Michel Temer entra como articulador para impulsionar a venda do Master (Foto: Michel Temer)
O ex-presidente Michel Temer confirmou, em entrevista coletiva com a imprensa nesta quinta-feira (18), que está atuando na venda do Banco Master para o Banco Regional de Brasília (BRB). Foi o que ele disse também nos bastidores do AGF DAY 2025, evento da plataforma AGF realizado na cidade de São Paulo. Procurado pela reportagem, o Banco Master ainda não retornou sobre o assunto.
“Fui chamado pelo Ibaneis Rocha (governador do Distrito Federal) para mediar a negociação (venda do Master). No entanto, não sei dizer se a venda vai acontecer, está começando agora”, afirmou Temer após ser questionado sobre o assunto.
O ex-presidente foi chamado para atuar no caso após o Banco Central reprovar a operação envolvendo o Banco Master e o BRB no dia 3 de setembro. A diretoria colegiada do BC seguiu encaminhamento de voto do diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução, Renato Dias de Brito Gomes, pela recusa do negócio.
O Master teve um crescimento expressivo nos últimos anos, com um modelo de negócios que era apontado por analistas de mercado como arriscado. De um lado, o banco captava recursos oferecendo alta rentabilidade em Certificados de Depósito Bancário (CDBs), um título de renda fixa garantido pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). De outro, usava esses recursos para comprar ativos com pouca liquidez, como precatórios, direitos creditórios e ações de empresas em dificuldades.
Analistas ouvidos pelo E-Investidor disseram que a decisão do Banco Central foi técnica pelo fato de o Master possuir “sérios problemas” em relação aos seus ativos, principalmente em função de precatórios com vencimentos incertos e baixa liquidez, gerando uma dificuldade em precificar os ativos da empresa. Veja os detalhes nesta reportagem.
Em entrevista ao Estadão, o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, havia dito que o perímetro da operação havia caído à metade com a análise detalhada dos ativos do Master. De início, o BRB iria incorporar R$ 48 bilhões do Master, mas esses números diminuíram para R$ 23,9 bilhões.
Esse encolhimento do perímetro, em poucos meses, foi visto por especialistas como um ponto frágil da operação, já que muitos ativos foram descartados pelo BRB. O Banco Master agora precisará apresentar um plano de trabalho ao Banco Central, que irá fazer uma análise e decidir sobre os próximos passos. A entrada de Michel Temer é o novo fato dessa história, com horizonte desconhecido.