O evento ocorreu em um momento positivo para as ações da Vale. No ano, os papéis sobem 33,42%, tendo encerrado a segunda-feira (1º) no maior nível desde março de 2023. A companhia também divulgou na última semana a distribuição de R$ 3,58 por ação em dividendos e juros sobre capital próprio (JCP).
Durante o Vale Day, a empresa explicou detalhes das suas projeções. A mineradora espera entregar no próximo ano entre 335 milhões a 345 milhões de toneladas de minério de ferro. No fim de 2024, a expectativa para 2026 era de 340 milhões a 360 milhões de toneladas.
Já em 2030, a estimativa foi mantida em torno de 360 milhões de toneladas. Em 2025, a companhia deve fechar o ano com produção de 335 milhões de toneladas da principal matéria-prima do aço.
Os anúncios da empresa agradaram o Itaú BBA. “Espera-se um desempenho operacional sólido, sustentado por melhorias contínuas na produção tanto de minério de ferro quanto de metais básicos, e custos relativamente estáveis, com uma melhor performance operacional compensando a inflação em 2026”, avalia o banco.
O BBA tem recomendação outperform (equivalente à compra) e preço-alvo de R$ 75 para VALE3. Olhando à frente, vê um cenário positivo para a mineradora, impulsionado por crescimento consistente, forte remuneração ao acionista e maior eficiência.
A seguir, confira os principais destaques do Vale Day que devem ficar no radar de investidores:
Redução nas projeções de investimentos
A Vale informou que deve investir entre US$ 5,4 bilhões e US$ 5,7 bilhões em 2026, abaixo dos US$ 6,5 bilhões anteriormente previstos. Para 2027, a estimativa é de cerca de US$ 6 bilhões em investimentos.
Os recursos devem ser aplicados em medidas para crescimento e manutenção. Em 2026, a divisão prevista é de US$ 1,1 bilhão para crescimento e US$ 4,5 bilhões em manutenção. Já em 2027, serão aplicados US$ 1,4 bilhão para crescimento e US$ 4,5 bilhões para manutenção.
O Itaú BBA acredita que a orientação mais baixa de investimentos, embora já parcialmente esperada, pode gerar uma reação positiva do mercado. “A projeção atualizada enfatiza o foco da nova administração na alocação de capital”, afirma.
Estimativas para custos em minério, cobre e níquel
A Vale projeta que o custo C1 (da mina ao porto, sem frete) do minério de ferro deve ficar em US$ 21,3 por tonelada em 2025 e entre US$ 20 e US$ 21,5 por tonelada em 2026. Segundo o Itaú BBA, o ponto médio da faixa estimada para o próximo ano indica uma leve melhora em relação ao custo esperado para 2025.
Já o custo all-in, que inclui royalties e frete, está estimado em cerca de US$ 55 a tonelada até o final deste mês e de US$ 52 a US$ 56 por tonelada em 2026.
No cobre, o custo all-in estimado pela Vale é de cerca de US$ 1 mil a tonelada este ano e de US$ 1 mil a US$ 1,5 mil a tonelada em 2026. Já em níquel, a mineradora espera que o indicador chegue a US$ 13 mil por tonelada este ano e entre US$ 12 mil e US$ 13,5 mil por tonelada em 2026.
João Daronco, analista da Suno Research, avalia positivamente as projeções de custos da companhia, especialmente diante da perspectiva de queda nos próximos anos. “Isso já era esperado pelo mercado, mas não deixa de ser uma sinalização positiva”, afirma.
Sinalizações sobre dividendos
Durante o Vale Day, o diretor financeiro (CFO) da companhia, Marcelo Bacci, destacou que a Vale toma decisões sobre dividendos com base semestral, mais do que trimestral. Ele também sinalizou que a empresa continuará pagando dividendos extraordinários quando o balanço permitir.
Bruno Perri, economista-chefe, estrategista de investimentos e sócio-fundador da Forum Investimentos, avalia que a mineradora sinalizou um planejamento menos agressivo em produção para os próximos anos, junto a uma menor projeção de investimentos.
“Isso trouxe a percepção de que o fluxo de caixa da companhia e, principalmente, a distribuição de dividendos pode ser mais robusta nos próximos trimestres, conferindo resiliência à companhia em um cenário mais incerto para as cotações do minério”, afirma Perri.
A Vale estima um retorno do fluxo de caixa livre para o acionista (free cash flow yield) variando de 6% até 14% em 2026. Para 2030, a previsão é de um retorno de fluxo de caixa livre, em termos reais, variando de 8% até 21%.
Ainda durante o Vale Day, a companhia comentou sobre a decisão de priorizar, no curto prazo, o pagamento de dividendos, em vez da recompras de ações, diante da mudança na tributação.
“No médio e longo prazo, a empresa deve voltar a equilibrar dividendos e programas de recompra”, avalia Daronco, da Suno Research.
Novidades sobre projetos
No evento, a companhia também trouxe atualizações sobre seus principais projetos. Segundo o vice-presidente executivo de Operações da Vale, Carlos Medeiros, a aceleração da produção (ramp-up) na Mina de Capanema deve ser concluído no segundo trimestre de 2026. A produção prevista para 2026 é de 13 milhões de toneladas (Mt), acima das 8 Mt esperadas para 2025.
Em Vargem Grande, o ramp-up deve ser finalizado no segundo semestre de 2026, adicionando 11 milhões de toneladas em 2026 e 15 milhões de tonelada por ano (Mtpa) de minério quando estiver totalmente operacional.
O projeto Serra Sul +20 deve iniciar operações (start-up) no segundo semestre de 2026, acrescentando 20 milhões de tonelada por ano. O projeto Compact Crusher também tem start-up previsto para o segundo semestre de 2026, com capacidade para processar 50 milhões de tonelada por ano.
Produção de cobre e níquel como prioridade
O presidente da Vale, Gustavo Pimenta, disse que a produção de níquel é uma das prioridades da companhia, em meio a uma condição de mercado que definiu como “muito desafiadora”.
“A equipe tem feito trabalho excepcional para reduzir custos. Uma das prioridades é reduzir os custos e atingir o ponto de equilíbrio no negócio de níquel”, declarou.
Já Bacci, CEO da empresa, ressaltou durante o Vale Day que o cobre é outro metal que deve aparecer de forma crescente nos projetos de expansão dos próximos anos.
*Com informações do Broadcast