As trends que devem ditar os investimentos em 2026, segundo a Janus Henderson
Gestora global com US$ 483,8 bilhões em ativos sob gestão vê continuidade em temas que já ditaram os rumos do mercado este ano; IA, tarifas e renda fixa são as apostas
Ali Dibadj, CEO da Janus Henderson Investors. (Foto: Divulgação/Janus Henderson)
O ano de 2025 foi marcado por alguns fio condutores principais. Alguns deles já estavam na pauta desde antes, como o início do ciclo de afrouxamento monetário nas economias desenvolvidas ou a continuidade do boom dos ativos ligados à inteligência artificial. Outros, no entanto, foram surpresas para investidores globais e não por menos também foram determinantes para o desempenho dos mercados de investimento ao longo do ano, como a política tarifária dos Estados Unidos.
Para 2026, nenhum destes temas sai completamente do radar. É o que diz a Janus Henderson, gestora global com US$ 483,8 bilhões em ativos sob gestão. O argumento é que os principais fatores macroeconômicos, estabelecidos já há algum tempo, permanecem em voga. O desafio no lado da gestão é realizar os ajustes dentro da dinâmica de cada um.
O risco geopolítico não foi embora
2025 foi um ano marcado por conflitos geopolíticos; da política tarifária do presidente americano Donald Trump, ao acirramento dos conflitos armados no Oriente Médio, até disputas por terras raras. Foi um ano de “consequências tangíveis de ciclos eleitorais que levaram novos líderes mundiais ao poder”, diz a Janus. E cujas consequências ainda serão sentidas em 2026.
A gestora acredita que as tarifas devem levar governos pelo mundo a implementar políticas econômicas para promover e proteger os interesses nacionais. O que deve invariavelmente afetar os mercados de investimento.
As tarifas foram um exemplo no início do ano, e acreditamos que 2026 verá impactos contínuos à medida que os governos implementam políticas econômicas para promover interesses nacionais. Isso tem o potencial de moldar todas as áreas dos mercados, sendo o comércio, a tecnologia e a energia exemplos óbvios. Esta paisagem de investimentos em transformação precisa ser navegada com cuidado e expertise.
“Empresas de vários setores
de chips a terras raras, de mídias sociais a defesa
O entendimento é de que essa mudança do global para o regional está remodelando as cadeias de suprimentos, assim como os fluxos de investimento. A consequência disso é a volatilidade, como aconteceu no primeiro semestre de 2025 graças às tarifas de Trump. Ao mesmo tempo, é isso que deve abrir oportunidades atrativas em 2026.
“Com os estados buscando campeões nacionais e dispostos a fornecer apoio, estamos vendo inovações empolgantes, notavelmente em tecnologia e empresas menores. Isso também está se desdobrando em nível regional, sendo a Europa um exemplo de onde mudanças políticas, gastos com defesa e tentativas de impulsionar a competitividade estão levando a novas oportunidades de investimento.”
IA seguirá no jogo
A tese de inteligência artificial (IA) vem ditando os rumos do mercado, sobretudo das Bolsas americanas, há algum tempo. Primeiro foram os recordes históricos, com uma sequência de resultados expressivos nas grandes empresas de tecnologia e uma euforia que levou esses papéis ao valuations bastante elevados. Em 2025, parte desse otimismo foi dando lugar ao ceticismo, com alguns players passando a se questionar o nível de investimento que essas empresas têm feito – e se eles vão gerar o resultado suficiente para justificar o atual patamar das ações.
A Janus Henderson não acredita em uma bolha. Pelo contrário: acredita que a IA é uma megatendência que vai alcançar todas os setores da economia, indo além das próprias empresas techs, com a projeção de que os gastos globais em softwares e infraestrutura atinjam US$ 375 bilhões em 2025 e US$ 500 bilhões até 2026.
Para o CEO da gestora, a inovação em IA está mudando como as empresas operam e entregam serviços, com os aprimoramentos de produtividade resultantes tendo o potencial de impulsionar o crescimento econômico em todos os setores. “A saúde é atualmente uma área onde estamos vendo inovação significativa como resultado da IA. Também estamos empolgados com as oportunidades que a IA apresenta para gerenciar a própria Janus Henderson”, diz.
Renda fixa e crédito privado
A renda fixa internacional ganhou maior tração nos últimos anos graças à volta dos juros altos. Agora as taxas começam a cair desde o pico – nos EUA, já foram 3 cortes em 2025, o suficiente para reduzir os juros americanos ao menor patamar desde setembro de 2022. O que não significa, no entanto, que a renda fixa vai perder a atratividade.
Para Dibadj, o custo de capital deve continuar em níveis mais elevados do que a média da última década. O acesso ao capital não vai ficar mais barato por causa da queda de juros, com credores mantendo a seletividade. Isso mantém o apelo dos retornos da renda fixa, mas dá maior importância à gestão ativa para selecionar os vencedores e os perdedores do contexto. “Em resumo, o rendimento voltou. Mas são a análise detalhada e compreensão profunda que podem descobrir indicações precoces de qual lado da divisão entre ter ou não ter uma empresa cairá – e ajudar a posicionar as carteiras adequadamente”, diz.
A gestora vê oportunidades em dívida securitizada, com duration curto ou em mercados emergentes, além de estratégias de crédito privado.