- Quando falamos em educação, precisamos entender que as pessoas têm culturas, níveis de repertório e contextos sociais diferentes
- Não adianta você falar sobre investimentos utilizando termos específicos do mercado, como os tickers da Bolsa de Valores, para pessoas que não têm contato com esse universo
“É uma barbaridade o que a gente tem de lutar com as palavras, para obrigá-las a dizerem o que a gente quer.” Vi essa frase do poeta Mário Quintana em algum post de rede social recentemente e ela ficou martelando na minha cabeça desde então.
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Quando falamos em educação (e aqui incluímos a educação financeira, é claro), precisamos entender que as pessoas têm culturas, níveis de repertório e contextos sociais diferentes. Logo, também aprendem de formas diferentes.
Para Larissa Rebouças, estudante de Medicina e ex-coordenadora no projeto MedAprova, um cursinho universitário popular da Universidade Federal do Acre (UFAC), adaptar as aulas de forma a acompanhar a realidade dos alunos é importante para que eles se aproximem do conteúdo e criem uma memória pessoal.
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Ou seja, não adianta você falar sobre investimentos utilizando termos específicos do mercado, como os tickers da Bolsa de Valores, para pessoas que não têm contato com esse universo.
Em vez de fazê-las compreender o tema, a tendência é que você as afaste. Quando um aluno assiste uma a aula e não se identifica com nada do que foi dito nela, ele geralmente passa acreditar que aquilo não é útil para ele, que não faz parte do seu mundo.
Por isso a Multiplicando Sonhos (MS) utiliza em suas aulas analogias com conceitos que fazem parte do dia a dia dos jovens da periferia da cidade, como comparar a reserva de emergência com uma caixa d’água ou o “açaí com peixe frito”, termo que foi muito utilizado nas aulas para comparar o valor do dinheiro e gerou engajamento e conexão, uma vez que os alunos entendiam o que estava sendo dito.
Não basta falar, é preciso ser compreendido
Utilizar elementos e uma linguagem que os seus alunos, seguidores e colegas entendam garante que a comunicação seja efetiva. E é também o que vai nos levar a progredir na educação financeira no Brasil. Essa adaptação de termos e conteúdos também deve ser levada em conta pelo regionalismo.
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Em 2021, a Multiplicando Sonhos começou o seu projeto de expansão por todo território nacional. Queremos levar educação financeira para os jovens do ensino médio de todo o País. Mas isso significa, primeiro, adaptar nossas aulas para que elas atinjam de maneira eficaz os jovens de diferentes lugares do Brasil.
Quem também já percebeu isso é Valdene Webber de Curitiba (PR), facilitadora de treinamentos comerciais e professora Multiplicadora na MS, que já deu aulas sobre educação financeira no Acre e em São Paulo. “Adaptar a comunicação utilizando exemplos, palavras e segmentos de mercado específicos da região é vital para engajar as pessoas e conseguirmos entregar nossa mensagem buscando o bem maior, que é uma vida mais saudável, começando pelo financeiro”, diz a educadora.
O dinheiro de lá não é o mesmo dinheiro de cá
Em um primeiro momento, deixar de lado as suas próprias convicções sobre o dinheiro e vestir as roupas de outra pessoa, que tem uma cultura diferente da sua, pode ser desafiador. Mas garanto que pode trazer grandes ensinamentos também para quem ensina.
Conversar sobre o assunto com Elen Angela Dutra, servidora pública de Porto Velho (RO), educadora financeira e também professora Multiplicadora na MS, me mostrou isso. Ao contrário do que me parecia predominante anteriormente, nem todo mundo tem objetivos financeiros mega ambiciosos. E isso não quer dizer que essas pessoas não estejam sonhando grande.
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“Enquanto nas regiões Sul e Sudeste é muito marcante a característica de buscar continuamente crescimento profissional e aumento do nível de renda, na região Norte observa-se maior tendência a buscar qualidade de vida sem sobrecarga de trabalho, por exemplo, mesmo que isso signifique não conquistar níveis de renda mais altos”, me contou Elen.
Essa característica do Norte do país me lembrou que, às vezes, investir em ter uma boa qualidade de vida é o melhor investimento que você pode fazer. Esse é um ensinamento que os nossos ancestrais indígenas nos ensinaram e – ainda bem – segue vivo até hoje no norte do nosso País.
E assim a Multiplicando Sonhos segue na expansão da Educação Financeira pelo Brasil, trazendo para suas aulas o significado do dinheiro de acordo com a realidade da sua região e, principalmente, falando a língua do aluno.
Se você conhece a realidade financeira da sua região e tem vontade de ser um multiplicador de sonhos, entre em contato conosco por meio do nosso site.
Colaboração: Giovanna Castro
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