- Alguns pontos ele acertou, como ao mencionar a melhora econômica em seu governo quando assumiu em 2003
- Alguns pontos ele acertou, como ao mencionar a melhora econômica em seu governo quando assumiu em 2003
- Lula se mostrou aberto ao diálogo. Defendeu a convivência entre os contrários. Declarou que aprendeu a conversar e negociar
(Cristiano Noronha, VP da consultoria política Arko Advice) – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seguiu uma linha esperada na entrevista ao Jornal Nacional. Encarou algumas perguntas difíceis, mas teve uma cordialidade do Bonner e da Renata que o ajudou.
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Alguns pontos ele acertou, como ao mencionar a melhora econômica em seu governo quando assumiu em 2003. Por outro lado, Lula assusta quando tenta justificar que a Operação Lava Jato foi ruim porque afastou investimentos futuros no Brasil.
No fim, o candidato conseguiu falar com o seu eleitor e com o eleitor em dúvida com mais naturalidade do que Jair Bolsonaro, que estava muito intimidado em estar no Jornal Nacional. Veja também a repercussão com analistas de mercado sobre as entrevistas ao JN dos candidatos Jair Bolsonaro e Ciro Gomes (PDT).
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Alguns pontos ele acertou, como ao mencionar a melhora econômica em seu governo quando assumiu em 2003. Ele afirmou que foi “massacrado”. Afirmou que a “corrupção só existe quando é investigada”. Lembrou medidas tomadas em seu governo, como a criação do portal da transparência e a lei anticorrupção.
Reconheceu que houve corrupção em seu governo ao dizer que “você não pode dizer que não houve corrupção se as pessoas confessaram”. No entanto, criticou o fato da Lava-Jato, no seu entendimento, ter ultrapassado os limites da investigação e ingressar no caminho da política, tendo “o Lula como objetivo”.
Outro aspecto importante do discurso envolve a questão da experiência para governar. Fez diversas referências à escolha do ex-governador de São Paulo (SP) Geraldo Alckmin (PSB) como seu vice, dizendo que “juntou experiências. O melhor presidente que o país já teve com o melhor governador que SP já teve”.
Questionado sobre o cenário fiscal de dificuldade e à falta de clareza do programa do PT, novamente, ele retomou a lembrança de seu legado. Lembrou que pegou o país numa situação difícil e entregou num cenário de bonança econômica e inclusão social.
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Num aceno ao setor privado, prometeu credibilidade, previsibilidade e estabilidade caso retorne ao Palácio do Planalto. Ao ser perguntado sobre a gestão econômica do governo Dilma Rousseff, reconheceu erros como o controle de preço dos combustíveis, as desonerações, mas responsabilizou também o então presidente da Câmara Eduardo Cunha (então filiado ao MDB) e o então senador Aécio Neves (PSDB). Disse que Dilma tentou corrigir o rumo da economia, mas foi impedida por ambos.
Além de frases de efeito como a de que “tem obsessão em recuperar o crescimento econômico e a geração de empregos, porque é possível fazer mais”, explorou o vínculo afetivo com as camadas mais pobres da população ao declarar que “se tem uma coisa que eu sei fazer é cuidar do povo”.
Lula se mostrou aberto ao diálogo. Defendeu a convivência entre os contrários. Declarou que aprendeu a conversar e negociar.
O ex-presidente prometeu uma convivência pacífica com o agronegócio, um dos setores produtivos que mais é simpático ao presidente Bolsonaro. No entanto, a afirmação de que “Bolsonaro está ganhando apoio do setor porque está liberando armas” pode repercutir negativamente junto ao setor. Também disse que o agro é contra o meio-ambiente.
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A entrevista de Lula no JN ficou dentro do esperado. O ex-presidente teve um desempenho satisfatório, mas isso não deve produzir efeito nas próximas pesquisas. Importante registrar que, por enquanto, Lula ainda carece de uma agenda de futuro, mais propositiva. A aposta continua sendo a comparação de seu legado com o governo Jair Bolsonaro, sobretudo na economia, com foco no eleitorado mais pobre.
Finalmente, ficou óbvio que os entrevistadores pouparam o ex-presidente de maiores constrangimentos. Tocaram em temas mais sensíveis para o ex-presidente sem a assertividade demonstrado com o presidente Bolsonaro.