Como controlar as emoções ao investir

Marcelo Biasoli é executivo do mercado financeiro com experiência em liderar áreas de Inovação, Estratégia, Desenvolvimento de Negócios e Marketing. Também é coach com conhecimento e paixão pelo desenvolvimento humano e neurociência aplicada aos negócios, combinando as competências de future thinking, criatividade e intraempreendedorismo para impulsionar investimentos e acelerar negócios.

Escreve mensalmente, às quartas-feiras

Marcelo Biasoli

Você 4.0 – Revolucione a forma como você investe nas suas emoções

Com a perspectiva de incerteza prolongada, reflita sobre os impactos em você, nos negócios e nos investimentos

(Foto: Evanto Elements)

O cenário em que vivemos hoje traz à tona uma série de reflexões. Entre elas, uma das mais latentes, do meu ponto de vista, está na necessidade de acolhimento das dificuldades com mais naturalidade, para que as pessoas possam transformar criativamente os aspectos negativos de suas vidas em algo construtivo.

Com a perspectiva de incerteza prolongada, os impactos nas pessoas, nos negócios e nos investimentos promovem um ambiente cada vez mais propício para a ressignificação e somos convidados a deixar de lado o que nos trouxe até os dias atuais e a liderar a mudança em um dos principais momentos de transformação da história humana.

No ambiente de negócios, as empresas buscam alternativas e repensam suas estratégias para serem digitais. Para as pessoas, o olhar para si mesmo pede passagem e assume o protagonismo. E, neste contexto, o processo de decisão nos investimentos passa também por mudanças onde não basta apenas identificar o perfil, definir o objetivo, escolher uma ou mais teorias existentes, definir parâmetros de rentabilidade e liquidez.

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Esse processo vai além da racionalidade e do entendimento sobre gestão do capital, avaliação dos ativos, avaliação de risco e passa a considerar cada vez mais aspectos sobre a irracionalidade do comportamento humano. O processo de escolha e decisão nos investimentos acaba sendo diretamente afetado pelas nossas emoções, vieses inconscientes e atalhos mentais.

Segundo estudo da Universidade Harvard, 95% das decisões que tomamos como consumidores são emocionais e somente 5% são racionais. Com os altos e baixos presentes em nosso comportamento no dia-a-dia, as emoções afloram despejando em nossa corrente sanguínea elementos químicos que fazem com que o nosso corpo responda fisiologicamente. E aqui começa a mágica de todo o processo.

Emoções positivas fazem o nosso corpo produzir uma série de substâncias químicas, entre elas a ocitocina que é considerado o químico do sentimento de amor, da confiança, amizade. Dentre as várias funções, ela potencializa o sistema imunológico.

As emoções negativas também produzem substâncias, entre elas o cortisol. Ele nos mantém vivos e é considerado o químico do alerta. Possui uma função importante pois ativa e potencializa todos os nossos sentidos, mas, ao mesmo tempo, desliga o nosso sistema imunológico para potencializar os sentidos e inibe a produção de ocitocina. Isso ocorre quando sentimos ansiedade, raiva, medo, etc. Ou seja, com o cortisol elevado enfrentamos dificuldades para dormir, cansaço prolongado, irritação constante e outros sintomas mais. E o que isso tem a ver com a tomada de decisão nos investimentos? Tudo.

Se estamos em situação de estresse, muitas vezes causados até pela turbulência no mercado financeiro, o melhor remédio é evitar tomar decisões de investimentos e buscar alternativas para potencializar a produção dos químicos como ocitocina, dopamina, serotonina e diminuir o cortisol. Se isso está acontecendo com você, tome uma ação rápida. Deixe os investimentos de lado por um momento e vá ler um livro, fazer exercício. Faça algo que dê prazer para você.

Uma das principais iniciativas para mudar esse cenário é colocar em prática o pensamento de Viktor Frankl, um sobrevivente do Holocausto e psiquiatra de Viena, “Quando a circunstância é boa, devemos desfrutá-la; quando não é favorável devemos transformá-la; e quando não pode ser transformada, devemos transformar a nós mesmos”.

Somos capazes de nos adaptar devido à capacidade que o nosso cérebro possui de se modificar, estabelecer novas conexões neurais e aumentar sua reserva cognitiva. Estarmos abertos a mudança, olhar para dentro e investir no autoconhecimento, permitirá sermos mais ágeis emocionalmente para lidar com a incerteza prolongada, nos conectarmos com o novo mundo e estarmos melhor preparados para tomar as melhores decisões de investimentos. E como dizia Benjamin Franklin, “Investir em conhecimento rende sempre os melhores juros”.

Criado no fim dos anos 1990 pela professora Saras Sarasvathy, da Darden School of Business, na Universidade de Virginia (EUA), o Effectuation é um método muito utilizado para o empreendedorismo e a inovação, e consiste em fazer o que precisa ser feito com os recursos disponíveis, sem meta e visão de médio e longo prazo, mas sim a implantação das ações e a correção das rotas numa visão de curto prazo apenas com os recursos disponíveis naquele momento.

Deixo aqui um convite para o Você 4.0: Comece por fazer um Effectuation em você. Inove, enfrente o medo e com os recursos disponíveis no curto prazo, aprenda a gerenciar as próprias emoções e promover o autoconhecimento, para inspirar as melhores decisões nos investimentos e, também, na sua vida.