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Comportamento

Opinião: O programa CFA de Wall Street é uma perda de tempo colossal

A última taxa de aprovação do exame despencou para a mais baixa de todos os tempos, cerca de 25%

Opinião: O programa CFA de Wall Street é uma perda de tempo colossal
Para muitas pessoas, entender mais sobre como investir no exterior tem se tornado uma boa opção. (Foto: Pixabay)
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  • Duas vezes por ano, jovens profissionais do mercado financeiro realizam um ritual sagrado em que entram em centros de testes para fazer os exames que determinarão seu futuro sucesso profissional
  • A última taxa de aprovação despencou para a mais baixa de todos os tempos, com apenas cerca de 25% dos candidatos passando no Nível I dos exames
  • Tanto pessoas certificadas quanto não certificadas trabalham em bancos de investimento, pesquisa de investimento e negociação.

(Jared Dillian*, Bloomberg) – Duas vezes por ano, jovens profissionais do mercado financeiro realizam um ritual sagrado em que entram em centros de testes com sacos Ziploc cheios de lápis nº 2 e calculadoras financeiras para fazer os exames que determinarão seu futuro sucesso profissional. Será?

Estou me referindo aos exames para Analista Financeiro Credenciado (CFA, na sigla em inglês), que são notoriamente difíceis. A última taxa de aprovação despencou para a mais baixa de todos os tempos, com apenas cerca de 25% dos candidatos passando no Nível I dos exames.

Os exames CFA foram criados em 1963 como uma maneira de estabelecer padrões de proficiência em análise de títulos. Se você passa nos três níveis e recebe o certificado, presume-se que você saiba umas tantas coisas sobre contabilidade, finanças, derivativos e teoria de portfólio. Esse padrão não existia antes do CFA, e o setor de valores mobiliários carecia de uma designação profissional como o CPA (Certificado de Contador Público), de que os contadores precisam para exercer seu ofício. Mas o CFA não é um exame de licenciamento. Tanto pessoas certificadas quanto não certificadas trabalham em bancos de investimento, pesquisa de investimento e negociação. Existe um exame de licenciamento em finanças, chamado Series 7, mas não é muito difícil.

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Então, se o CFA não é uma licença para trabalhar com finanças, o que é? Muitas pessoas fazem os exames para progredir na carreira, pensando que o título pode render a elas uma promoção ou um emprego com melhor remuneração. Na realidade, o CFA é apenas um dos muitos fatores que um empregador leva em consideração no processo de contratação. Encontrei muitos profissionais de administração e finanças de baixo nível que fazem os exames na esperança de avançar na carreira, em busca de respeito e um salário mais alto. Muitas vezes não conseguem.

O maior custo associado à decisão de se tornar um CFA é o tempo. O exame CFA não custa muito em termos de dólares, apenas alguns milhares para todo o curso de estudo. Mas exige uma quantidade enorme de tempo, consistindo em muitas centenas e até milhares de horas de estudo para cada nível. E isso quando os candidatos passam nos três exames logo na primeira tentativa, o que representa apenas cerca de 20% das pessoas. Para as outras 80%, é um compromisso de quatro ou cinco anos, às vezes mais. Tenho vários amigos que, depois de iniciarem o programa CFA, aparentemente desapareceram, não foram vistos por três anos.

Com a queda nas taxas de aprovação, é mais importante do que nunca conduzir uma análise completa de custo-benefício para decidir se vale a pena fazer os exames CFA. Muitas vezes, o benefício é puro credencialismo: você pode colocar as letras “CFA” junto do seu nome. E, sim, existem algumas profissões dentro das finanças que, para todos os efeitos, exigem um CFA. A gestão de ativos é uma delas, assim como a pesquisa de investimentos e, em menor medida, os bancos de investimento. Nesses casos, não conseguir um CFA pode limitar a carreira. Os traders realmente não precisam do CFA.

Muitos CFAs dizem que o valor da designação é produto do tempo e do esforço despendidos e que isso mostra que eles estão comprometidos com a profissão. Para mim, isso soa um pouco como a teoria do valor do trabalho. Nunca tive a impressão de que as pessoas sem CFA eram menos comprometidas do que as certificadas. Fiz e passei no exame de Nível 1 em 2002, depois de acabar de me formar em um programa de MBA. Encarei o Nível 2 em 2003, mas estava passando por uma grande turbulência pessoal e fracassei. Naquele ponto, decidi que, como trader, não precisava disso e não valia a pena o esforço. Não me arrependo da decisão.

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Quando estava estudando para os exames, percebi que não estava aprendendo a matéria de verdade; estava aprendendo a passar no teste. Sinceramente, não me lembro de nada que aprendi com o programa CFA. Por outro lado, tirei muito proveito do meu programa de MBA, que foi uma experiência imersiva, com aulas presenciais, palestras e grupos de estudos. Meu MBA ainda está rendendo dividendos. O CFA Institute, intencionalmente ou não, sacrificou o MBA. Em Wall Street, o CFA é muito mais respeitado, o que é muito ruim, porque o MBA (ou outros programas de pós-graduação) produzem profissionais mais sérios e bem preparados.

Minha maior crítica ao programa CFA é que ele não necessariamente faz de você um investidor melhor. Se houvesse evidências concretas de que os fundos administrados por titulares de licenças CFA superaram os fundos de pessoas não certificadas, esta seria uma razão convincente para fazer o teste. Mas não há nenhuma evidência – é tudo fachada. E nenhuma das coisas realmente interessantes que estão acontecendo nas finanças hoje em dia, como o estudo das emoções e da psicologia, é abordada em detalhes pelo programa CFA.

O CFA é uma colossal perda de tempo. É muito melhor gastar três anos em qualquer outra atividade. Quer as pessoas percebam ou não, as finanças são uma profissão que requer muita criatividade. O programa CFA exaure as pessoas. Tenho a impressão de que as pessoas estão perdendo a paixão pelo programa CFA (e talvez pelo CFA Institute, que conseguiu acumular um grande baú de dinheiro e influência) e uma reação já está se formando há algum tempo. Não apenas recusei completar o programa CFA, como decidi buscar um MFA – um Mestrado em Belas Artes. Provavelmente será um uso bem melhor do meu tempo. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e seus proprietários.

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*Jared Dillian é o editor do The Daily Dirtnap, estrategista de investimentos da Mauldin Economics e autor de Street Freak e All the Evil of This World.

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