Senado dos EUA dá aval para fim do Shutdown; Brasil olha IPCA e ata do Copom. (Foto: Adobe Stock)
OIbovespa hoje renova máxima histórica aos 158.077 pontos, em alta de 1,82% nesta terça-feira (11). O movimento acontece após o índice cravar 14 altas consecutivas — a melhor sequência de ganhos desde 1994 — e nova máxima histórica ontem, aos 155 mil pontos.
O sinal menos conservador na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e a desaceleração no ritmo de alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro estimulam valorização do Índice Bovespa hoje.
Além disso, o avanço das commodities hoje entra como vetor positivo. Nesta manhã, 0 petróleo ganha 1,05% no barril do tipo WTI, enquanto o minério de ferro teve alta de 0,20% na China.
A alta do Índice ocorre apesar do viés de baixa no pré-mercado de ações em Nova York. Nos Estados Unidos, há expectativa de fim, em breve, da paralisação do governo — que já dura mais de 40 dias — após o Senado americano ter aprovado um projeto para reabrir o governo. O texto segue agora para a Câmara, em dia de agenda esvaziada.
Aqui, investidores se debruçam sobre a ata do Copom e o IPCA em busca de sinais para o início do ciclo de queda da Selic. Na visão do Itaú Unibanco, a ata traz uma leitura um pouco mais otimista sobre as perspectivas de inflação.
Segundo o banco, o texto indica confiança de que a estratégia atual — manter a Selic inalterada em 15% por um período prolongado — está funcionando. “As autoridades destacam que a política monetária tem contribuído para a queda das expectativas de inflação, sobretudo no curto prazo, mas também para além do horizonte relevante”, cita o relatório. O Itaú espera o início de corte da Selic em janeiro.
Algo esperado pelo mercado, o BC diz na ata ter optado por incorporar ao cenário uma estimativa preliminar do impacto da isenção de Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil. Contudo, segundo a autoridade monetária, essa projeção “é incerta e será calibrada”. O texto do IR aprovado no Congresso deve ser sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entre hoje e amanhã.
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O comitê enfatizou que considera a taxa Selic atual, de 15%, suficiente para garantir a convergência da inflação à meta, desde que os juros sejam mantidos nesse nível por um período “bastante prolongado”. Ao mesmo tempo, diz já ter “maior convicção de que a taxa corrente é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”.
Quanto ao IPCA, a taxa desacelerou a 0,09% em outubro, perto do piso das expectativas (0,08%), após alta de 0,48% em setembro. No acumulado de 12 meses, foi de 4,68% até outubro, ante 5,17% até setembro.
Ibovespa hoje: os destaques do mercado de ações nesta terça-feira (11)
Bolsas globais operam sem direção com fim do shutdown nos EUA
Os índices futuros recuam nesta terça-feira, em dia de agenda esvaziada e após a alta da véspera nas bolsas diante da possibilidade de fim do maior shutdown da história dos EUA.
O pacote aprovado ontem no Senado, por 60 votos a 40, garante o pagamento retroativo e reintegra servidores demitidos desde 1º de outubro, além de blindá-los de novas dispensas até janeiro.
O presidente dos EUA, Donald Trump, sinalizou apoio à proposta e disse que o governo reabrirá “rapidamente”. Trump afirmou também que, se a Suprema Corte decidir por abolir as tarifas, seu governo teria que reembolsar em receitas tarifárias e investimentos mais de US$ 2 trilhões — o que seria, segundo ele, “uma catástrofe para a segurança nacional”.
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Na Europa, as principais bolsas sobem, enquanto a libra ficou pressionada após a taxa de desemprego do Reino Unido subir mais do que o esperado. Na Alemanha, o índice ZEW de expectativas econômicas caiu mais que o estimado em novembro.
Na temporada de balanços, destaque para a Vodafone, que saltava 3,8% em Londres mais cedo.
IPCA desacelera em outubro com mudança nas tarifas de energia
O indicador deve desacelerar para 0,14%, após alta de 0,48% em setembro (foto: Adobe Stock)
O IPCA de outubro foi de 0,09%, 0,39 ponto percentual (p.p.) abaixo da taxa de 0,48% registrada em setembro. No ano, o IPCA acumula alta de 3,73% e, nos últimos doze meses, o índice ficou em 4,68%, abaixo dos 5,17% dos 12 meses imediatamente anteriores. Em outubro de 2024, a variação havia sido de 0,56%.
O resultado veio um pouco acima do piso das estimativas colhidas pelo Projeções Broadcast (alta de 0,08%), com mediana de 0,14% e teto de 0,21%.
A queda de 0,30% do grupo Habitação foi motivada pela variação negativa de 2,39% registrada no subitem energia elétrica residencial, sendo o maior impacto negativo no índice de outubro, com -0,10 p.p. Tal movimento reflete a mudança da bandeira tarifária vermelha patamar 2, vigente em setembro, para a bandeira vermelha patamar 1, com a cobrança adicional de R$ 4,46 na conta de luz a cada 100 Kwh consumidos, ao invés dos R$ 7,87.
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Para Rodrigo Marques, gestor de fundos e economista-chefe da Nest Asset Management, esse cenário reforça a expectativa de cortes na taxa de juros já a partir do próximo ano, especialmente porque a inflação se aproxima da meta estabelecida pelo Banco Central. “Com isso, aumenta a probabilidade de o BC ter condições de iniciar um ciclo de redução dos juros ao longo de 2026, o que tende a gerar um impacto positivo na curva de juros”, ressalta.
Ata do Copom reforça que manutenção da Selic em 15%
O Comitê de Política Monetária (Copom) enfatizou, nesta terça-feira, que considera a taxa Selic atual, de 15%, suficiente para garantir a convergência da inflação à meta, desde que os juros sejam mantidos nesse nível por um período “bastante prolongado”.
A avaliação marca uma mudança em relação à comunicação de reuniões anteriores. Até o encontro de setembro, o colegiado dizia que ainda avaliava se essa manutenção seria suficiente para garantir a convergência.
O comitê, no entanto, manteve a ponderação de que segue vigilante e que os próximos passos da política monetária poderão ser ajustados. “(O Copom) não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado.”
No trecho da ata referente à decisão de política monetária, o colegiado repetiu que o cenário atual segue marcado por elevada incerteza, o que exige cautela na condução da política monetária.
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Disse que a manutenção da Selic em 15% é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante.
“Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, afirmou.
Agenda econômica do dia
Após 14 altas seguidas, as atenções do Ibovespa se voltam, nesta terça-feira (11), para a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada e para as expectativas de inflação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro.
O mercado ainda mantém expectativa pelo fim, em breve, da paralisação do governo dos Estados Unidos, que já dura mais de 40 dias, após o Senado americano ter aprovado um projeto para reabrir o governo. O texto segue agora para a Câmara.
A agenda americana é esvaziada, e o feriado do Dia do Veterano nos EUA deixa o mercado de Treasuries (títulos da dívida estadunidense) fechado. No Canadá, ocorre encontro de ministros de Relações Exteriores do G7 (grupo dos países mais industrializados do mundo, composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido).
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Em paralelo, o Tesouro faz leilões de Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B, títulos públicos com rendimento atrelado à inflação) e Letra Financeira do Tesouro (LFT, título pós-fixado com rentabilidade atrelada à taxa de juros).
Esses e outros dados do dia ficam no radar de investidores e podem impactar as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
*Com informações de Maria Regina Silva, Marianna Gualter, Cícero Cotrim, Luciana Xavier e Silvana Rocha, do Broadcast