- Quando entrou na bolsa, em 2018, o banco Inter teve dois picos de extrema valorização, e depois suas ações se nivelaram a níveis bastante baixos (menos de R$ 1); e de lá para cá foi uma longa e constante subida
- O que o investidor não deve esperar são dividendos muito expressivos. São baixos para qualquer setor da bolsa e ainda mais para um banco, mas eles dobraram entre 2019 e 2020
(Carlos Pegurski, especial para o E-Investidor) – A realidade bancária no Brasil mudou drasticamente desde 2016, quando o Conselho Monetário Nacional (CMN) autorizou o funcionamento dos bancos digitais. Desde então, as fintechs (startups de serviços financeiros) vêm ganhando terreno, e o Inter (BIDI3, BIDI4 e BIDI11) ocupa um lugar muito especial entre essas empresas: trata-se do único banco digital brasileiro com inserção na B3.
Leia também
Graças à popularização da internet e à transformação dos hábitos de consumo da população (se ainda havia alguma resistência ao mundo virtual, a pandemia “jogou por terra”) esses serviços têm clientes em quase todos os municípios brasileiros, sem uma única agência física.
A expansão foi veloz e ainda tem potencial. Afinal, essas fintechs se diferenciam por não cobrar tarifas de serviço de seus usuários. Assim, da conta-corrente sem cesta de serviços ao cartão de crédito sem anuidade e taxas, há um enorme segmento de mercado que as aproximam dos bancos tradicionais, com vantagens diferentes.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Mas vale mesmo a pena comprar as ações do banco Inter nesse período? O que a empresa oferece? Como é o histórico do banco e qual é o prognóstico para o futuro? São ações de adesão a curto ou longo prazo? Confira tudo isso aqui!
O que é o banco Inter?
O banco Inter vem de Minas Gerais, mas não tem nada do estereótipo pacato: em menos de 30 anos, o grupo teve uma trajetória meteórica. Foi fundado em 1994, então como Intermedium Financeira, pela família Menin — que também é proprietária da MRV Investidora. Entre 1999 e 2000, passou a atuar com crédito para empresas e consignações para pessoas físicas. Em 2008, ganhou licença para atuar como banco múltiplo.
Desde então, o Inter passou a ter a cara com a qual é conhecido hoje. Em 2012, criou a Intermedium Seguros; em 2013, a Intermedium DTVM (negocia títulos imobiliários); em 2014, as operações de contas digitais. A linha do tempo continuou em ritmo acelerado: em 2015, o banco assumiu operações de câmbio e cartões de crédito; em 2017, a marca foi alterada para banco Inter, como é conhecida hoje; em 2018, já com quase 1,5 milhão de clientes, abriu o capital na B3.
Do início de 2018 ao início de 2019 (1T2018 a 1T2019), a cartela de clientes cresceu 261%, e a carteira de crédito chegou a R$ 3,5 bilhões. Hoje, são mais de 11 milhões de clientes no Brasil, quase 3 mil funcionários e presença em 99% das cidades brasileiras. Os serviços do grupo são distribuídos nos seguintes eixos:
- Inter Bank: serviços bancários.
- Inter Shop: plataforma de marketplace.
- Inter Invest: plataforma aberta de investimentos.
- Inter Seguros: comercializa seguros.
Quais ações do Banco Inter são negociadas na bolsa?
BIDI3
A ideia de comprar a ação de uma empresa é tornar-se sócio dela, certo? Ao menos, no que se refere à participação no seu capital social, mas, no caso da BIDI3, são faladas daquelas ações ordinárias (ON) que permitem participar das assembleias do banco e tomar decisões.
De maio à primeira semana de junho, as ações BIDI3 oscilaram entre R$ 19 e R$ 25.
BIDI4
Essas são as ações mais comuns e procuradas, por isso apresentam maior liquidez. Como ações preferenciais (PN), elas permitem que, no caso de venda ou falência, seus proprietários sejam priorizados na hora do pagamento.
Publicidade
Por isso, as ações BIDI4 são ideais para quem deseja participar da empresa em relação à dinâmica financeira, mas não têm interesse, tempo ou tamanho para lidar com as decisões internas.
Nos últimos 60 dias, as ações BIDI4 flutuaram entre R$ 20 e R$ 26.
BIDI11
Também chamadas de units (UN), essas ações são um combo: cada uma delas se refere a uma BIDI3 e duas BIDI4, ou seja, um investidor que tenha mil units têm direito a mil votos na assembleia do banco.
Essa é a forma mais comum de se adquirir BIDI3. Pela influência nos rumos da empresa, a BIDI11 é um bom termômetro administrativo da organização. Entre maio e o início de junho deste ano, essa ação oscilou entre R$ 60 e R$ 75, aproximadamente.
O que esperar do banco Inter?
Quando entrou na bolsa, em 2018, o banco Inter teve dois picos de extrema valorização, e depois suas ações se nivelaram a níveis bastante baixos (menos de R$ 1). E de lá para cá foi uma longa e constante subida. O pico ocorreu no fim de abril deste ano, com o BIDI4 a R$ 26. Desde então, um movimento de leve queda depreciou o valor das ações do banco, que se mantém em bom patamar.
Mas o que esperar para o próximo período? Quais são as tendências para o futuro? Afinal, vale a pena comprar agora?
Publicidade
Bem, que vale a pena contar com o Inter na sua cartela de investimentos isso é certo. O banco tem-se mostrado forte, determinado e resiliente. Além disso, o fato de ele ser o único banco digital na bolsa de valores o torna uma resposta quase imediata.
Porém, ele deve ser visto como uma opção a longo prazo. O fato de ele oferecer opções sem taxas é o que tem aproximado milhões de pessoas desse modelo de negócios, mas a aposta central da instituição ainda está em vias de acontecer: a fidelização do cliente em relação a outros serviços.
Isso pode levar alguns anos, mas não quer dizer que seja mau negócio comprar as ações do Inter agora. Pelo contrário. Mesmo que as ações oscilem no próximo período em níveis ligeiramente mais baixos do que o pico de semanas atrás, existem bons motivos para crer que elas vão se manter valorizadas.
Um deles é a injeção de até R$ 2,5 bilhões no grupo pela Stone, com expertise em pagamentos digitais por meio de máquinas de cartões e processadoras de transações realizadas por crédito, débito e voucher. Em troca, a nova aliada passa a ocupar cadeiras no Conselho de Administração do grupo Inter.
Publicidade
Outra notícia que trouxe expectativa aos investidores do banco são os planos de capitalizá-lo na NASDAQ, segunda maior bolsa de valores estadunidense — atrás apenas da bolsa de Nova York. Caso isso se confirme, será um salto de qualidade e, possivelmente, de quantidade. As ações do grupo tendem a se valorizar, e as operações de crescimento, como fusões, ficam facilitadas.
E o endividamento? Bom, essa é uma pergunta importante ao se investir em uma empresa, mas os bancos são uma categoria à parte. O Banco Central brasileiro não permite que eles tenham dívidas, por isso que, ao final de cada expediente bancário, eles emprestam dinheiro uns aos outros — e é daí que vem a taxa do Certificado de Depósito Interbancário (CDI).
Por isso, um bom parâmetro a se avaliar é o Índice de Basileia, que avalia qual porcentagem é realmente do banco quando ele faz um empréstimo. Assim, é medido o risco da operação e a solidez da empresa, portanto. O recomendado é que haja, ao menos, 11% de patrimônio próprio, e o Banco Inter tem 36,2%.
O que o investidor não deve esperar são dividendos muito expressivos. São baixos para qualquer setor da bolsa e ainda mais para um banco, mas eles dobraram entre 2019 e 2020. Portanto, há possibilidade de esse ponto fraco ser revertido com o passar do tempo.
Pelo cenário desenhado, deu para perceber que as ações do Inter têm fundamento. O banco está em um crescimento forte e rápido, mas orgânico, e parece saber aproveitar as oportunidades para crescer e se consolidar.
Publicidade
Fonte: Banco Inter.