Em entrevista coletiva, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que uma “redução dos juros em dezembro não é certa” e que a política monetária não está em um curso predeterminado. Ainda segundo ele, as perspectivas para a inflação e o mercado de trabalho nos EUA não mudaram muito desde setembro, apesar da ausência de dados por conta da paralisação do governo.
A decisão do Fed não foi unânime. Dos dirigentes com direito a voto, o diretor Stephen Miran e o presidente da distrital de Kansas City, Jeffrey Schmid, divergiram da decisão. Miran, que acumula o cargo de presidência do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca e já criticou diversas vezes o nível elevado das taxas, votou por uma redução maior, de 50 pontos-base. Já Schmid defendeu manutenção dos juros no nível de 4% a 4,25%.
Na agenda, o mercado agora aguarda o encontro na Coreia do Sul (hoje às 23 horas de Brasília) entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente chinês, Xi Jinping, para tratar de tarifas. Trump disse esperar que o encontro com Xi seja “bem satisfatório” tanto para a China quanto para os Estados Unidos.
Já o Senado norte-americano aprovou uma medida que revoga as tarifas impostas por Trump ao Brasil. A proposta, liderada pelo democrata Tim Kaine e apoiada por cinco senadores republicanos, ainda precisa passar pela Câmara, onde deve enfrentar entraves até março de 2026.
Nesta quarta-feira, a temporada de balanços acompanha resultados de grandes bancos, como Santander (SANB11) e Bradesco (BBDC4) no Brasil, e de três das “Sete Magníficas” – Meta, Alphabet e Microsoft – nos EUA. O Santander Brasil, por sua vez, reportou lucro de R$ 4 bilhões nesta manhã.
O principal índice da B3 hoje ainda se apoiou na alta de 1,96% do minério de ferro na China e de 0,76% do petróleo Brent. No câmbio, o dólar subiu ante outras moedas de economia desenvolvidas, mas ficou estável ante o real.
Ibovespa hoje: os principais assuntos desta quarta-feira (29)
Federal Reserve define juros nos EUA
O Fed cortou os juros americanos em 25 pontos-base, para faixa entre 3,75% a 4% ao ano. Analistas consultados pelo Broadcast esperavam amplamente o corte dos juros pelo banco central americano na sétima reunião de política monetária de 2025.
A decisão ocorre em meio à segunda maior paralisação do governo dos EUA na história, que chegou hoje ao 29º dia e manteve suspensa a publicação de dados oficiais importantes da economia americana. Para a reunião de outubro, os dirigentes do Fed tiveram acesso apenas à leitura mensal do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) em setembro.
Bolsas de NY perdem força após falas de Powell
Os mercados de ações em Nova York ficaram mistos, enquanto as bolsas asiáticas fecharam em alta, impulsionadas pela viagem de Trump à Ásia e pela expectativa de um segundo corte seguido de 25 pontos-base nos juros pelo Fed, além de possíveis sinais de Powell sobre as próximas reuniões.
Há otimismo em torno do encontro de amanhã entre Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, em Busan, na Coreia do Sul. Trump afirmou ter uma “relação muito boa” com Xi e disse que “muitos problemas serão resolvidos”, ao indicar que pode reduzir tarifas sobre produtos ligados ao fentanil em troca do compromisso de Pequim em conter exportações do opioide. Já as negociações com a Coreia do Sul seguem travadas pela exigência americana de US$ 350 bilhões em investimentos.
Na Europa, as Bolsas fecharam sem sincronia, impulsionadas por resultados da temporada de balanços e expectativas por decisões de bancos centrais. A Bolsa de Londres renovou recorde pela quinta sessão consecutiva, enquanto a de Madri marcou nova máxima histórica pela terceira vez seguida.
Santander lucra R$ 4 bilhões no 3º tri
O Santander Brasil (SANB11) teve lucro líquido gerencial, que desconsidera o ágio de aquisições, de R$ 4,009 bilhões no terceiro trimestre deste ano, alta de 9,4% ante o registrado em igual período de 2024. Na comparação com o segundo trimestre, houve alta de 9,6%. Confira o balanço completo.
O retorno sobre o patrimônio líquido do Santander avançou 0,5 ponto porcentual em um ano, para 17,5%. Os ativos totais somaram R$ 1,253 trilhão, queda de 2,4% em um ano e alta de 2,4% no trimestre. O patrimônio líquido, por sua vez, aumentou 6,1% em um ano e 1,9% em três meses, para R$ 94,171 bilhões.
Senado dos EUA aprova medida para bloquear tarifas ao Brasil
O Senado dos EUA votou por 52 a 48 para aprovar uma medida que bloqueia as tarifas do presidente Donald Trump sobre o Brasil, com um punhado de republicanos se aliando aos democratas na reprovação de uma peça central da agenda econômica da Casa Branca.
Cinco senadores republicanos votaram a favor da resolução: Lisa Murkowski, do Alasca; Susan Collins, do Maine; Rand Paul e Mitch McConnell, do Kentucky; e Thom Tillis, da Carolina do Norte. Todos os democratas votaram a favor. A resolução sobre o Brasil agora segue para a Câmara, onde os líderes republicanos endureceram as regras processuais para bloquear as votações em plenário sobre contestações tarifárias até março do ano que vem.
A medida, liderada pelo senador Tim Kaine, do Partido Democrata, encerraria a imposição de tarifas sobre produtos brasileiros por Trump sob uma lei de poderes emergenciais. Ainda esta semana, espera-se que o Senado considere medidas semelhantes para bloquear as tarifas de 35% de Trump sobre produtos canadenses e suas tarifas de 10% a 50% sobre importações de outros países.
Agenda econômica do dia
A agenda de indicadores americana seguiu esvaziada pelo shutdown do governo, que já dura 29 dias. Entre os poucos dados divulgados, as vendas pendentes de imóveis nos Estados Unidos ficaram estáveis em setembro ante agosto, segundo pesquisa da Associação Nacional dos Corretores (NAR, na sigla em inglês) divulgada nesta quarta-feira. O resultado frustrou a expectativa de analistas consultados pela FactSet, que previam alta de 0,9% no período.
Os estoques de petróleo nos Estados Unidos caíram 6,858 milhões de barris, a 415,966 milhões de barris na semana passada, informou o Departamento de Energia (DoE). Analistas consultados pelo The Wall Street Journal projetavam queda menor, de 200 mil barris.
Dentro da temporada de resultados, a Boeing publicou balanço antes da abertura das Bolsas em NY. A empresa teve prejuízo líquido de US$ 5,34 bilhões no terceiro trimestre de 2025, menor do que a perda de US$ 6,17 bilhões apurada em igual período do ano passado, segundo balanço divulgado nesta quarta-feira
A Meta (M1TA34), Alphabet (GOGL34) e Microsoft (MSFT34) liberam os resultados após o fechamento. No Brasil, Bradesco (BBDC3;BBDC4), Motiva (MOTV3) e Isa Energia (ISAE3) também divulgam balanços hoje.
Esses e outros dados do dia ficaram no radar de investidores e impactaram as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
*Com informações de Maria Regina Silva, Sergio Caldas, Silvana Rocha e Luciana Xavier, do Broadcast