Dividendos: BBA identifica 20 empresas com potencial de retorno acima de 5%
Relatório aponta que ao menos 20 empresas ainda podem anunciar dividendos com rendimento acima de 5%, com destaque para os setores financeiro e imobiliário
Balanços robustos e foco em remuneração ao acionista sustentam o forte ciclo de dividendos no mercado brasileiro, segundo análise do Itaú BBA. (Foto: Adobe Stock)
Com R$ 124 bilhões em dividendos já anunciados desde outubro e pagamento se estendendo até 2026, o Itaú BBA avalia que o ciclo de remuneração ao acionista no Brasil está longe do fim. Segundo o banco, ao menos 20 empresas ainda têm capacidade de anunciar dividendos com rendimento acima de 5%, puxadas sobretudos pelos setores financeiro e imobiliário, em um movimento que reforça o apelo da Bolsa como fonte de renda recorrente.
O BBA explica que o fluxo de dividendos funciona como um vetor positivo de curto prazo para os mercados, ao mesmo tempo em que, no horizonte mais longo, estratégias focadas em renda recorrente têm superado os índices de referência no Brasil.
Desde outubro (início do quatro trimestre de 2025), as companhias brasileiras já anunciaram R$ 124,1 bilhões em dividendos. Desse total, R$ 52,9 bilhões devem ser pago até o fim de 2025, enquanto outros R$ 57,8 bilhões estão programados para 2026. O volume representa uma aceleração relevante frente a períodos anteriores: no 3T25, os anúncios somaram R$ 55 bilhões, enquanto no 4T24 chegaram a R$ 92,2 bilhões.
Na análise por empresas, o relatório mostra que os maiores valores absolutos anunciados desde o 4T25 vieram de gigante da Bolsa. “As empresas da nossa cobertura com os maiores dividendos em valor monetário anunciados desde 4T25 são: Vale (VALE3, R$ 15,3 bilhões), Petrobras (PETR4, R$ 12,2 bilhões) e Ambev (ABEV3, R$ 11,5 bilhões)”, afirma o BBA. A Vale lidera com folga, seguida por Petrobras e Ambev, reforçando o peso de commodities e consumo defensivo no fluxo total de dividendos.
Qual setor mais rendeu dividendos?
Quando o recorte é feito por setores, o protagonismo fica ainda mais claro. O setor Financeiro lidera em volume monetário, com R$ 36,4 bilhões anunciados, seguido por Materiais (R$ 18,4 bilhões) e Bens de Consumo Essenciais (R$ 13 bilhões).
Já sob a ótica de rendimento, alguns segmentos se destacam mesmo sem liderar em valor absoluto. O setor de Saúde aparece com o maior dividend yield médio anunciado (7,1%), enquanto Financeiro e Materiais empatam em 4,5%, mostrando que há diferenças relevantes entre volume pago e retorno percentual ao acionista. Entre as empresas com maior yield individual, figuram nomes como Direcional (DIRR3, 9,2%), Syne (SYNE3, 8,6%) e Cyrela (CYRE3, 8,6), com destaque par ao setor imobiliário.
É justamente nesse ponto que entra a leitura prospectiva do Itaú BBA. Os analistas avaliam que, considerando reservas de caixa, lucros retidos e estratégias de alocação de capital o potencial de novos anúncios é significativo e pode atingir um volume financeiro semelhante ao já divulgado.
“Vemos um total de 20 empresas que podem anunciar dividendos com dividend yield acima de 5%, com estaque para os setores financeiro e imobiliário”, aponta o banco.
Na prática, a combinação de resultados operacionais resilientes, balanços ainda robustos e maior disciplina na alocação de capital sustenta a expectativa de que o ciclo de dividendos no Brasil ainda não se esgotou. Para o investidor, além dos grandes nomes que já anunciaram pagamentos relevantes, há um conjunto amplo de empresas com potencial de surpreender positivamente em retorno ao acionista nos próximos trimestres.