Após reestruturação, empresa líder de mercado quer consolidar crescimento em 2025; ações caem 94% desde o IPO
Em entrevista exclusiva ao E-Investidor, CEO conta como a marca tem conseguido aumentar preços e retirar descontos mantendo a satisfação dos clientes em nível elevado
O ano de 2025 será de consolidação do crescimento da Espaçolaser (ESPA3). É o que afirma a CEO da maior rede de depilação a laser do Brasil, Magali Leite. Em entrevista exclusiva ao E-Investidor, a executiva detalhou o processo de reestruturação pelo qual a empresa passou em 2024 e disse que o mercado está voltando a olhar para o case da companhia, que gradativamente vem reduzindo seu endividamento e caminha para fechar o ano no azul.
De julho e setembro, a Espaçolaser registrou prejuízo líquido contábil de R$ 9,083 milhões, uma queda de 8,8% sobre a perda registrada um ano antes, de R$ 9,957 milhões. No acumulado dos nove primeiros meses de 2025, porém, a marca registra um lucro líquido de R$ 5,129 milhões.
“A gente tem uma certa sazonalidade [em terceiros trimestres], já é natural, é esperada pelo mercado. O terceiro trimestre não é o de maior potencial do negócio”, afirmou a CEO. “Nós ainda estamos tendo no terceiro trimestre de 2025 (3T25) um impacto de resultado financeiro, que é relacionado ao Imposto de Renda, onde a gente acabou de ajustar a dívida da companhia”, completou.
O endividamento mencionado por Leite vem caindo a cada trimestre como resultado do turnaround (processo de recuperação de valor) iniciado em 2024. A estratégia tem sido reduzir custos, aumentar preços e retirar descontos — uma prática comum do mercado de beleza no Brasil. “Mesmo diminuindo os descontos e reajustando preços, mantemos um NPS altíssimo [indicador de satisfação dos clientes] pela qualidade do serviço”, afirmou a CEO.
A alavancagem da Espaçolaser (dívida líquida sobre Ebitda ajustado) chegou a 1,90x no final do terceiro trimestre deste ano, o menor nível em 14 trimestres, ante 2,20x um ano antes. A geração de caixa também melhorou, com o fluxo de caixa operacional ajustado atingindo R$ 84 milhões, um avanço de 45,5% sobre o terceiro trimestre de 2024, com conversão de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) em caixa de 183% no trimestre e 103,2% nos nove primeiros meses do ano.
“Eu acho que esse trabalho que a gente vem fazendo junto aos credores tem sido reflexo do resultado consistente que a gente vem entregando. Existe hoje uma credibilidade muito forte na resiliência do nosso negócio. Não somos só o maior player do Brasil, a gente é o maior player de laser do mundo”, enfatizou Leite.
Em outubro, a companhia liquidou todas as dívidas captadas na holding (MPM Corpóreos S.A.) com juros elevados e prazos curtos e captou dívidas na empresa operacional (Corpóreos Serviços Terapêuticos S.A.) com juros mais baixos e prazos mais longos via BNDES. A empresa também anunciou uma nova emissão de debêntures, no valor de R$ 593 milhões.
“Tivemos agora um reperfilamento [da dívida] que vai repercutir muito positivamente na contribuição do resultado líquido da companhia, que a gente vai capturar 100% de tax shield [escudo fiscal, uma estratégia legal que permite às empresas reduzir sua carga tributária por meio de deduções fiscais previstas na lei] daqui para frente”, disse Leite.
“Foi um trabalho de saneamento da estrutura de capital que tem sido feito nos últimos dois anos e que agora sim a gente está no final deste trabalho, onde a gente vai conseguir capturar todos esses ganhos”, completou a CEO.
Outra frente que a Espaçolaser tem mantido como prioridade é o corte de despesas. O custo operacional da companhia caiu 24,5% no terceiro trimestre, na comparação anual, impulsionado principalmente pela diminuição do consumo de gás de resfriamento, decorrente da implantação de uma nova máquina resfriadora, que tem proporcionado maior eficiência e produtividade às operações.
“Até o momento, 63% das nossas lojas já fizeram a troca e a meta é chegar a 70% até o fim deste ano e a 100% no ano que vem. Já tivemos uma economia de R$ 5 milhões com a substituição”, disse a executiva.
Cenário macro e novas lojas
Leite afirmou que o trabalho feito na Espaçolaser tem sido para proteger a empresa de um cenário macroeconômico desafiador, com a taxa de juros em 15% ao ano. A expectativa de corte da Selic em 2026, segundo ela, tende a ajudar o desempenho da companhia, que atua no Brasil e em outros países da América Latina. A CEO afirmou que a marca quer expandir principalmente no Brasil, via franquias.
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“Nós continuamos num processo de expansão muito criterioso, não só no Brasil, mas também nos outros países da América Latina onde operamos. Este ano, já inauguramos 17 novas unidades. Nós estamos posicionados num setor, como um player de wellness, bem-estar e de estética, que cresce muito e que faz muito sucesso, com taxas muito agressivas. Continuamos crescendo através dos nossos franqueados, tomando muito cuidado na hora de definir uma nova região ou uma nova cidade onde a gente vai operar”, disse.
A CEO da Espaçolaser falou ainda sobre a baixa penetração da depilação a laser no Brasil, com um potencial de negócio enorme no País, além de concorrentes que tentaram “copiar” o modelo da marca e não conseguiram se sustentar por muito tempo, além da oferta de outros serviços que possam agregar mais valor aos clientes e ampliar o tíquete médio da empresa no longo prazo.
Leite também comentou a queda das ações ESPA3 na B3, de quase 94% desde o IPO, em 2021, e como a companhia tem trabalhado para agregar mais valor ao acionista. Confira a entrevista na íntegra acima, ou clique aqui.