Bear Market é jargão financeiro que caracteriza o mercado em tendência de queda prolongada. (Foto: Adobe Stock)
As últimas semanas têm sido desafiadores para o bitcoin. Em novembro, a principal criptomoeda do mercado registrou a maior queda mensal desde junho de 2022 ao acumular uma desvalorização de 17% no acumulado do mês, segundo dados da Elos Ayta Consultoria. O movimento refletiu a crescente imprevisibilidade em torno da política monetária nos Estados Unidos, que tem deixado o mercado sensível a qualquer leitura sobre o ambiente econômico, como detalhamos nesta reportagem.
A sequência de perdas, no entanto, levou o BTC a uma zona de preço que exige atenção dos investidores. Segundo o Itaú BBA, caso o movimento de depreciação se acentue, o ativo pode vivenciar um novo “inverno cripto” ou “bear market”, como são definidos os ciclos de baixas no médio prazo. “Será interessante que os criptoativos continuem, então, acima destas barreiras no mês de dezembro. Caso contrário, poderão estender as quedas por mais meses e apresentar recuos mais intensos em relação aos topos históricos recentes”, informou o banco em relatório.
Nos últimos bear markets, que ocorreram entre os anos de 2017-2018 e 2021-2022, o bitcoin caiu quase 80% em relação às máximas históricas recentes. Hoje, a desvalorização ainda permanece em torno dos 30% em comparação ao recorde dos R$ 673,15 mil. Para sair dessa tendência de baixa, o criptoativo “precisará superar a resistência dos R$ 512.625”, segundo o Itaú BBA.
A recuperação do bitcoin, contudo, ainda permanece para o mercado.Como mostramos aqui, o Deutsche Bank listou cinco motivos que impedem uma recuperação efetiva do BTC no curto prazo. Para o banco alemão, além da dependência da trajetória dos juros norte-americanos, pesa também a indefinição regulatória. O projeto de lei CLARITY Atc, que propõe criar uma estrutura regulatória para as criptomoedas nos Estados Unidos, permanece estagnada no Congresso americano e esse atraso pode estar impedindo a adoção de criptomoedas.
“Ao contrário de quedas anteriores, impulsionadas principalmente pela especulação de investidores individuais, a retração deste ano ocorreu em meio a uma participação institucional substancial, mudanças nas políticas públicas e tendências macroeconômicas globais”, disseram os analistas do Deutsche Bank ao Decrypt, site especializado em criptomoedas.
Na segunda-feira (1), o ativo digitalsofreu um tombo acima de 7% em meio à repercussão do mercado com a decisão do Banco do Povo da China (PBOC, na sigla em inglês) em ampliar o combate à negociação das criptomoedas, destacando que elas não possuem “status legal” e que não podem ser utilizadas “como moeda na circulação de mercado”. Por volta das 17h (em Brasília) de ontem, o bitcoin registrava perdas de 7,37%. Conforme o Wall Street Journal, esta é a maior queda porcentual do bitcoin desde março deste ano.
Já nesta terça-feira (2), o BTC voltou a recuperar parte das perdas acumuladas no dia anterior. Às 14h19 (de Brasília), a criptomoeda acumulava uma alta de 7% e sendo negociado a US$ 91 mil. Na cotação em real, o bitcoin era negociado a R$ 488 mil.
Outras criptos em baixa
A situação não se limita apenas ao bitcoin. Outras criptomoedas também estão sendo impactadas pelo o clima de aversão ao risco entre os investidores. O ethereum, segunda maior criptomoeda em valor de mercado, recuou cerca de 27% em novembro e se aproximou do surporte de R$ 13.015. Caso esse nível seja perdido, poderá dar início a uma tendência de baixa de médio prazo, com surportes de preços em R$ 9.900 e R$ 8.385. “Em caso de recuperação, o criptoativo precisará superar a resistência em 16.675 para sair da tendência de baixa”, ressalta.
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Já a XRP, criptomoeda da rede de pagamentos Ripple, e Solana precisam superar as cotações de R$ 12,25 e R$ 772,45, respectivamente, para reverter a tendência de baixa.