Fernanda Torres, uma das maiores atrizes brasileiras, confessou recentemente que não acreditava ter chance no Globo de Ouro ao competir com outras gigantes do cinema internacional. “Já estaria feliz com a indicação”, disse ela. Hoje, está no topo da lista das melhores atrizes no Oscar 2025.
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O filme “Ainda Estou Aqui”, dirigido pelo consagrado cineasta Walter Salles, não só colocou o Brasil no centro da maior premiação do cinema mundial, como expôs e desafiou um ciclo de autocrítica e as injustiças estruturais que ainda limitam nossa sociedade.
Não é apenas a síndrome do impostor ou o famoso “complexo de vira-lata” – a crença de que estamos sempre “na rabeira”, de que nosso talento não é suficiente ou que, no máximo, conseguimos uma menção honrosa. É também a descrença em um sistema político e econômico que frequentemente desestimula sonhos e limita o acesso a oportunidades, agravando o sentimento de impotência. Barreiras externas muitas vezes reforçam limitações internas, criando um ciclo que exige ainda mais coragem, estratégia e ação para ser rompido.
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A ideia de que poupar é impossível, de que nunca se alcançará uma vida financeira digna ou de que determinadas carreiras são inviáveis ainda é comum entre os jovens brasileiros. Esse complexo afeta escolhas profissionais e financeiras, alimentando a descrença em áreas criativas, esportivas e inovadoras, frequentemente vistas como arriscadas ou incapazes de gerar sucesso financeiro. Ser cineasta, atriz ou atleta profissional no Brasil significa, muitas vezes, enfrentar preconceitos e a falta de estrutura e apoio.
João Fonseca desafiou essa lógica ao se tornar, com apenas 18 anos, o tenista mais jovem do Brasil a entrar no top 100 mundial, mostrando que esforço, talento e persistência podem superar barreiras. Da mesma forma, Fernanda Torres e Walter Salles, em áreas como atuação e cinema, são provas de que o talento brasileiro, aliado à inovação e resiliência, pode transformar percepções e abrir caminhos antes desacreditados.
Enquanto isso, seguimos superlotando profissões tradicionais já saturadas, enquanto áreas criativas e tecnológicas permanecem subestimadas. Não está na hora de revisitar essa visão e explorar o potencial das novas fronteiras?
Acreditar em si mesmo: da carreira ao comportamento financeiro
As trajetórias de João, Fernanda e Walter mostram que conquistas extraordinárias não são fruto de sorte ou inspiração momentânea, mas de persistência, planejamento e a capacidade de acreditar em si mesmo, mesmo diante de desafios. Elas provam que investir em si – seja por meio de educação, dedicação ou escolhas conscientes – pode abrir portas, inclusive em áreas frequentemente desacreditadas.
Assim como a personagem de Fernanda Torres em “Ainda Estou Aqui” demonstra coragem na busca pela verdade, também precisamos encontrar a nossa. Isso significa encarar nossas escolhas financeiras, profissionais e pessoais com foco e determinação, mas também exigir que o sistema ofereça condições mais justas para que nossos esforços sejam recompensados.
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Para o jovem brasileiro, a mensagem é clara: cada pequeno passo conta. Procure capacitação, explore novas áreas de interesse, dedique tempo a entender suas finanças e siga suas paixões com planejamento. Você não precisa escolher entre ganhar dinheiro e ter propósito. Não é fácil, mas também não é impossível.
O Brasil e o caminho para o topo
O Oscar 2025 e o ATP (torneio de tênis) são mais do que premiações; são lembretes de que o Brasil tem talento, criatividade e resiliência para alcançar os maiores palcos do mundo. Mas romper o ciclo de “quase lá” exige mais do que inspiração ou esforço individual. Requer políticas públicas eficazes, oportunidades justas, educação acessível – incluindo a financeira – e, acima de tudo, responsabilidade no uso dos recursos públicos.
É preciso priorizar investimentos que promovam impacto de longo prazo, evitando excessos que comprometam a estabilidade econômica e prejudiquem as futuras gerações.
Os exemplos de João Fonseca, Fernanda Torres e Walter Salles mostram que o talento brasileiro pode brilhar em qualquer área, mas também evidenciam a necessidade de suporte e estrutura para que conquistas como essas não sejam exceções. A nova geração sozinha não pode transformar o país, mas tem o potencial de inspirar e liderar mudanças que, com o apoio das instituições e da sociedade, podem reescrever nossa narrativa.
Sonhos grandes não podem ser privilégio de poucos; eles devem ser o motor que move uma sociedade inteira. O mundo está pronto para ouvir o talento brasileiro. Que possamos contar essas histórias – e construir novas – com a certeza de que, juntos, podemos muito mais.
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