Devo comprar ou vender minhas ações do Banco do Brasil (BBAS3)? (Foto: Adobe Stock)
Comprar ou vender ações do Banco do Brasil (BBAS3)? Essa é a pergunta que muitos investidores estão fazendo nesta quinta-feira (13) após mais um balanço ruim para a instituição. Segundo o analista CNPI da Nord Investimentos Victor Bueno, o resultado do terceiro trimestre de 2025 (3T25) veio fraco – “para surpresa de zero pessoas” – e manteve o banco em uma tendência negativa que já dura todo o ano.
“Seguindo a dinâmica dos trimestres anteriores, o BB apresentou mais uma forte queda no lucro líquido e foi obrigado a revisar, novamente, seu guidance para 2025”, explica o analista da Nord Investimentos, a respeito das novas projeções divulgadas pela estatal na noite de ontem.
O banco reportou ganho de R$ 3,8 bilhões no 3T25, uma queda de 60% em relação ao mesmo período do ano passado, e um Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) de 8,4%, bem abaixo dos 21,1% registrados em 2024.
Apesar disso, há pontos de resiliência. A carteira de crédito expandida atingiu R$ 1,28 trilhão, alta de 7,5% em um ano, com crescimento tanto nas linhas de pessoa física quanto jurídica. Mas, como destaca o analista, o desempenho positivo foi ofuscado pelo impacto do agronegócio, que continua sendo o principal foco de preocupação.
“O lucro segue pressionado pelo agro”, comenta. “A inadimplência acima de 90 dias saltou para 5,34%, reflexo do endividamento dos produtores e da queda dos preços das commodities agrícolas.”
Esse aumento da inadimplência fez o custo de crédito do banco disparar 78% no trimestre. Além disso, houve alta nas despesas administrativas e redução nas receitas de prestação de serviços, o que ajudou a comprimir ainda mais os resultados.
Com esse cenário, o BB revisou seu guidance: o lucro projetado para 2025 caiu de R$ 21-25 bilhões para R$ 18-21 bilhões, enquanto o custo de crédito subiu de R$ 53-56 bilhões para R$ 59-62 bilhões. É a segunda revisão negativa do ano. Em abril, o banco já havia cortado pela metade sua projeção inicial de lucro, que era de até R$ 41 bilhões.
Mesmo assim, o CFO da Nord Investimentos, Giovanne Tobias, pondera que há fatores que podem aliviar a pressão sobre os resultados a partir do balanço do 4T25. Segundo ele, “o cenário permanece desafiador”, mas espera um “maior controle dos pedidos de recuperação judicial e ganhos com a Medida Provisória 1.314, que permitirá aos produtores renegociar seus pagamentos”.
Ainda é cedo para falar em reversão de tendência, mas se o cenário rural começar a se estabilizar, o Banco do Brasil pode até mostrar uma leve recuperação no último trimestre do ano, embora o lucro ainda deva ficar abaixo do observado no início de 2025, avalia o analista da Nord.
A questão é: com as ações em queda de 25% no ano e um múltiplo P/L de 7,2x (acima da média histórica de 5x), BBAS3 é uma oportunidade de compra?
Para o analista da Nord, a resposta é não, pelo menos por enquanto. Mesmo que pareça barata, a ação ainda não está em um ponto que justifique entrada. O banco negocia com múltiplos acima da média e deve continuar com dividendos pressionados.
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De fato, considerando o novo payout(parcela do lucro distribuída a acionistas) de 30%, odividend yield (rendimento de dividendos) estimado é de apenas 4%, abaixo da média histórica da Bolsa (6%) e muito inferior à média da carteira Nord Dividendos, que gira em torno de 9%.
“Vemos indicadores pouco atrativos no presente e um futuro ainda incerto”, afirma Bueno. “É melhor esperar sinais mais claros de recuperação antes de montar posição.”
Enquanto isso, a Nord mantém posição apenas em Itaú (ITUB3; ITUB4), que, além de oferecer rendimentos mais elevados (cerca de 8%), “possui uma visibilidade mais clara e previsibilidade maior de resultados para os próximos anos”.
Em outras palavras: não há pressa. O momento, conforme a Nord, ainda é de cautela e o investidor na dúvida entre comprar ou vender ações do Banco do Brasil (BBAS3) deve aguardar antes de tomar uma decisão.