O que este conteúdo fez por você?
- Empresas de family office ocorrem de todas as formas e tamanhos
- Ainda que o Japão seja o lar de muitos bilionários, a maior parte do crescimento no setor de family offices na Ásia vem de outros lugares, como Hong Kong e Cingapura
- Banjo Yamauchi fundou a "Yamauchi No. 10 Family Office" no ano passado, para administrar bens herdados do ex-presidente da Nintendo Hiroshi Yamauchi, que morreu em 2013
(WP Bloomberg/Yoojung Lee, Ben Stupples, Takako Taniguchi) – Empresas de family office ocorrem de todas as formas e tamanhos – e normalmente não revelam o que estão tramando. E então, uma delas passa a administrar o patrimônio da família por trás da Nintendo Co.
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Uma animada música toca quando as pessoas entram em seu website, cujo tema são jogos de fliperama dos anos 1980. Gráficos retrô, pixelizados, aparecem em diferentes cores enquanto a tela rola diagonalmente. Todo tipo de personagens e objetos formados por grandes blocos de pixels passam pela tela. Os textos rolam como em games ou créditos de filmes, informando os valores que a empresa de family office defende. Usuários do Twitter qualificam a página como descolada, impressionante, o melhor site de todos os tempos.
“Eu quis criar algo ‘fora de série’”, afirmou Banjo Yamauchi – representante da família que constitui o Yamauchi No. 10 Family Office e descendente do criador da Nintendo, Fusajiro Yamauchi – na apresentação da firma de investimentos aos meios de comunicação. “Isso representa nossa natureza, de fazer algo que nunca foi feito antes.”
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Family offices, as pouco reguladas entidades que administram patrimônios particulares, proliferaram nos últimos anos. Há pelo menos 10 mil deles no mundo atualmente, gerenciando uma única fortuna, a maioria deles inaugurada neste século, de acordo com a EY. Mas ainda que o Japão seja o lar de muitos bilionários, a maior parte do crescimento no setor de family offices na Ásia vem de outros lugares, como Hong Kong e Cingapura.
Banjo Yamauchi fundou a firma de investimentos no ano passado, para administrar bens herdados do ex-presidente da Nintendo Hiroshi Yamauchi, que morreu em 2013. O falecido Hiroshi adotou o neto como filho e deixou para ele, e outros parentes, uma “enorme herança”, que ele recebeu aos 21 anos, afirmou Banjo.
“Por mais estranho que possa parecer, no papel sou irmão do meu pai biológico”, afirmou Banjo. “Desde aquela época tento entender o motivo disso.”
História da Nintendo
Hiroshi Yamauchi, o terceiro presidente da Nintendo, assumiu a fábrica de baralhos fundada em 1889 por seu bisavô Fusajiro e transformou a empresa na gigante mundial de videogames. Hiroshi dirigiu a Nintendo por mais de cinco décadas e se aposentou em 2002. A fabricante do console Switch e criadora de franquias que incluem Mario Bros. e Pokémon tem valor de mercado acima de US$ 80 bilhões.
Banjo afirma que se lembra se Hiroshi como um homem ríspido mas também gentil. Seu avô o levava à loja de brinquedos Toys “R” Us todo fim de ano para lhe comprar presentes. Banjo recordou que nunca teve coragem de pedir videogames Sony ou Sega.
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Banjo, agora com 28 anos, cresceu em Quioto, cidade que abriga a sede da Nintendo, antes de ir para a universidade em Tóquio e trabalhar na agência de publicidade Hakuhodo Inc. Ele disse que a ideia de abrir um family office lhe ocorreu enquanto pensava no que fazer com sua herança e refletia a respeito de como a maneira de trabalhar de seu avô se diferenciava.
“Eu tinha de sucedê-lo não somente em relação à sua fortuna, mas também em sua filosofia”, afirmou Banjo.
Um family office diferente
Banjo fundou seu family office em junho, para administrar os bens que ele e outros parentes herdaram. Hiroshi Yamauchi era dono de cerca de 10% das ações da Nintendo quando morreu. Banjo e seu pai herdaram aproximadamente 3% da empresa cada, enquanto duas tias receberam outros 2% cada, de acordo com registros de 2013.
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A Yamauchi No. 10 Family Office administra mais de 100 bilhões de ienes (US$ 919 milhões), segundo informou a Bloomberg em janeiro, citando fontes com conhecimento a respeito do tema. Banjo recusou-se a comentar o valor.
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Seu family office não tem objetivo de duplicar ou triplicar os bens, de acordo com Banjo. O objetivo é envolver-se em projetos que beneficiem a sociedade, proponham novas alternativas para ajudar a transformar o Japão e permitam que as pessoas desafiem seus limites, afirmou ele, recusando-se a detalhar investimentos específicos. A empresa também pretende se envolver em filantropia.
“Sentimos que falta ao Japão o espírito de encarar um desafio ou arriscar-se a criar algo”, afirmou Banjo. “É isso que queremos mudar.”
O family office contratou Yoshiya Ichimura, ex-executivo da Schroder Investment Management Ltd. (no Japão), como diretor de operações, em março, de acordo com seu perfil no LinkedIn. O codiretor de investimento Hirowaka Murakami entrou na empresa no ano passado, depois de atuar no Deutsche Bank AG e no Goldman Sachs Group Inc. O diretor de pesquisas, Masaru Sugiyama, já trabalhou como analista do Goldman Sachs.
A firma conseguiu fazer contratações de alto nível explicando seus objetivos e que era um lugar onde as pessoas poderiam assumir novos desafios, afirmou Banjo.
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Banjo afirmou que sua família ainda mantém ações da Nintendo, mas se recusou a revelar o tamanho da participação. Ele afirmou que seu family office adotará a maneira da Nintendo de fazer projetos empolgantes e surpreendentes.
Mas ele prefere não entrar em alguns detalhes. Questionado a respeito do motivo para o termo No. 10 no nome do family office, ele se recusou a explicar.
“Isso é segredo”, afirmou ele. “Queremos que vocês adivinhem o que significa.”
(Tradução de Augusto Calil)
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