Eduardo Mira é o especialista em renda variável da Me Poupe!. Professor e investidor há mais de 20 anos, é analista CNPI-T e especialista em finanças e investimentos, com pós-graduação em pedagogia empresarial, MBA em gestão de investimento e profissional ANBIMA CPA-10 e CPA-20. Também tem passagem por banco e corretora de investimentos.

Ele escreve mensalmente, às sextas-feiras.

Eduardo Mira

O que o pequeno investidor deve fazer diante da recessão dos EUA?

Dados da economia americana nesta semana apontaram contração

Foto: Envato Elements
  • Dados do PIB norte-americano reportaram resultado negativo pelo segundo trimestre consecutivo, frustrou a expectativa do mercado
  • Apesar de o risco de recessão global significar uma ameaça ao crescimento, o Brasil vive um momento diferente
  • O fato é que todos os ciclos trazem oportunidades: sempre haverá alguém comprando e alguém vendendo

A divulgação dos dados do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano reportando resultado negativo pelo segundo trimestre consecutivo frustrou a expectativa do mercado que previa crescimento de 0,4% e colocou os Estados Unidos no patamar de recessão técnica. A percepção dos analistas internacionais é de que este cenário se estenda pelo menos até o final de 2022, o que, obviamente, tende a reverberar nos mercados globais.

Sendo assim, a política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de aumento da taxa de juros terá de ser reavaliada na busca de um equilíbrio desafiador: manter taxas em patamares suficientes para conter a inflação e, ao mesmo tempo, criar estímulos à economia, para que a recessão não saia do controle.

Essa perspectiva levou à queda dos juros futuros e dos Treasures de dois anos, o que acabou animando algumas bolsas de valores, inclusive a brasileira, que fechou em alta na última quinta-feira (28).

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Esse ânimo na B3, além da influência de fatores internos, como a redução do preço da gasolina e a divulgação do Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) abaixo do projetado, decorre também da expectativa quanto à possibilidade de os títulos do tesouro dos EUA subirem menos, levando os investidores a buscar melhores oportunidades na renda variável, tanto na bolsa norte-americana como nas demais pelo mundo.

Ocorre, entretanto, que em cenários macroeconômicos com o grau de complexidade semelhante ao temos atualmente nada é simples e suas decisões como investidor vão requerer cada vez mais atenção e planejamento.

O mercado já espera que na próxima ata do Comitê de Política Monetária (Copom), a ser divulgada no próximo dia 03 de agosto, a Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, suba meio ponto porcentual, chegando a 13,75% e, a partir daí, comece a caminhar para o fim do ciclo de alta.

Apesar de o risco de recessão global significar uma ameaça ao crescimento, o Brasil vive um momento diferente: o fato de o Banco Central ter se antecipado, iniciando a elevação da taxa de juros bem mais cedo que os demais mercados do mundo, traz uma certa proteção. A inflação do segundo semestre tende a cair, fechando 2022 abaixo de 7%.

Dessa forma, nossa atual proteção à fuga de capitais é explicada pelo que o mercado chama de carry trade. Em bom português, temos um melhor “custo de carrego” em relação aos juros dos Estados Unidos.

A você, pequeno investidor, cabe a responsabilidade de olhar o cenário macroeconômico com atenção. Porém, com o cuidado de não operar notícias. Congelar e permanecer aguardando as situações se definirem não irá proteger seu capital.

O fato é que todos os ciclos trazem oportunidades: sempre haverá alguém comprando e alguém vendendo, nem todos agindo de acordo com as metas e estratégias traçadas nos momentos de planejamento, mas levados pelo pensamento de curto prazo.

Sua verdadeira proteção, neste momento, consiste em manter-se posicionado de forma fiel às suas metas e estratégias em vez de ficar tentando acertar o momento exato de investir, pois, quando o cenário estiver claro e os piores momentos fizerem parte do passado, os ativos certamente vão ter subido de preço.