Ser pai é uma jornada extraordinária que necessita investimento no autodesenvolvimento para poder se adaptar e desempenhar o melhor papel perante o crescimento dos filhos em cada fase. Você é do tipo que chama sua filha de 25 anos ainda de “meu bebê”? Ou já se perguntou por que os adolescentes, que já são quase adultos, continuam sendo “as crianças” para você?
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Essas nomenclaturas carinhosas, que causam risos e identificação, refletem um amor imenso, mas também destacam a necessidade de ajustar a forma de ser pai conforme os filhos crescem. Neste Dia dos Pais, quero compartilhar algumas orientações sobre como os pais podem guiar seus filhos em cada fase do desenvolvimento, ajustando seu papel na educação financeira e na gestão do dinheiro.
Atitude dos Pais na Educação Financeira em cada Fase do Desenvolvimento dos Filhos:
1) Primeira Fase da Educação Financeira: Dar a Direção
Primeira Infância (0 a 3 anos) – Estabelecendo bases seguras
Nos primeiros anos, de 0 a 3 anos, os pais são os principais provedores de segurança e conforto para seus pequenos. Ainda não existe uma relação direta com o dinheiro, mas desde cedo é possível plantar as sementes de um futuro saudável, tanto financeira quanto emocionalmente. É nessa fase que as crianças começam a explorar o mundo, e cabe aos pais fornecerem um ambiente seguro e estimulante, cheio de oportunidades para desenvolver suas habilidades motoras e cognitivas. Já é possível, desde bebê, ensinar a paciência, a espera, a organização e a disciplina. Esses pequenos aprendizados serão valiosos para uma vida financeira saudável no futuro.
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Segunda Infância: (3 a 7 anos) – Introduzindo conceitos de valor
Entre os 3 e 7 anos, as crianças entram na fase pré-operacional. Começam a entender conceitos básicos e simbólicos. É o momento perfeito para introduzir noções simples sobre dinheiro – o valor das coisas, a importância de economizar. Jogos educativos e brincadeiras são ferramentas valiosas para ensinar esses conceitos de forma divertida. Nessa fase, os pais são educadores. É importante ensinar a distinguir entre desejos e necessidades através de exemplos práticos do dia a dia. Aos poucos, passam de protetores que eliminam todos os riscos para educadores que ensinam a identificá-los e lidar com eles.
2) Segunda Fase da Educação Financeira: Treinar
Final da Infância e Pré-Adolescência: (7 a 12 anos) – Conscientização e prática
Dos 7 aos 12 anos, na fase das operações concretas, as crianças começam a pensar de forma mais lógica e estruturada. Este é um período crucial para consolidar os ensinamentos financeiros. Introduzir mesadas e incentivar a economia para alcançar objetivos específicos ajudam a desenvolver o planejamento financeiro. É também a hora de ensinar sobre o valor do trabalho e a relação entre esforço e recompensa. Participar de tarefas que desenvolvam talentos e competências, e que proporcionem um senso de realização e contribuição, fortalece a autoestima e desenvolve um senso de propósito – elementos fundamentais para o sucesso na vida profissional. Aqui, os pais começam a confiar mais nos filhos, permitindo que tomem pequenas decisões financeiras, sempre supervisionados, claro.
Adolescência: (12 a 18 anos) – Autonomia e responsabilidade
Dos 12 aos 18 anos, na fase das operações formais, os adolescentes desenvolvem a capacidade de pensamento abstrato e crítico. Este é um período de grande transformação, quando autonomia e responsabilidade se tornam temas centrais. Os pais devem atuar como mentores, guiando-os em decisões mais complexas e permitindo que assumam mais responsabilidades financeiras. Abrir uma conta bancária e ensinar a gerenciar as próprias finanças pode ser um passo importante. Nesta fase, o diálogo aberto e honesto sobre finanças, incluindo erros e acertos, ajuda a preparar os adolescentes para a vida adulta. Os pais deixam de ser apenas provedores e se tornam conselheiros confiáveis, ensinando-os a tomar riscos calculados e a lidar com as consequências de suas escolhas.
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3) Terceira Fase da Educação Financeira: Apoiar
Vida Adulta Jovem: (18 a 24 anos) – Independência Crescente
Quando entram na vida adulta jovem, dos 18 aos 24 anos, o papel dos pais se transforma novamente. Este é o momento de apoiar e começar a delegar responsabilidades. Os filhos devem tomar suas próprias decisões financeiras com maior autonomia, e os pais estão presentes para oferecer orientação e suporte quando necessário. É crucial demonstrar confiança nas habilidades dos filhos, permitindo que aprendam com suas experiências e assumam maiores responsabilidades. Isso fortalece a preparação para a vida adulta plena e a capacidade de enfrentar desafios com confiança e independência.
4) Quarta Fase da Educação Financeira: Delegar e Promover a Sucessão
Vida Adulta Plena: Delegar (a partir dos 24 anos) – De Educador a Mentor
Quando os filhos atingem a vida adulta plena, o papel dos pais se transforma mais uma vez. Eles deixam de ser provedores para se tornarem mentores e confidentes. A relação com o dinheiro agora é de plena autonomia, e os pais devem confiar nas habilidades que ensinaram aos filhos ao longo dos anos. Este é o momento de permitir que tomem suas próprias decisões e aprendam com seus próprios erros, oferecendo apoio e orientação quando necessário e solicitado.
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Reflexões sobre sucessão familiar
Uma reflexão importante nessa jornada é sobre a sucessão familiar. Se os pais nunca confiarem que os filhos são capazes e não transmitirem essa confiança através de palavras e ações, não prepararão sucessores. É essencial demonstrar, através da linguagem verbal e não verbal, que confiam nas capacidades deles. Isso não só fortalece a autoconfiança, mas também os prepara para assumir responsabilidades maiores no futuro. Preparar sucessores é, em última análise, um ato de desprendimento e confiança no trabalho que foi feito ao longo dos anos.
A jornada do pai é, portanto, uma caminhada de transformação contínua, onde o crescimento dos filhos reflete diretamente no próprio crescimento dos pais. No Dia dos Pais, ao celebrar essa relação, é essencial lembrar que cada fase do desenvolvimento infantil é uma oportunidade única de ensinar e aprender. Ser pai é uma experiência rica e recompensadora, que vai muito além de prover – é sobre formar seres humanos preparados para enfrentar o mundo com confiança e responsabilidade.