O metal subiu mais de 100% no ano e conseguiu se sair melhor que o ouro, que registrou alta de quase 50% em real. “A briga entre China e Estados Unidos fez com que o ouro, como reserva de valor, se valorizasse bastante”, afirma Eduardo Nishio, head de Research da Genial Investimentos. “A prata, que ficou para trás por muito tempo, acabou vindo com atraso, acompanhando o movimento das commodities metálicas”, justifica.
Apesar dos metais preciosos terem sido o ponto fora da curva, quem manteve uma carteira de investimentos bem distribuída conseguiu surfar a onda positiva de 2025. “Esse ano tudo subiu”, complementa o especialista da Genial.
Ibovespa se beneficia do fluxo global
Para os mercados emergentes, a administração intervencionista de Trump foi positiva. Com a realocação de recursos que estavam concentrados nos Estados Unidos, esse movimento por novos mercados desvalorizou o dólar e beneficiou Bolsas, como a brasileira.
Com um desempenho superior a 30% no ano, o Ibovespa figurou entre os melhores investimentos de 2025. “A Bolsa estava barata e faltava um gatilho. O gatilho foi a redistribuição do capital global”, observa Nishio.
Os emergentes subiram, mas índices americanos não acompanharam. O S&P 500, por exemplo, teve alta na casa dos 15%, inferior ao Ibovespa em 2025 e até mesmo à renda fixa brasileira.
O desempenho fica ainda pior quando o índice é convertido para reais, com ganhos próximos a 6% (no IVVB11), em razão da valorização da moeda brasileira em 2025, que registra uma valorização de cerca de 15% no ano.
Bolsa americana fica para trás e dólar pesou
O IVVB11 é um ETF negociado na B3 que replica o desempenho do S&P 500 em reais. Além da variação do índice americano, o fundo incorpora o efeito da oscilação do dólar frente ao real, funcionando como uma proxy do mercado acionário dos Estados Unidos para o investidor brasileiro.
Por outro lado, o bom desempenho nos EUA ficou concentrado nas big techs, com destaque para o Google (GOGL34), com valorização de cerca de 60% em dólar, ou 45% em reais.
“No último trimestre do ano, vimos um movimento de realização de lucros nas principais companhias, as chamadas Magnificent Seven, por conta de uma possível bolha de AI”, observa Renato Balassiano, assessor de investimentos da gestora de patrimônio Aware Investments.
Mais do que concentrar os ganhos, o desempenho das big techs acabou distorcendo a leitura dos mercados em 2025. Segundo Caio Tonet, diretor institucional da W1 Inc, a Bolsa nos Estados Unidos continuou sendo impulsionada quase exclusivamente por empresas ligadas à inteligência artificial, em especial nomes como a Nvidia (18% em real).
Essas operações passaram a responder por uma fatia desproporcional da alta dos índices. “Foi um ano de frenesi em torno de tech, com múltiplos muito elevados e ainda difíceis de precificar”, afirma.
Renda fixa entrega retorno elevado com baixo risco
Enquanto a Bolsa brasileira batia de longe a americana, quem manteve suas reservas em renda fixa também conseguiu bons resultados. O fluxo externo terminou sendo dominante no mercado local, favorecendo os ativos de riscos brasileiros, mesmo com Selic a 15% ao ano e juros reais (descontando a inflação) pagando mais de 10% no ano.
“Renda fixa foi um investimento interessante, ajustado ao risco, mas não foi o melhor em termos absolutos”, comenta o especialista da Genial. O fechamento da curva de juros ao longo do ano favoreceu títulos prefixados. Quem travou juros no início do ano viu seus papeis valorizarem acima de 20%.
Mesmo performando abaixo da renda variável, a renda fixa seguiu como um dos melhores investimentos de 2025, avalia Otávio Araújo, consultor sênior da Zero Markets Brasil.
Na visão dele, títulos públicos, CDBs, LCIs e LCAs se beneficiam de um arcabouço institucional considerado funcional, com Banco Central atuante e um grau razoável de estabilidade fiscal.
Neste contexto, emprestar recursos ao governo ou a instituições financeiras consolidadas seria, para ele, as melhores operações para a média das famílias, que ainda contam com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) para investimentos de até R$ 250 mil, no caso de CDBs, LCIS e LCAs.
“É muito seguro, porque o risco de calote dessas instituições e do governo brasileiro é praticamente zero. E com a taxa básica num nível tão alto, na casa dos dois dígitos, acaba sendo uma remuneração muito boa.”
Fundos imobiliários voltam ao radar após anos difíceis
Quem correu muito próximo, e até superou a renda fixa este ano, foram os Fundos Imobiliários, com um desempenho acima de 18% medidos pelo Ifix, índice que mede o desempenho médio dos fundos imobiliários negociados na B3.
O FIIs Conseguiram brilhar após anos de retornos ruins. “Fundos imobiliários também subiram bastante, estavam muito depreciados. Com a queda da curva de juros, houve valorização”, observa Nishio.
Neste segmento, os primeiros a reagir foram os fundos de papel, pois pagam dividendos mais altos e têm correção mensal pela inflação. Com o movimento de queda da Selic esperado para 2026, Renato Balassiano acredita que agora será a vez dos fundos de tijolo. “Normalmente os FIIs de tijolos já possuem inquilinos contratados com contratos mais longos, trazendo um dividend yield maior para o cotista no médio longo prazo.”
Entre as classes que passaram a ganhar mais atenção ao longo do ano, os fundos multimercados e os ETFs começaram a despontar como alternativas de diversificação.
Segundo Caio Tonet, os multimercados voltaram a apresentar recuperação após um período mais desafiador, enquanto os ETFs estão cada vez mais se consolidando como uma forma simples e eficiente de o investidor acessar diferentes teses, sem a necessidade de escolhas táticas complexas. “É um tipo de ativo que permite diversificação de forma tranquila, mas que ainda não está plenamente no radar do investidor médio”, afirma.
Criptomoedas frustram e fecham o ano no negativo
Já no mundo dos criptoativos, o ano começou muito bem embalado pelas “boas novas” de Trump para o segmento. No final, terminaram andando de lado no ano, em dólar, e dando prejuízo em real. O bitcoin em 2025 desvalorizou mais de 20% com o efeito cambial e ficou de fora do ranking dos melhores investimentos de 2025.
É claro que quem soube escolher — e arriscar bastante — conseguiu surfar ondas gigantes. A memecoin $Trump, por exemplo, triplicou de valor este ano.
Embora o investidor que manteve uma alocação mais simples, concentrada em renda fixa e posições tradicionais em ações, tenha atravessado o ano com menos sobressaltos do que muitos investidores profissionais – expostos a estratégias mais sofisticadas e sensíveis a eventos inesperados -, o ano de 2025 não foi fácil.
Tonet relembra que empresas relevantes enfrentaram dificuldades financeiras e houve mudanças bruscas de cenário, que tornaram a tomada de decisão mais desafiadora. “Foi um ano difícil de navegar, especialmente para quem tentou extrair retorno adicional com movimentos mais táticos”, afirma.