Investir em inovação faz com que as empresas potencializem a competitividade, criem novos mercados, reduzam custos operacionais e atraiam novos consumidores com produtos e serviços diferenciados. E tem gente fazendo isso bem feito!
Quem poderia imaginar que a Amazon, maior empresa varejista do mundo, investiria US$ 10 bilhões para a construção de satélites no espaço; que a Ant Financial, fintech controlada pelo fundador do grupo Alibaba, Jack Ma, seguiria na mão contrária do mercado para abrir capital na China e não nos Estados Unidos, com estimativa de atingir o valor de US$ 220 bilhões após o IPO; e que a Tesla, a famosa empresa de energia liderada pelo visionário Elon Musk, decidiu entrar no mercado de seguros e promete revolucionar a indústria.
De acordo com o relatório The Serial Innovation Imperative, publicado em junho deste ano pelo Boston Consulting Group, empresas que investem em inovação possuem retornos financeiros ao longo do tempo melhores que aquelas que não investem. Um investimento de US$ 100 realizado no MSCI World Index (índice do mercado de ações ponderado pelo valor de mercado de empresas de todo o mundo) em 2005 valeria US$ 251 no final de 2019.
Publicidade
Os mesmos US$ 100 investidos nas 50 empresas mais inovadoras do ranking da BCG valeriam US$ 327, ou seja, 30% a mais. Nos 14 anos em que o relatório é feito, as empresas mais inovadoras superaram as empresas do índice MSCI em mais de 1 ponto percentual ao ano no crescimento das vendas e 2 pontos percentuais ao ano no retorno total aos acionistas.
Com a inovação ganhando cada vez mais espaço no mundo dos negócios, surge uma reflexão importante: é possível inovar e, ao mesmo tempo, investir no lado pessoal para obter resultados significativos como investidor, líder e ser humano?
No mês de novembro de 2019, subi ao palco de um importante evento de mobilidade para fazer uma palestra sobre as transformações no mundo dos negócios e como se preparar para os desafios no futuro. Em um determinado momento da apresentação, perguntei para as pessoas qual seria o perfil dos principais jogadores de Pokemon Go, jogo que usa realidade aumentada e foi responsável por atingir a incrível marca de cerca de US$ 900 milhões de faturamento em 2019 e reinventar a Nintendo no competitivo mercado de games.
A resposta foi interessante: jovens entre 20 e 30 anos. Eis que nesse momento, aperto o play e começa a rodar o vídeo do Sr. Amadeo Busquets: um senhor catalão de 74 anos que tinha atingido o nível máximo no jogo.
Publicidade
Ele começou a jogar porque é diabético e tinha que caminhar 4 quilômetros por dia. Achava muito chato ter de fazer o mesmo caminho diariamente e decidiu experimentar o jogo. A maioria das pessoas se surpreendeu com o Sr. Amadeo, que teve a capacidade de inovar a forma como organizava a sua rotina, se desafiar, adquirir novos conhecimentos, habilidades e, além disso se divertir enquanto fazia as suas caminhadas.
Investir em você é importante, pois potencializa a tomada de decisão, maximiza suas escolhas de carreira, de negócios, de investimentos e minimiza o que a psicologia chama de “efeito Halo”.
“Efeito Halo” é um viés cognitivo que faz uma pessoa julgar outra pessoa, um produto ou uma empresa com base apenas em uma ou poucas características.
A principal causa do viés do “efeito halo” é a necessidade inerente das pessoas tomarem decisões rápidas. Os seres humanos são condicionados de maneira a tomar decisões rápidas quando confrontados com situações desconhecidas. Os investidores, por exemplo, são altamente propensos a serem afetados pelos vieses e a tomar decisões não tão sábias em função de interferências ou armadilhas no processo cognitivo de investimento.
Um dos pontos mais importantes no “inovar em você” é a autoconsciência. Em seu livro, Insight, a psicóloga organizacional Tasha Eurich aborda o tópico sobre a autoconsciência. Pessoas mais conscientes tendem a ter um melhor desempenho no trabalho e liderar com mais eficiência. Empresas com profissionais mais autoconscientes demonstraram um desempenho financeiro melhor.
Publicidade
Em uma série de pesquisas, Tasha descobriu que 95% das pessoas pensam que são autoconscientes, mas apenas 10-15% realmente o são. Ela cita algumas razões para essa desconexão, entre elas, o fato de as pessoas naturalmente possuírem pontos cegos e operarem no piloto automático, sem saber como estão se comportando e porquê. Há também o efeito de sentir-se bem: ficam mais felizes quando se veem de uma maneira mais positiva.
Era início da noite, no dia 9 de julho deste ano e havia recém terminado de tomar banho quando abro a porta do banheiro e encontro uma cadeira e vários brinquedos do meu filho em frente a porta me impedindo de passar. Perguntei por que ele havia colocado aquelas coisas na frente da porta e ele com cara de quem sabia o que estava fazendo, me disse: “Papai, coloquei a cadeira e os meus brinquedos na porta para você ficar preso aí no banheiro”. Após ele me responder, me entregou uma caixa onde guarda as moedas que ganha. Eu rapidamente emendei outra pergunta para entender o motivo de ele me deixar “preso” no banheiro e ter me dado as moedas. A resposta foi: “Papai, eu não quero que você trabalhe mais hoje e as moedas são para você comprar os brinquedos”.
Existem coisas que você só vê quando desacelera e foi exatamente isso que aconteceu nessa situação. Tive a oportunidade de colocar em pratica a reflexão de minhas atitudes e o recado que meu filho de 4 anos estava me proporcionando. No final, o desejo dele era que eu diminuísse o tempo de trabalho em home office para brincar com ele. Outras reflexões passaram pela minha cabeça, como a criatividade dele para comunicar que queria brincar, as alternativas que ele buscou frente aos obstáculos que foram colocados na situação e com certeza, a liberdade para ele conhecer e explorar novas possibilidades.
As empresas que se acomodaram e pouco investiram em inovação para entregar resultados no curto prazo terão que intensificar o processo de transformação digital, mudar a cultura, investir em experiência e conveniência para o consumidor, promover a flexibilização de modelos de negócios, investir em processos ágeis e tecnologia como habilitadora.
Publicidade
Já, sob a ótica das pessoas, “inovar em você” é, acima de tudo, um ato de coragem e de amor-próprio, porque requer confiança o suficiente para desafiar o desconhecido. A forma como investimos, trabalhamos e nos relacionamos não será mais a mesma e competências como: criatividade, improviso, intuição, inteligência emocional, resiliência, flexibilidade para mudanças, entre outras, serão fundamentais para o dia-a-dia nos próximos anos.
Fica o meu convite. Desenvolva a capacidade de reciclar seus pensamentos, sentimentos e experimente fazer coisas que até então não havia feito ou não tinha imaginado que seria possível. É o momento de potencializar o “Serendipity” em você, ou seja, aquele momento do “eu tive uma ideia”, Faça a sua lista de desejos e coloque em prática para mudar a sua história no futuro.