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- Na avaliação do estrategista de ações da Genial, Filipe Villegas, a Bolsa está pressionada pelo aumento da percepção de risco por parte do investidor
- De acordo com os analistas, o investidor que busca maior segurança pode encontrar retornos atrativos na renda fixa nesse momento. Os mais indicados são os títulos pós-fixados e os atrelados à inflação
- Os ruídos fiscais com o teto dos gastos, as incertezas com o avanço de agenda de reformas – como a do IR – e a crise política entre os poderes têm influenciado os resultados do Ibovespa
O Ibovespa não está com bom desempenho nos últimos dias. Após bater a máxima histórica há dois meses, a 130 mil pontos, o Ibovespa fechou em queda de 1,017% na quarta-feira (18), chegando a 116 mil pontos em seu terceiro dia consecutivo no vermelho. Nesta quinta-feira (19), o Ibovespa teve leve alta de 0,56%, mas não saiu dos 117 mil pontos. Desde a última máxima, em junho, o índice já acumula perda de quase 10%.
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Apesar da pequena recuperação, o índice chegou a oscilar os 114,8 mil pontos no pior momento na quinta-feira (19). Já o resultado de quarta-feira (18) rompeu o suporte, quando a demanda por compras é forte o suficiente para segurar os preços, sinalizando uma tendência vendedora. A desvalorização do Ibovespa na semana é de -3,76%, no mês de -4,23% e no ano de -2%.
Na avaliação do estrategista de ações da Genial, Filipe Villegas, a Bolsa está pressionada pelo aumento da percepção de risco por parte do investidor. Há preocupações globais com o avanço da variante Delta do coronavírus, a política monetária dos Estados Unidos que tem sinalizado redução dos estímulos e a desaceleração da economia da China.
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No campo interno, os ruídos fiscais com o teto dos gastos, as incertezas com o avanço de agenda de reformas – como a do IR – e a crise política entre os poderes têm influenciado os resultados do Ibovespa.
Para Rachel de Sá, chefe de economia da Rico, questões envolvendo o governo federal estão relacionadas à queda abrupta do Ibovespa. “Alguns meses atrás a gente tinha um cenário doméstico positivo com redução da dívida pública, abaixo de 80% e queda de quase 10 pontos percentuais em relação ao ano passado. Mas de repente o mercado foi pego de surpresa com os precatórios e a possibilidade de estouro no teto dos gastos”.
Segundo o analista de investimentos da Ágora, Ricardo França, o efeito da inflação no aumento da taxa de juros também explica esse movimento na bolsa. “Com a inflação ainda alta, já é esperado que a Selic suba até o fim do ano. Isso motiva os investidores a migrarem da renda variável para a renda fixa”, diz.
De acordo com os analistas, o investidor que busca maior segurança pode encontrar retornos atrativos na renda fixa nesse momento. Os mais indicados são os títulos pós-fixados e os atrelados à inflação.
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Para os de perfil mais arrojado que operam na bolsa, a recomendação é diversificar os ativos da carteira e incluir empresas resilientes, que historicamente desempenham bem independente do cenário macroeconômico. Uma das indicações de Paula Zogbi, analista de Investimentos da Rico, é a Localiza.
“A gente sempre diz que a diversificação da carteira é a melhor forma de proteção contra qualquer cenário”, diz. “Nesse momento é importante ter também exposição à ativos internacionais que sejam ativos dolarizados”, aconselha.
Minério e commodities
As ações das mineradoras também estão entre as maiores quedas do Ibovespa nos últimos dias. As ações da CSN (CSNA3) fecharam em queda de 5,781%, cotadas a R$ 37 nesta quinta-feira (19). Os papéis da Vale (VALE3) também fecharam em queda de 5,7%, cotados a R$ 97,51.
Os papéis de Usiminas (USIM5) recuaram 5,68%, cotados a R$ 17,07. Bradespar (BRAP4) desvalorizou 5,32%, precificado a R$ 63,41. Ações do segmento estão sendo impactadas por conta da queda no preço dos contratos futuros do minério de ferro na bolsa da China.
De acordo com os analistas, o minério de ferro já vinha sofrendo com a queda nos preços, mas a diminuição da demanda pela China e os dados de desaceleração da economia chinesa prejudicaram ainda mais os papéis das mineradoras.
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Segundo Ubirajara Silva, gestor da Galapagos Capital, o minério já acumula queda superior a 10%, o que tem impactado bastante na bolsa, uma vez que essas são empesas de peso na performance do índice.
As maiores perdedoras
Das 179 empresas listadas na B3 pertencentes ao IBRA, – indicador do desempenho médio das cotações de todos os ativos negociados no mercado à vista – 156 estão com retornos negativos entre o fechamento do dia de 7 de junho e 17 de julho, um mês após o índice atingir a máxima, de acordo com os dados compilados pela Economatica e Genial Investimentos.
Nesse período, as empresas com as maiores perdas em seus papéis são do setor de varejo e serviços: Enjoei (ENJU3), de 46,82%, Lojas Americanas (LAME4), de 40,24%, B2W Digital (AMER3), de 38,79%, Gol (GOLL4), de 38,05% e Lojas Americanas (LAME3), de 38,04%.
As mineradoras também entram na lista, entre elas a Vale (VALE3), com perda de 2,41% nos papéis e CSN (CSNA3), com perda de 6,66%.
“Mesmo com uma temporada de balanços forte, a deterioração dos ativos ocorre por conta de um aumento no custo de capital e que impactou principalmente empresas de menor capitalização (Small Caps), e ações do setor imobiliário, elétrico, varejo e bancos”, explica Villegas.
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Segundo ele, a queda dessas ações ocorreu porque o custo de capital aumentou em velocidade superior ao crescimento dos lucros das empresas.