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Colunista

Como conquistar a segurança financeira com renda passiva

Vicente Guimarães, CEO da VG Research, diz quais são os melhores investimentos para construir uma boa mesada

Yelds mais altos garantem uma renda passiva maior no futuro. Foto: Envato Elements
Yelds mais altos garantem uma renda passiva maior no futuro. Foto: Envato Elements

No mundo dos investimentos, muita gente se pergunta: “Quanto é preciso ter investido para ter uma renda de R$ X mil reais”? A resposta não é tão simples, pois envolve tantas variáveis e questões que torna praticamente impossível elaborar uma resposta rápida e concreta.

Vejamos um exemplo. Uma renda passiva de R$ 5.000 mensais significa uma renda passiva anual de R$ 60.000. Para tanto, a carteira de investimentos deve gerar dividendos, juros ou renda neste valor. Isso parece bastante óbvio, mas muitos investidores que buscam a sonhada liberdade financeira investem em ativos que não geram renda e, portanto, não vão conseguir resultados.

Na minha visão, o melhor caminho para acumular patrimônio que gere uma boa renda passiva consiste em investir em ações de dividendos e fundos de investimento imobiliários (FIIs). Falo isso, pois, em termos gerais, uma boa carteira de renda variável, focada em ações de dividendos e fundos imobiliários, construída ao longo de vários anos chega a um yield (rendimento) médio pessoal de 6% – sendo bem conservador neste cálculo.

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Dessa forma, a carteira deveria ter um valor mínimo de R$ 600.000 para gerar uma renda de R$ 60.000 – neste caso, um rendimento de 10%, portanto.

Na prática, obter um yield médio acima de 6% não é complicado. Eu já vi carteiras antigas, formadas ao longo de anos de investimento, com yields médios de 10%, 15% ou até mais. Quanto maior o tempo de formação da carteira, mais elevado tende a ser o yield médio. Isso ocorre porque os preços médios dos ativos adicionados à carteira tendem a se reduzir com o tempo, tendendo a zero ao longo de décadas.

Hoje, o yield médio das ações que formam o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil, está na casa dos 11%, com média histórica de 4%, e o rendimento dos fundos imobiliários que formam o IFIX, o índice de FIIs da Bolsa, está na casa dos 10,5% com média histórica de 7,5%.

Vale observar que esses números elevados de yield em relação à média histórica demonstram que os preços das ações e dos fundos imobiliários estão baratos hoje em dia. Logo, não é difícil o investidor montar uma carteira de investimentos com um yield de 10%.

Então, quanto investir?

Dito isso, também há uma grande dúvida de investidores que estão começando a alocar esforços neste mercado no que se refere a quanto investir para ter essa renda passiva em dez anos. Isso depende de inúmeros fatores. É preciso, por exemplo, levar em conta que o yield médio da carteira vai variar muito de investidor para investidor, dependendo do foco dado aos seus investimentos ao longo do tempo, aos ativos comprados, ao momento da compra e ao preço pago.

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Um investidor pode levar poucos anos para montar uma carteira que gere uma renda anual de R$ 5.000 enquanto outro pode demorar muito tempo para chegar a este patamar ou, até mesmo, nunca chegar a esse montante.

Eu já vi muitas carteiras com mais de R$ 1 milhão investido e pulverizado em produtos financeiros distribuídos por bancos e corretoras. O yield médio de algumas dessas carteiras era ridiculamente pequeno, menor que 1% ao ano. No final das contas, essas carteiras geravam pouquíssima renda passiva.

Por outro lado, é preciso considerar que ativos comprados em momentos de estresse de mercado, com preços muito baratos, podem gerar yields médios acima de 20% ou mais. Mas vale ressaltar que existem ações que pagam poucos dividendos, as chamadas de “ações de crescimento”, e quando comprados com preço alto podem gerar uma carteira com yields muito baixos.

Dessa forma, recomendo focar em ativos que pagam bons dividendos e comprá-los quando estão baratos. “Se você quer produzir leite, você deve comprar vacas leiteiras. Quanto mais barato estiver a vaca leiteira melhor”, costumo dizer.

Reinvestimento de dividendos

Mas, no que se refere a reinvestimento dos dividendos na carteira, como se processa isso?

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Bom, este é um fator que acelera muito os resultados. Esse é um dos segredos para gerar a “bola de neve” e o efeito exponencial no crescimento da renda e do patrimônio. No começo, esse valor é pequeno e ajuda muito pouco na acumulação de capital, porém, com o passar do tempo os dividendos aumentam e quando menos se espera o valor reinvestido já supera em muito o valor do aporte principal. O reinvestimento pode dobrar e até triplicar os resultados do investidor.

Mas, de fato, há uma preocupação enorme com os efeitos deletérios da inflação sobre o patrimônio. Neste caso, o investidor deve levar em conta que os rendimentos das ações e dos FIIs tendem, em média, a serem corrigidos pela inflação.

Nos FIIs essa compreensão é mais simples, uma vez que o aluguel dos imóveis que constituem o fundo tem contratos corrigidos pela inflação.

Já sobre os dividendos das ações, devemos levar em conta que elas refletem os lucros das empresas e estes dependem das receitas e vendas delas. Dessa forma, é fácil entender que as empresas tendem, em média, a repassar os aumentos dos seus custos (insumos, mão de obra, serviços) para seus produtos. O que, por sua vez, aumenta a receita, lucros e dividendos. Então, podemos desconsiderar a inflação da conta sem maiores problemas, o que facilita os cálculos sem afetar a precisão das projeções.

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Por fim e não menos importante, é preciso entender que empresas de dividendos também crescem. Por exemplo, considerando que as empresas de dividendos tenham crescimento real médio de 3% e esse patamar representam um valor aproximadamente igual à média do Produto Interno Bruto do Brasil (PIB) nos últimos 50 anos. Ou seja, este crescimento se reflete em uma valorização de 3% ao ano (lembrando que estamos descontando a inflação).

Veja, é possível obter níveis de valorização bem maiores comprando ativos certos nos momentos certos. Um exemplo é a carteira de dividendos da VG Research, que valorizou 16% em 2022.

Considerando essas variáveis, bem conservadoras, o investidor que iniciar com zero de capital, precisará de aportes mensais de R$ 5.280 durante dez anos para obter um patrimônio de R$ 1 milhão que poderá gerar R$ 5.000 mensais de renda passiva (60 mil por ano = 6% de Yield).

Claro que o fator tempo é muito importante nesta conta. Se for um investimento de 20 anos o aporte mensal necessário para obter a mesma renda mensal de R$ 5.000 seria de R$ 1.560. Se for por 30 anos, sob as mesmas condições, o valor do aporte seria de apenas R$ 580.

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Trata-se de uma questão de ajustar o plano do investidor com suas condições de investimentos mensais. O que vale é que há caminhos que podem atender a todo o tipo de perfil, é preciso se organizar e buscar informações, pois o mercado tem grandes possibilidades, algumas ainda mais vantajosas a quem busca a tão sonhada liberdade financeira.

* Vicente Guimarães é CEO da VG Research

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