Bitcoin é a maior criptomoeda em valor de mercado (Foto: Adobe Stock)
O bitcoin está sendo negociado no seu menor nível desde abril de 2024 devido às incertezas em torno dos juros nos Estados Unidos e ao temor sobre uma bolha de ações ligadas à Inteligência Artificial (IA). Às 9h (de Brasília) desta sexta-feira (21), o BTC é negociado a US$ 82,2 mil após afundar 10,34% nas últimas 24h. A depreciação equivale a uma perda de US$ 179 bilhões em valor de mercado para o ativo digital, segundo dados da CoinMarketCap.
Outras criptos também operam no vermelho. O ether (ETH), segunda maior criptomoeda em valor de mercado, afunda 10,47% nas últimas 24h, sendo negociado a US$ 2,7 mil. Já o XRP, criptomoeda da empresa de pagamentos Ripple, e a Solana recuam 11,14% e 11,58%, respectivamente, no mesmo período. Com o estresse generalizado, o mercado de criptomoedas já perdeu cerca de US$ 300 bilhões em apenas 24h e quase US$ 1,5 trilhão desde a sua máxima no dia 6 de outubro, quando era avaliado em US$ 4,2 trilhões.
Os indicadores do mercado de trabalho nos EUA são os grandes responsáveis por essa aversão ao risco. Na quinta-feira (20), o Departamento do Trabalho nos Estados Unidos informou que a maior economia criou 119 mil empregos em setembro, em termos líquidos. Os números que superaram as estimativas mais otimistas de Wall Street aumentaram as incertezas sobre a decisão de juros do Federal Reserve (Fed, banco central americano) para as próximas reuniões. O departamento ainda informou que os dados de emprego de outubro e novembro serão publicados em 16 de dezembro.
“Isso significa que o Fed tomará sua próxima decisão de juros sem ter acesso aos dados atualizados — um período de “blackout” econômico. Essa incerteza assimetria de informação aumenta a volatilidade e reforça a expectativa de manutenção de juros”, avalia William Castro Alves, estrategista chefe da Avenue.
Os resultados financeiros da Nvidiatambém não ajudaram a minimizar o pessimismo dos investidores. Na quarta-feira (19), a big tech reportou um lucro líquido de US$ 31,91 bilhões no terceiro trimestre fiscal de 2026, o que correspondeu a um aumento de 65% no comparativo com igual período do ano anterior. Ainda assim, o desempenho da companhia não foi o suficiente para dissipar as preocupações com uma possível bolha no setor de inteligência artificial.
A combinação desses eventos resultou na queda das bolsas americanas. Na sessão de quinta-feira (20), o índice Nasdaq caiu 2,15%. O S&P 500 e Dow Jones também sofreram uma depreciação de 1,56% e de 0,84%, respectivamente. E essa queda no mercado acionário tem contaminhado o apetite a risco dos investidores por ativos digitais. Os ETFs de bitcoin à vista, por exemplo, registraram no mesmo dia uma saída líquida de US$ 903,11 milhões, segundo dados da Sosovalue, plataforma de criptomoedas. Em novembro, a perda de capital nesses produtos chega US$ 3,79 bilhões.
“O mercado inteiro está começando a chamar isso do início do bear market, mas nada cai para sempre. Então, podemos ver o BTC voltando para o patamar dos US$ 100 mil e isso não invalidaria a possibilidade de termos entrados no bear market. O momento é de cautela”, diz André Franco, analista de investimentos cripto e CEO da Boost Research.