financeiro completo (Foto: Adobe Stock)
A Gooroo Crédito, fintech especializada em crédito para trabalhadores, deu um passo além do consignado e lançou o GoorooPay, sua conta digital com cartão de débito e crédito internacional. Com o movimento, a empresa entra em um mercado dominado por grandes neobancos, mas aposta em um nicho pouco atendido: os clientes negativados.
“O mercado de bancos digitais cresceu muito, mas continua deixando de fora quem mais precisa de acesso financeiro”, afirma Rodolfo Takahashi, CEO da Gooroo.
Para ele, a negativação não é sinônimo de inadimplência permanente. “Um cliente que está negativado não necessariamente é um mau pagador. Muitas vezes, passou por um momento difícil – perda de renda, inflação, pandemia – e precisa apenas de um novo fôlego para se reinserir no sistema financeiro.”
A estratégia é oferecer crédito com limites iniciais conservadores, de forma a estimular a retomada da confiança. Segundo Takahashi, a lógica é simples: ao perceber que voltou a ser visto como um cliente de potencial, o trabalhador tende a resgatar sua disciplina financeira.
Um ponto sensível é a cobrança de tarifas. A conta é gratuita nos seis primeiros meses, mas depois passa a custar R$ 19,90. Já o cartão tem anuidade de R$ 16,90, isenta para quem gastar acima de R$ 2.500 mensais.
Em um cenário em que a maioria dos bancos digitais oferece contas sem custo, a aposta da Gooroo pode ser arriscada. Takahashi, no entanto, argumenta que o valor deve ser visto como investimento em serviços. “O cliente teria que pagar R$ 49,90 por um plano de telemedicina no mercado. No GoorooPay, esse benefício já está incluso na tarifa de R$ 19,90. O mesmo vale para seguros de vida ou residenciais, que chegam a custar R$ 40 e saem até 70% mais baratos via nossos parceiros.”
A ideia, segundo o executivo, é criar valor agregado:
Não se trata de uma conta corrente simples, mas de um pacote de soluções que realmente fazem diferença no dia a dia do trabalhador.
Parcerias em vez de verticalização
Outro diferencial está na forma como a fintech estrutura sua operação. Enquanto muitas concorrentes optam por internalizar serviços, a Gooroo aposta em parcerias estratégicas.
A infraestrutura financeira da conta digital é fornecida pelo Cooper Bank, já parceiro no crédito consignado. Além disso, o Banco de Ribeirão Preto (BRP) atua como bancarizador em parte das operações, e seguradoras como Usebens e Bradesco entram com produtos complementares.
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“Não vemos isso como limitação, mas como estratégia. O que fazemos muito bem é crédito do trabalhador. Para os demais produtos, buscamos parceiros especialistas”, explica Takahashi.
Competição com gigantes: qual o desafio?
Em um ambiente em que grandes neobancos já somam dezenas de milhões de clientes, a Gooroo reconhece que não vai competir em escala, mas em engajamento.
“Não adianta trazer milhões de cadastros se o cliente não movimenta a conta. Queremos atrair usuários já com produtos e serviços atrelados, estimulando a ativação desde o início. Esse círculo virtuoso gera relacionamento real e sustentável”, afirma o CEO.
A meta é alcançar 18 mil usuários ativos já no primeiro ano de operação e expandir para até 80 mil clientes, base que hoje já mantém contratos de crédito consignado com a fintech.
O GoorooPay também pretende atuar em mais três frentes: empréstimo pessoal sem garantia, soluções para empresas via relacionamento com RHs e diretores financeiros, e pacotes de benefícios integrados para pessoas físicas e jurídicas.