Você já deve ter ouvido falar de ESG ou ASG no mercado financeiro. As siglas são abreviações de Environmental Social and Governance ou Ambiental, Social e Governança em português. Elas se referem a um conjunto de critérios para avaliar como empresas se posicionam em diversas questões que são cada vez mais relevantes hoje em dia. Confesso que tive dificuldades em me informar sobre o tema há alguns meses, mas hoje já há bastante informações disponíveis on-line.
Vamos começar por entender a questão ambiental. Vários processos produtivos são nocivos ao meio ambiente, alguns contribuindo para o aquecimento global. Produção de energia utilizando carvão, transporte utilizando combustíveis baseados no petróleo e rejeitos não devidamente tratados são alguns exemplos.
Por outro lado, há empresas com alternativas não poluentes, como energia solar ou hídrica. Há também empresas cujas questões ambientais não são tão relevantes, como algumas empresas de serviços. Aqui cabe falar da questão de materialidade. Para cada critério de ESG é importante saber se ele é relevante para a empresa que estamos olhando ou não.
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Afinal, por que o investidor de ações deve olhar a questão ambiental? Empresas que são consideradas agressoras do meio ambiente terão a vida cada vez mais difícil, com maiores custos, impostos e juros mais altos nos empréstimos. Os consumidores também começam a prestar atenção nestas questões e podem evitar produtos de empresas consideradas “poluentes”.
Na outra ponta, empresas que ajudam a natureza podem ter benefícios fiscais e seus produtos ganharem a preferência dos clientes. Ou seja, todos estes efeitos terão impacto direto nos lucros e, portanto, nos preços das ações.
Como um investidor pessoa física consegue avaliar o impacto no meio ambiente de uma empresa? Confesso que tenho dificuldades em conseguir informações sobre sustentabilidade e em entender o que significam e como as empresas se comparam a outras do mesmo setor.
A maioria das empresas da bolsa tem relatórios de sustentabilidade, mas os dados muitas vezes não são calculados da mesma forma. Até termos acesso a mais informações acredito que teremos de usar o bom senso e às vezes errar por excesso de cautela, sem arrependimento por perder algumas oportunidades.
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A segunda questão é a social, que engloba as relações da empresa com seus colaboradores, clientes e a comunidade. Neste ponto entram itens como diversidade, rotatividade dos colaboradores, relações com clientes e fornecedores, impacto na comunidade local entre outras.
Empresas que não valorizam seus colaboradores têm maior rotatividade e custos mais elevados de contratação. Companhias que tratam os clientes de forma não correta têm maiores custos de marketing (mais pessoas falando mal do que bem dos produtos) e maiores custos de retenção da clientela.
Empresas que não tem boa reputação na comunidade também podem ter maiores dificuldades regulatórias. Também nas questões sociais, empresas com desempenho abaixo da média deveriam ter resultados piores, se refletindo em menores lucros e desempenho das ações.
O aspecto social é um pouco mais fácil de acompanhar como investidor. Todos somos clientes de empresas abertas, então sabemos se elas geram valor para o cliente. Também há muita informação nas redes sociais e sites de notícias. Aqui vale também ter cuidado com
ruídos e fofocas.
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Finalmente, a questão de governança é das mais relevantes para nós investidores. A forma como acionistas são tratados, a eficácia do conselho de administração, remuneração justa dos executivos, a transparência e ética da empresa são questões que influenciam diretamente o preço das ações.
Quanto melhor a percepção de governança, mais múltiplos (preço/lucro, por exemplo) o mercado deveria estar disposto a pagar. Para um investidor pessoa física, as questões de governança também são difíceis de avaliar. Saber se a empresa faz parte do Novo Mercado da B3 e se tem histórico de ter tratado mal os acionistas é um início.
É interessante perceber a diferença de opiniões entre diferentes tipos de investidores. Jovens talvez estejam, na média, mais antenados nas questões ambientais e sociais. Investidores mais experientes talvez tenham melhor percepção das questões de governança.
Enfim, a verdade é que usando o conceito ESG completo ou não, o importante aqui é entender quais critérios são mais importantes para suas empresas. Estar antenado no assunto vai ser cada vez mais imprescindível. Os preços de nossas ações vão refletir cada vez mais as percepções ESG e temos de começar a estudar o assunto.
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