ETFs Irlandeses possuem uma vantagem tributária em relação aos ETFs dos EUA; confira (Foto: Adobe Stock)
Os Exchange Traded Funds (ETFs) da modalidade Undertakings for Collective Investment in Transferable Securities (UCITS), conhecidos como ETFs Irlandeses, tiveram a adesão de 8 mil clientes da Avenue um mês após seu lançamento, disseram os executivos da companhia em coletiva de imprensa com a BlackRock nesta segunda-feira (29). Segundo a Avenue e a BlackRock, a procura pelo ativo ocorreu devido à possibilidade de ganhar até 800% mais que no mercado americano em 13 anos por causa de questões tributárias.
Em sua maioria, esses ETFs são domiciliados na Irlanda ou em Luxemburgo — países que oferecem vantagens fiscais e maior estabilidade regulatória. Alexandre Artmann, COO (Diretor de Operações) da Avenue, lembra que a diferença tributária está relacionada a dois fatores centrais. O primeiro é a questão da herança. Em um ETF no mercado americano, o investidor é obrigado a pagar 40% do valor em impostos na transferência do ativo na herança, o que não acontece nos ETFs sobre a regulamentação europeia.
“Em um exemplo prático, o investidor com US$ 100 mil em ETFs na regulamentação americana tem, na verdade, US$ 60 mil líquidos. Isso porque os US$ 40 mil restantes são em impostos. Já no mercado europeu não há esse imposto e os herdeiros do investidor ficam com os US$ 100 mil líquidos”, explica Artmann.
O segundo ponto que pode trazer essa diferença é a taxação dos dividendos. Bruno Maximino, Estrategista de Negócios da Avenue, aponta a rentabilidade nominal média de 11% ao ano, além de um retorno de 5,7% de rendimento em dividendos. Contudo, no mercado americano, existe uma taxação de média de 17% sobre os dividendos. No longo prazo, isso reduz os ganhos do investidor.
“No modelo europeu não há a taxação e essa gordura é reinvestida no fundo, assim como os demais dividendos. Essa diferença traz ganhos exponenciais no longo prazo, pois o que seria pago em imposto rende juros sobre juros”, explica Maximino.
Em um caso extraordinário, visto em um ETF de ações de dividendos do mercado emergente, a diferença da rentabilidade entre o ETF Irlandês e o ETF americano chegou a 800% (8 vezes mais). No ETF dos EUA, a rentabilidade em 13 anos ficou na média em 2% a cada ano. Já no ETF do padrão europeu ficou em 16%, uma diferença de 14 pontos porcentuais, ou 8 vezes mais.
Para Cristiano Castro, Head of Business da BlackRock, essa diferença de rentabilidade evidencia que esses ETFs trazem ganhos tributários inesperados e pouco conhecidos pelos brasileiros.
“Para quem rejeita a ideia da existência do almoço grátis, esses ETFs dizem o contrário”, satiriza Castro.
Castro destaca o mercado de ETFs europeus como pulsante já que tem mais de US$ 3 trilhões em circulação. O número é maior que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, que encerrou 2024 em US$ 2,17 trilhões. “Só a BlackRock possui US$ 1,2 trilhão sob custódia nessa modalidade”, diz Castro.
A gestora diz ainda que a taxa de administração dos ETFs europeus pode chegar a 0,7% ao ano, enquanto a do mercado americano parte dos 0,3% ao ano. Mesmo nesse caso extremo, Castro diz que o ETF irlandês vale a pena. Isso porque a não taxação do dividendo, aquele que é reinvestido, gera um ganho exponencial, o que acaba cobrindo a diferença de até 0,4 ponto porcentual.
Artmann, da Avenue, comenta que a companhia possui um total de 80 ativos em sua prateleira para o investidor. A BlackRock é responsável pela grande maioria dos produtos. O valor mínimo para o aporte pode variar entre US$ 5 ou US$ 60 por ETF. “Trabalhamos com ETFs acessíveis no valor unitário: o investidor encontra quantias acessíveis para aportar”, explica Artmann.
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O produto pode ser uma nova opção para a diversificação da carteira do investidor. Analistas ouvidos pelo E-Investidor destacaram os pontos positivos e negativos dos ETFs Irlandeses. Veja detalhes nesta reportagem.