O Nubank(ROXO34) reportou um resultado sólido e acima do esperado pelo mercado, disseram analistas da Ativa Investimentos, Citi, Goldman Sachs e XP Investimentos em relatórios consultados pelo E-Investidor nesta sexta-feira (14). Ontem, o banco mostrou o maior lucro de sua história, que chegou a US$ 783 milhões no terceiro trimestre, alta de 39% na comparação com o mesmo período do ano passado, descontados os efeitos do câmbio.
Para os analistas do Goldman Sachs, as receitas e a maioria das linhas de crédito do Nubank superaram as expectativas, com o lucro ficando 5% acima do que o banco esperava. A rentabilidade do Nubank, medida pelo Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE, na sigla em inglês), foi de 31%. O número é bem maior que o ROE do Banco do Brasil (8,4%), Bradesco (14,7%), Santander (17,5%) e Itaú (23,3%).
“Consideramos os resultados fortes no geral, impulsionados pelo bom crescimento da carteira de empréstimos, tanto garantidos quanto não garantidos, e por tendências sólidas na qualidade dos ativos”, dizem Tito Labarta, Tiago Binsfeld e Juliana Ohara, que assinam o relatório do Goldman Sachs.
As Provisões para Devedores Duvidosos (PDD), dinheiro utilizado pelo banco para cobrir os calotes dos clientes, ficaram em US$ 977,4 milhões, alta de 26,26% na comparação com o mesmo período do ano passado. A inadimplência acima de 90 dias passou de 6,6% no trimestre anterior para 6,8%.
Conforme a Ativa Investimentos, mesmo com a alta anual, as provisões ficaram 9% abaixo do esperado, reforçando a tese positiva para a empresa. Segundo a corretora, o Nubank entregou mais um trimestre impecável, significativamente acima do esperado pela corretora, e claramente superior ao 2T25, reforçando a tendência de melhora recorrente nos fundamentos.
“O resultado foi alcançado com a forte expansão dos ativos geradores de juros, queda de provisões e avanço sequencial de margem financeira ajustada ao risco, um combo que segue gerando rentabilidade e validando os modelos de crédito da instituição”, reforça Ilan Arbetman, que assina o relatório da Ativa.
A receita financeira líquida de juros (NII, na sigla em inglês) aumentou 32%, atingindo um novo recorde de US$ 2,3 bilhões. Ainda que histórico, o número ficou 2% abaixo do esperado pela XP Investimentos, devido a uma combinação de menores rendimentos e custos de financiamento mais altos.
“Essa dinâmica é explicada principalmente pelo crescimento nas linhas de crédito colateralizadas, enquanto o banco se tornou mais agressivo em alguns produtos no Brasil, como as ‘caixinhas’, buscando aumentar a ‘principalidade’ em perfis de clientes selecionados. Apesar disso, a qualidade do crédito permaneceu saudável, com o custo do crédito 10% melhor do que o esperado, levando a uma melhora significativa na margem financeira ajustada”, dizem Bernardo Guttmann e Matheus Guimarães, que assinam o relatório da XP.
Uso de inteligência artificial contribuiu para o resultado do Nubank
O Nubank afirmou que a inteligência artificial tem desempenhado papel relevante na melhora dos resultados. Durante a teleconferência dos resultados, o diretor financeiro (CFO) do Nubank, Guilherme Lago, afirmou que a inteligência artificial ajuda a garantir maior precisão nos modelos de previsão de crédito.
Lago explicou que esse é um dos fatores que têm contribuído para assegurar os níveis sólidos de qualidade de crédito. “A qualidade dos ativos tem sido um ponto positivo nos últimos dois trimestres”, disse.
O CEO do banco digital, David Vélez, afirmou que os modelos iniciais de IA permitiram um aprimoramento das políticas de limites de cartões de crédito no Brasil. O executivo diz que o processo abriu caminho para “ampliar significativamente os limites para clientes elegíveis, mantendo o mesmo apetite de risco”. Velez acrescentou que o objetivo é expandir essa inovação para além do Brasil.
“Acreditamos que incorporar a IA ao nosso negócio fornece uma oportunidade única de nos diferenciar mais dos bancos tradicionais”, ressaltou o CEO do Nubank.
Para os analistas do Citi, esse foi um dos fatores para a redução de custos da companhia, que também vem pela estratégia de reduzir a remuneração dos depósitos. Os especialistas reforçam que a operação segue sustentada por forte marca de produto e tração comercial. No Brasil, a instituição continua a aumentar a alavancagem sobre a base de clientes, enquanto, no México, a Receita Média Mensal por Cliente Ativo cresce rapidamente.
O que fazer com as ações do Nubank após o balanço do 3T25?
A recomendação entre os analistas é unânime, o investidor deve comprar as ações do Nubank. O Goldman Sachs recomenda compra para a ação do Nubank negociada em Nova York com preço-alvo de US$ 20,00 para os próximos 12 meses, alta de 28,3% na comparação com o fechamento de quinta-feira (13), quando a ação encerrou o pregão a US$ 15,59. Os analistas explicam que o papel está descontado em relação ao Preço sobre Lucro (P/L) que a companhia pode entregar.
“Assumimos um crescimento de lucros de médio prazo de 32%, levando a um índice P/L alvo de 19 vezes. As ações estão sendo negociadas atualmente a 16,6 vezes o P/L estimado para 2026, em comparação com pares globais de fintech em 28,0 vezes”, concluem Tito Labarta, Tiago Binsfeld e Juliana Ohara.
O Citi mantém recomendação de compra para as ações, apoiada no desempenho sólido no mercado brasileiro, no crescimento acelerado no México e na expectativa de o braço mexicano atingir o ponto de equilíbrio em 2026. O preço-alvo é de US$ 18, implicando potencial de valorização de 19,4% ante o último fechamento.
Já a Ativa Investimentos indica compra para o Brazilian Depositary Receipt (BDR) do Nubank (ROXO34). O preço-alvo é de R$ 17,00 para os próximos 12 meses, alta de 19,7% na comparação com o último fechamento, quando o BDR encerrou o pregão a R$ 14,20. “Em síntese, trata-se de mais um trimestre robusto, que sustenta nossa visão construtiva e reforça a recomendação de compra”, explica Arbetman.
Em suma, o Nubank(ROXO34) teve um resultado que surpreendeu o mercado com lucro recorde, provisões abaixo do esperado e a maior rentabilidade entre os maiores bancos do Brasil. O investimento massivo em tecnologia e o modelo de negócios de baixo custo reforçam o otimismo do mercado em relação à empresa mais valiosa do Brasil, que segue sendo recomendada pelos principais analistas do mercado.