O começo do ano foi marcado pela ascensão do “risco Bolsonaro“, fantasma que vaga pelo mercado se perguntando: “o que será das estatais?”. As interferências do presidente na Petrobras (PETR3 e PETR4) reacenderam o medo generalizado da próxima jogada que coloque em xeque a independência da gestão de empresas públicas de capital aberto.
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O presidente do Banco do Brasil (BBAS3), André Brandão roubou os holofotes na última quinta-feira (18), ao anunciar que renunciaria ao cargo de presidente da instituição. Em seu lugar foi nomeado Fausto de Andrade Ribeiro, diretor da BB Administradora de Consórcios. A mudança passará a valer a partir de primeiro de abril.
Plano de Reestruturação
Brandão estava na presidência desde setembro de 2020, quando sucedeu Rubem Novaes. Em seus planos estava a digitalização do banco, que o motivou a fechar agências e instaurar um plano de demissão voluntária. A meta de fechamento de 361 unidades ainda estava em andamento, mas somente 112 destas foram efetivamente encerradas. Já o plano de demissão teve adesão de aproximadamente 5,5 mil funcionários.
Após ser informado sobre as estratégias de Brandão, Jair Bolsonaro teria ficado negativamente impactado. Apesar de desejar a demissão do presidente do banco na época, Jair Bolsonaro foi convencido por Roberto Campos Neto a manter o executivo no cargo.
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Esta ação teria sido interpretada negativamente pelo mercado, tal como ocorreu no caso recente da Petrobras (PETR4). No entanto, diferente do caso de sua irmã petrolífera, o Banco do Brasil (BBSA3) já havia sofrido quedas ao longo das especulações da demissão de Brandão, que finalmente se consolidou.
Interferência do executivo nas estatais
O problema central destas questões, porém, segue o mesmo fio condutor: a interferência do estatais. Bolsonaro, que foi eleito sob o manto liberal do ‘Chicago Boy’ Paulo Guedes, já não convence mais em se apresentar como seguidor de seu próprio conselheiro econômico. Se durante as eleições Bolsonaro dizia que as especificidades econômicas ficariam inteiramente a cargo de Guedes, esse não parece mais ser o caso.
Durante o caso da saída de Castello Branco, cuja substituição foi enfaticamente desencorajada por Guedes, pudemos compreender que, o poder Executivo vai interferir sempre que achar necessário. Este entendimento trouxe um alerta vermelho na mente dos investidores, que, em grande parte, buscaram se dissociar dos papéis das estatais; visto na queda conjunta entre a Petrobras e o Banco do Brasil, quando a primeira foi alvo de interferência do executivo.
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Neste contexto, a mídia internacional refletiu a preocupação de investidores estrangeiros quanto ao risco do mercado brasileiro. Neste momento, é difícil ter a visibilidade necessária para compreender se estamos diante de uma queda temporária e propensa ao fomento de oportunidades, ou de uma baixa desalentadora.
O que o investidor pode fazer?
Para aumentar as incertezas, há novos agentes políticos em cena para as eleições de 2022, o que impede a compreensão geral dos próximos anos. Porém, em tempos de instabilidade política, o investidor deve confiar na diversificação de sua carteira para ultrapassar as dificuldades. Tenha em mente que uma carteira forte deve se apoiar em diferentes setores e tipos de empresa.
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No mais, é sempre útil manter ativos que se valorizem com a alta do dólar, tais como, ações estrangeiras, empresas exportadoras, ou, até mesmo, fundos cambiais. Em tempos difíceis, o hedge se faz especialmente necessário. Hora de ajustar as velas à velocidade do vento. Tempos de touro ou tempos de urso à frente?
Assista ao vídeo sobre a renúncia de presidente do Banco do Brasil (BBAS3):
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