O governo e os principais representantes do mercado financeiro ligaram o sinal de alerta e já estão em contagem regressiva no aguardo do que será aprovado no Congresso, até o fim do ano, em relação às “medidas saneadores” do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
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O alerta foi ligado nas principais mesas de operação do mercado em razão de o calendário ter ficado cada vez mais desafiador para o governo. Peça-chave desse quebra cabeça: teremos pouco mais de dois meses de atividades, na Câmara e no Senado até meados de dezembro (quando se inicia o recesso no Congresso).
A grande expectativa, em especial dos analistas do mercado, é saber qual será o volume de receita que virá das propostas em discussão hoje nas duas Casas.
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Lembra? Entre as medidas estão a taxação dos fundos fechados, taxação das offshores, taxação dos jogos na internet (Bets), subvenção (ICMS) e fim do Juros sobre Capital Próprio (JCP).
Até o momento, o governo conseguiu aprovar apenas o PL do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). O projeto muda as regras de julgamento do Conselho; em caso de empate, o voto volta a ser a favor do governo. A expectativa da área econômica é que essa medida gere cerca de R$ 54 bi de receitas extras, em 2024.
Destaco que, com base nas nossas últimas conversas aqui em Brasília, a tendência é que as propostas elencadas acima passem por alterações e não sejam aprovadas como o governo encaminhou.
Como está a cabeça dos principais atores do mercado financeiro, nesta reta final do ano?
Pesquisa realizada pela corretora Warren Rena com 108 representantes do setor (37 estrategistas/economistas, 51 traders/gestores e 20 outros) revela que o mercado, de forma geral, ainda tem dado um voto de confiança para o governo e o Congresso.
Para a maioria dos respondentes (76%) as medidas de recuperação de receitas serão aprovadas na Câmara e no Senado, até dezembro. Por outro lado, 22% avaliam como improvável.
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Também vale destacar que a maior parte dos respondentes (71%) espera que a Reforma Tributária do Consumo seja aprovada, no 2º semestre de 2023. O entendimento entre os 68% dos agentes do mercado é que a aprovação terá efeito positivo sobre os ativos domésticos.
A expectativa é que a proposta seja votada no Senado, na última semana de outubro. Depois ainda deve passar por um novo round na Câmara.
Juntando as peças
Em resumo, se olharmos apenas para os fatores internos e relacionados à agenda política/fiscal do atual governo, as respostas encontradas na pesquisa Warren Rena demonstram como está o humor dos investidores institucionais neste momento. Demonstram que apesar das incertezas em relação ao andamento da agenda de Haddad, ainda há uma esperança de que ela avançará.
Riscos para os ativos brasileiros
Mas nem somente de expectativas positivas vivem os players do mercado: o levantamento também captou que a frustração das receitas é considerada como um fator de grande preocupação.
Essa frustração viria da não aprovação de algum dos projetos ou de mudanças que deixariam as propostas com menor potencial de arrecadação.
Quando questionados sobre qual é o principal risco para os ativos brasileiros, 40,7% dos entrevistados dizem que é a frustração de novas receitas, oriundos dos projetos. Outros 40,7% apontam fatores externos como a elevação dos juros nos EUA. Esse segundo item foi determinante para a Bolsa brasileira fechar em queda de 2,3%, aos 116.009 pontos, na última semana.
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Para você que é investidor da Bolsa, destaco que ainda há muito espaço para volatilidades até o final do ano e até virada de humor no mercado financeiro caso um desses cenários acima (frustração de receita e juros mais elevados nos EUA) se concretizem.
Qual é a expectativa para a Bolsa e Câmbio?
Dentro do atual contexto em que ainda há um certo otimismo com a agenda do ministro da Fazenda no Congresso e incluindo as expectativas externas, a pesquisa Warren Rena identificou que para 44% dos respondentes, a Bolsa irá encerrar o ano de 2023 entre 120 e 130 mil pontos. Já 36% esperam um patamar entre 110 e 120 mil pontos, muito próximo do que temos hoje.
Em relação ao patamar do câmbio em dezembro, para 56% dos respondentes, o ele encerrará o ano entre R$ 4,80 e R$ 5. Vamos acompanhando.