Lula-Trump deve apoiar apetite por Brasil em semana de decisão do Fed e balanços. (Foto: Adobe Stock)
OIbovespa hoje avançou 0,55%, aos 146.969,10 pontos, batendo o seu recorde de fechamento. Mais cedo, o índice atingiu a marca inédita de 147.976,99 na máxima da sessão. As atenções do mercado nesta segunda-feira (27) estiveram no encontro de Donald Trump, presidente dos EUA, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A perspectiva de avanços nas negociações comerciais dos Estados Unidos com a China e também com o Brasil estimulou a alta do índice Ibovespa. Lula disse estar convencido de que o Brasil e os EUA chegarão a um acordo comercial em breve.
Segundo o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, embora não tenha havido acordo, o sinal de avanços nas negociações animou. “Foi super positivo”, diz.
Para Alvaro Bandeira, coordenador de Economia da Apimec Brasil, o sinal positivo do encontro entre Lula e Trump foi bem recebido. “E tem ainda o resultado da Petrobras (PETR3; PETR4)“. A petroleira fechou o terceiro trimestre do ano com produção média de 3,144 milhões de boed (petróleo e gás natural), alta anual de 17,3%.
Ao mesmo tempo, o alívio nas projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), câmbio e Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) no boletim Focus, divulgado nesta manhã, reforçou o otimismo. O relatório mostrou o IPCA para 2025 a 0,06 ponto percentual acima da meta prevista para o ano (leia mais abaixo).
Nesta semana, haverá decisão de política monetária pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Banco Central Europeu (BCE) e Banco do Japão, além de divulgação de balanços de bigs techs norte-americanas. Aqui, a safra de balanços ganha força com Vale (VALE3), Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11) – confira o calendário completo.
Ibovespa hoje: os principais assuntos desta segunda (27)
Bolsas de NY sobem de olho em encontro EUA-China
Os índices de Nova York avançaram e renovaram recorde de encerramento nesta segunda-feira, após a inflação ao consumidor (CPI) dos EUA reforçar apostas de corte de juros pelo Federal Reserve na quarta-feira, levando Wall Street a renovar recordes na sexta-feira (24).
O otimismo também veio das expectativas comerciais. Em viagem pela Ásia, Trump afirmou estar confiante em fechar um acordo “muito abrangente” com Xi Jinping nesta semana.
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse que a tarifa extra de 100% sobre produtos chineses e os controles de exportação de terras raras estão, por ora, fora de cogitação, e espera que a China faça uma grande compra de soja americana. Ele adiantou ainda que Trump deve visitar Pequim no início de 2026.
Investidores aguardam também os balanços das big techs – hoje é a vez da Whirpool, e ao longo da semana saem Meta, Boeing e Alphabet. Os rendimentos dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) médios e longos cederam, enquanto o dólar recuou ante moedas fortes.
Na Europa, as Bolsas fecharam majoritariamente em alta. Em Londres, o FTSE 100 subiu 0,09%, a 9.653,82, renovando recorde de fechamento e de máxima a 9.672,74 pontos durante a sessão. Em Frankfurt, o DAX avançou 0,28%, a 24.308,82 pontos. Em Paris, o CAC 40 teve alta de 0,16%, a 8.239,18 pontos. Em Milão, o FTSE MIB ganhou 1%, a 42.911,57 pontos. Em Madri, o IBEX 35 subiu 0,86%, a 15.997,80 pontos. Em Lisboa, o PSI 20 caiu 0,21%, a 8.352,01 pontos, pressionado por ações de energia.
Focus mostra inflação perto da meta em 2025
O boletim Focus do Banco Central (BC) atualizou, nesta segunda-feira (27), as previsões para os principais indicadores econômicos, incluindo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e a taxa Selic – veja detalhes do relatório.
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A mediana do relatório Focus para o IPCA de 2025 caiu de 4,70% para 4,56%. A taxa está 0,06 ponto porcentual acima do teto da meta, de 4,50%.
A mediana do relatório Focus para a Selic no fim de 2025 permaneceu em 15,00% pela 18ª semana consecutiva, após o Copom ter mantido os juros neste nível na mais recente decisão, no dia 17 de setembro.
O Banco Central (BC) vendeu todo o lote de US$ 1 bilhão ofertado em um leilão de dólares à vista realizado nesta segunda-feira. Nove propostas foram aceitas. O diferencial de corte em relação à taxa Ptax (taxa de referência para as operações de câmbio no mercado financeiro) ficou em -0,000300.
Encontro Lula-Trump no radar do mercado brasileiro de ações
Donald Trump em reunião com Lula, na Malásia, em foto divulgada pela Casa Branca (Foto: Reprodução/@White House no X)
O primeiro encontro presencial entre Lula e Trump foi bem recebido pelos mercados. Lula classificou a conversa como “surpreendentemente boa”, e o ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que os EUA concordaram com um cronograma de negociações, que começam de imediato e podem ser concluídas nas próximas semanas.
Em voo para o Japão, Trump deixou em aberto a possibilidade de atender ao pedido do presidente brasileiro para rever o tarifaço cobrado do Brasil.
Uma reação mais forte dos ativos dependerá da suspensão das tarifas extras de 40% e da ampliação da lista de produtos isentos, pedidos por Lula, que também se ofereceu como interlocutor com a Venezuela. Analistas avaliam que o impacto real dependerá ainda do reflexo político para 2026.
Agenda econômica da semana
A semana será movimentada nos mercados, com as atenções totalmente voltadas para o encontro entre Trump, e o líder chinês, Xi Jinping, na quinta-feira (30), durante a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), na Coreia do Sul.
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Outro ponto alto da agenda são as decisões de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) – com entrevista coletiva de seu presidente, Jerome Powell – do Banco Central Europeu (BCE) e do Banco do Japão (BoJ), além dos balanços de cinco das chamadas “Sete Magníficas”: Alphabet, Amazon, Apple, Meta e Microsoft.
São esperados ainda, nos próximos dias, osdados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e Governo Central de setembro, além do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de outubro, que saem na quinta-feira; a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua de agosto e os resultados do setor público consolidado de setembro, na sexta (31).
O presidente do BC, Gabriel Galípolo, participa de missão do governo brasileiro em Kuala Lumpur, Malásia. Já na pauta política, há expectativa de que o presidente Lula oficialize uma indicação ao Supremo Tribunal Federal nesta semana e o mais cotado é o advogado-geral da União, Jorge Messias.
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No exterior, ainda são esperados os dados preliminares do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre da zona do euro, além do PIB da Alemanha. No domingo (2), termina o horário de verão nos EUA.
A agenda de indicadores americana segue esvaziada sem a divulgação de dados oficiais por causa do Shutdown do governo americano – que completa 27 dias.
Esses e outros dados do dia ficam no radar de investidores e podem impactar as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa.
*Com informações de Maria Regina Silva, Silvana Rocha e Luciana Xavier, do Broadcast