Brasil encerra 2025 com 80,6 milhões de inadimplentes. Dívidas afetam sonhos, autoestima e planos de vida, segundo dados da Serasa. (Imagem: Adobe Stock)
O final de ano é, por tradição, um período que sugere recomeços. Para uma parcela crescente dos brasileiros, porém, essa passagem acontece sob o peso de uma conta que insiste em não fechar. Em novembro de 2025, o número de inadimplentes voltou a crescer e alcançou 80,6 milhões, mantendo o País no maior nível histórico de pessoas com dívidas em atraso pelo 11º mês consecutivo, segundo a Serasa.
Na prática, isso significa que cerca de 37% da população adulta vai ao encontro do final do ano sem conseguir honrar compromissos financeiros dentro do prazo. O dado ajuda a dimensionar o alcance do problema em um momento em que o orçamento segue pressionado e o crédito permanece caro.
Embora o retrato geral continue preocupante, há uma mudança relevante na dinâmica. A alta mensal foi de 0,22%, a menor de 2025, o que indica perda de intensidade no avanço da inadimplência. Não se trata de reversão, mas de um ritmo menos acelerado, ainda partindo, é claro, de um patamar elevado.
Esse movimento acrescentou 173 mil novos inadimplentes em um único mês e ajudou a inflar um estoque já expressivo. Hoje, o Brasil soma 321 milhões de dívidas negativadas, que correspondem a aproximadamente R$ 511 bilhões. Mais do que o volume, chama atenção a persistência. Mesmo com sinais pontuais de melhora da atividade, juros elevados por mais tempo continuam corroendo a renda disponível e reduzindo a margem das famílias para lidar com imprevistos.
Uma pesquisa da Serasa em parceria com o instituto Opinion Box mostra que 96% dos consumidores afirmam que a inadimplência impede a realização de sonhos e metas pessoais. O efeito não é apenas financeiro. Nove em cada dez relatam impacto direto na autoestima e na confiança, com sentimentos como vergonha, frustração e tristeza aparecendo de forma recorrente.
Essa pressão se reflete em escolhas concretas. Segundo o levantamento, 31% deixaram de melhorar o padrão de vida, 27% não conseguiram comprar ou trocar de veículo e 23% adiaram planos de comprar, alugar ou trocar de imóvel. O endividamento age como um limitador silencioso, que empurra projetos para um futuro indefinido.
“A inadimplência não impacta apenas o orçamento, mas também o bem-estar emocional e a capacidade de planejar o futuro”, afirma Aline Maciel, diretora da Serasa. “Quando a renda fica comprometida com dívidas, os sonhos são colocados em pausa e decisões importantes acabam sendo adiadas.”
Regularização como perspectiva de futuro possível
Apesar do cenário adverso, a regularização do nome aparece como um ponto de inflexão para parte dos consumidores. Entre aqueles que renegociaram dívidas, 82% dizem se sentir mais otimistas em relação ao futuro financeiro, segundo a pesquisa. Para 24%, o principal objetivo após limpar o nome é voltar a ter acesso ao crédito. Já entre quem conseguiu regularizar a situação, 20% afirmam que a primeira providência foi retomar serviços financeiros básicos, como conta corrente e cartão de crédito.
“Limpar o nome é um passo essencial para reconstruir a vida financeira, mas precisa vir acompanhado de planejamento”, diz Maciel. “A renegociação permite reorganizar o orçamento, entender limites e criar uma relação mais saudável com o crédito.”
Nesse cenário, o Feirão Serasa Limpa Nome entrou nos últimos dias como uma das principais portas de negociação. Até 19 de dezembro, consumidores podem acessar mais de 698 milhões de ofertas, com descontos que chegam a 99%, disponíveis nos canais digitais da Serasa, pelo WhatsApp e também em agências dos Correios em todo o País.
Mais do que um evento pontual, a renegociação funciona como um ponto de partida. Ela, sozinha, não resolve a fragilidade financeira acumulada ao longo do tempo, mas pode abrir espaço para a reorganização do orçamento e a retomada gradual do planejamento.