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- O que justifica a subida contínua do preço de algumas ações, bem acima de qualquer padrão de múltiplos encontrado na história?
- Além da resposta de formação de bolha por excesso de liquidez circulante, pode-se atribuir a um crescimento forte e acelerado da tecnologia que cria mercados em tamanho e velocidade nunca antes imaginados para cada vez mais clientes e preservando altas margens
Estamos vivendo uma pandemia, a economia mundial desacelerou e os governos estão promovendo taxas de juros baixas ou até mesmo negativas, além de injeções seguidas de capital para estimulá-la. Mas, por que há ações cujos preços não param de subir enquanto outras ainda se encontram bem descontadas em relação ao seu preço pré-pandemia? Por que muitas batem recordes sucessivos? Por que várias destas estão acima de todos os níveis históricos? Muitos acreditam em bolhas prestes a estourar, mas outros acreditam que há algo mais e justificável.
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O preço de uma ação é função da expectativa de fluxos de caixa futuro, taxa de desconto e crescimento.
Existe um consenso de que, em breve, haverá uma vacina para o vírus que nos assola, mas que as taxas de juros permanecerão em níveis muito baixos por um longo tempo para que a economia possa se recuperar, retomar níveis ótimos de emprego e a partir de então a política monetária voltaria a ficar mais preocupada com controle de inflação e menos com o resgate da economia. Só isso já justificaria um mercado acionário forte por um bom tempo de acordo com os parâmetros históricos.
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Mas, o que justifica a subida contínua do preço de algumas ações, bem acima de qualquer padrão de múltiplos encontrado na história?
Além da resposta de formação de bolha por excesso de liquidez circulante, pode-se atribuir a um crescimento forte e acelerado da tecnologia que cria mercados em tamanho e velocidade nunca antes imaginados para cada vez mais clientes e preservando altas margens, ou seja, um crescimento (g) mais longo, forte e acelerado do que jamais registramos.
É por isso que vemos empresas como Amazon, Apple, Facebook, Google e Microsoft atingirem múltiplos crescentes, muitas vezes diariamente, em níveis nunca antes obtidos. Elas não só têm lucros cada vez maiores, em velocidade cada vez mais rápida, como ainda possuem a capacidade de gerar novos negócios para mais clientes em seus mercados bem como devem acessar e/ou criar mais mercados no futuro. E, neste caso, sua fatia de mercado, nível elevadíssimo de investimento em tecnologia e posição de liderança as diferenciam de forma privilegiada para criar novas tecnologias, mercados ou para comprar qualquer um que apareça de forma disruptiva para seus negócios, tornando-as ainda mais fortes. E, fazem isto, tomando decisões rápidas e pagando múltiplos altos, pois a liderança isolada em seus segmentos as possibilita atingir múltiplos ainda maiores na sequência num ciclo virtuoso. Basicamente, tem-se a percepção de que seu negócio potencial é múltiplas vezes maior do que o atual e encontra-se, continuamente, em expansão.
No entanto, vale lembrar que são empresas de tecnologia e que a tecnologia se torna obsoleta com o tempo e cada vez mais rapidamente. E a tecnologia delas pode ser substituída por suas próprias inovações ou por terceiros que não sejam comprados e que virem os novos gigantes. Além disso, os múltiplos ultra elevados deixam implícito um fortíssimo e contínuo crescimento de seus lucros, o que não é nada óbvio. Tecnologia é alto risco na essência para um alto retorno esperado e qualquer o preço de qualquer uma dessas ações pode despencar a qualquer momento acentuada e rapidamente. Além disso, como o mercado não está acostumado com esses múltiplos tão altos e que continuam crescendo, num curto prazo, correções são realizadas como as que vimos na quinta-feira, 3/9. Mas, são testes em que o mercado paga pra ver se elas podem retomar preços e seus múltiplos. Se não passarem, haverá correções mais acentuadas. Mas, se passarem, seus preços além de se recuperarem, podem atingir patamares ainda mais altos.
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Por outro lado, há empresas cujo produto ou serviço são permanentes ou, ao menos, de longa duração. Comida, bebida, higiene, limpeza, energia, saneamento e imóveis são alguns bons exemplos. Não apresentam o alto crescimento e as altas margens das empresas de tecnologia, mas são empresas de menor risco cujos produtos e serviços são valorizados e quase que perenes para os seus clientes. E, em época de juros baixos, têm boa valorização e pagam bons dividendos se a economia estiver bem. São as chamadas empresas de valor.
Se você conversar com diferentes investidores sobre o que determina o valor dos seus investimentos e suas escolhas em ações, vai ouvir diferentes teorias: (1) o valor presente dos fluxos de caixa de uma companhia; (2) os múltiplos de preço/lucro; (3) o comportamento dos preços no mercado determinados pela oferta e procura, volumes negociados e as linhas de suporte e resistência; (4) recomendações de especialistas; e (5) as suas percepções (feelings). Qual teoria está certa? Todas estão.
O que vale na sua escolha é o seu apetite de risco, suas crenças, por quanto tempo pode manter o seu capital investido e ter disciplina para seguir seu plano à risca. Precisa decidir em qual ponto da curva entre valor e crescimento irá sentir-se confortável e buscar empresas com este perfil.
As empresas, por sua vez, estão adaptando o seu modelo de negócios, para que tenham mais tecnologia e crescimento, bem como mais valor na vida das pessoas e sejam mais permanentes, além de serem percebidas como Empresas Sustentáveis. Observe estes movimentos com atenção e analise também quais as que têm liderança, gestão, vontade, capacidade e velocidade de decisão e implementação para transformar-se na líder e first mover em seu segmento num mundo em rápida e constante mutação. Escolha as que admira, as que você acredita que irão sobreviver e liderar o novo mundo.
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No futuro, tudo irá convergir e the winner takes it all.