Ações do Banco do Brasil (BBAS3) operam em queda de 3% após lucro cair 60% no 3T25
Impactado por atrasos no crédito rural e reforço nas provisões, o BB registrou lucro ajustado de R$ 3,78 bilhões no trimestre; ações recuam 3% após balanço
Banco do Brasil (BBAS3) divulga balanço do 3T25 e resultados mostram lucro abaixo do esperado (Foto: Adobe Stock)
O Banco do Brasil (BBAS3) registrou nova piora em seus resultados trimestrais, reflexo direto do aumento da inadimplência no agronegócio e do consequente reforço nas provisões para perdas. O banco encerrou o terceiro trimestre de 2025 com lucro líquido ajustado de R$ 3,78 bilhões, queda expressiva de 60,2% em relação ao mesmo período de 2024. Na comparação com o segundo trimestre deste ano, o resultado ficou praticamente estável. A reação do mercado foi negativa: as ações do BB recuam 2,94%, cotadas a R$ 22,13 às 11h46 desta quinta-feira (13).
Um dos principais fatores por trás desse desempenho foi a escalada da inadimplência, que atingiu 4,93% ao fim de setembro, ante 3,33% um ano antes e 4,21% no segundo trimestre. Segundo o balanço divulgado na noite de ontem, os atrasos acima de 90 dias cresceram em todas as linhas de financiamento.
Na carteira de pessoas físicas, a inadimplência subiu para 6,01%, frente a 5,03% em 2024. Entre empresas, o índice chegou a 4,06%, também acima dos 3,58% registrados um ano antes. Já no agronegócio, segmento que tem sido o principal foco de preocupação, o índice disparou para 5,34%, quase três vezes superior ao observado há um ano (1,97%) e acima dos 3,49% de junho.
Diante desse cenário, o BB precisou reforçar significativamente suas provisões. No terceiro trimestre, as despesas com perdas esperadas em créditos duvidosos totalizaram R$ 17,92 bilhões, um salto de 77% na comparação anual. Desse montante, R$ 8,8 bilhões foram destinados à cobertura de potenciais perdas na carteira do agronegócio, especialmente em operações relacionadas à soja nas regiões Centro-Oeste e Sul do país.
O vice-presidente de Gestão Financeira e Relações com Investidores do BB, Geovanne Tobias, afirmou que o banco reconhece um cenário desafiador para 2025.
“Reconhecemos que, diante das dificuldades, entregaremos um lucro médio menor que o do ano passado, mas ainda com uma rentabilidade sólida”, disse o executivo em vídeo divulgado com o balanço.
Ele acrescentou que, ao longo deste ano, o banco deve constituir R$ 61 bilhões em provisões, mas ainda assim projeta lucro próximo de R$ 20 bilhões.
A combinação entre calotes crescentes e provisões mais robustas atingiu em cheio a rentabilidade da instituição. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) caiu para 8,4%, bem abaixo dos 21,1% registrados um ano antes e permanecendo no menor nível desde 2016. “Estamos atravessando um momento de ajustes para preparar o banco para retomar seu patamar de rentabilidade”, justificou Tobias.
Apesar do enfraquecimento nos lucros, a carteira de crédito do banco ainda apresentou crescimento anual. A carteira de crédito expandida totalizou R$ 1,27 trilhão, alta de 7,5% em um ano, embora com recuo de 1,2% em relação ao segundo trimestre. O avanço foi puxado principalmente pelos financiamentos a empresas, que cresceram 10,4%, para R$ 410,19 bilhões, e pela carteira de pessoas físicas, que subiu 7,9%, para R$ 324,89 bilhões.
As operações com cartões de crédito também tiveram desempenho positivo, com expansão de 16,6% em 12 meses e de 5,1% ante o trimestre anterior. No lado operacional, a margem financeira bruta atingiu R$ 26,36 bilhões, avanço de 1,9% na comparação anual e de 5,1% no trimestre. A margem com clientes cresceu 18,6%, chegando a R$ 24,62 bilhões, enquanto a margem com o mercado despencou 66%, para R$ 1,73 bilhão, evidenciando a pressão sobre o resultado financeiro.