O ano de 2020 será eternamente lembrado como o ano da pandemia causada pelo novo coronavírus (covid-19). Em meio às fatalidades e desafios econômicos, houve quem ultrapassasse a tempestade sem muitos problemas. Ou melhor, houve quem ganhasse com as oportunidades aproveitadas frente às circunstâncias impostas. Com isso, os bem aventurados foram os investidores atentos e as empresas bem geridas, que souberam coordenar os recursos para um fim eficiente.
Leia também
Em março, após a queda astronômica da B3 (B3SA3), inúmeros investidores aproveitaram o momento para adicionarem alguns ativos em suas carteiras. Esta estratégia se mostrou bem sucedida, uma vez que o Ibovespa conseguiu se recuperar ainda em 2020. Se sua pontuação fechou o último dia de dezembro de 2019 em 115.645 pontos, um ano depois parecia que nada havia acontecido, com o fechamento da bolsa estabelecido em 119.010 pontos.
Do lado das empresas, os negócios de e-commerce foram recompensados pelos amplos investimentos e pioneirismo no ramo do marketplace digital. Testadas em um momento de restrições sociais instituídas pelo governo, as corporações e pequenos negócios deram passos largos em direção à digitalização de suas lojas.
Publicidade
Além do ramo das empresas de crescimento, comércios voltados ao abastecimento exterior também apresentaram resultados generosos. Com a demanda internacional estável, baixa no câmbio e rápida recuperação econômica chinesa, as blue chips exportadoras viram suas ações serem amplamente valorizadas.
Pensando nisso, elencamos alguns papéis que se destacaram em meio aos 300 ativos listados na B3.
E-commerce
Considerada por muitos como uma empresa de tecnologia, a Magazine Luiza (MGLU3) conseguiu usar a lógica do marketplace a seu favor. Os investimentos no digital foram ampliados e as vendas diretas foram estimuladas. Durante o ano, a corporação apresentou resultados generosos, enquanto suas ações tiveram alta de 104,84%.
Já a B2W (BTOW3), empresa que funciona como host para lojas digitais já bem consolidadas, tal como a Submarino, Americanas (LAME4) e Shoptime, viu suas ações crescerem 21,17% em 2020. A rápida identificação de oportunidades e gestão eficiente, além do sistema multicanal, foram alguns dos fatores que impulsionaram a corporação durante o ano.
A Via Varejo (VVAR3), dona das marcas Ponto Frio e Casas Bahia, também conseguiu reverter os prejuízos registrados em 2019. Só no terceiro trimestre de 2020, a empresa registrou lucro de R$ 590 milhões, sendo que o e-commerce correspondeu à 41% do total das vendas. Impulsionada, também, pelas vendas sazonais e de fim de ano, a empresa teve alta anual de 40,52% em suas ações.
Exportadoras
Se por um lado as empresas de crescimentos observaram seus lucros se multiplicarem, as grandes blue chips de valor também viram suas receitas dispararem. A demanda internacional estável, baixa cambial e rápida recuperação econômica chinesa valorizaram os papéis de empresas voltadas ao comércio exterior, tal como:
A Marfrig (MRFG3), segunda maior empresa de carne bovina do mundo, aproveitou a alta nos preços médios das exportações e faturou R$ 673,6 milhões no terceiro trimestre de 2020. O resultado é seis vezes maior do que o registrado no mesmo período de 2019. Quando analisamos seus papéis, vemos que a tendência se repete, sendo que as ações da corporação apresentaram alta de 48,67% no ano.
Leia também: Quais ações podem se valorizar com o acordo Mercosul-União Europeia
Em convergência com a onda positiva que afetou a Marfrig, a JBS (JBSS3) também registrou lucros com a exportação de carnes. No terceiro trimestre deste ano, a empresa registrou lucro de R$ 3,132 bilhões, valor 778,2% vezes maior do que o registrado no mesmo período de 2019. Além disso, a empresa abriu 3 mil vagas de trabalho no começo do ano, indo na contramão de outros comércios, que optaram pelo corte de gastos e demissão de funcionários. Apesar de queda de 10,38% em suas ações ao longo do ano, o cenário estável de receitas sugere que há grandes possibilidades de crescimento no futuro.
Outro ramo que se aproveitou do câmbio atraente e demanda global ampla foram as empresas de papel, tal como a Klabin (KLBN4) e a Suzano (SUZB3). Com a expansão no setor de vendas on-line, a procura por embalagens cresceu exponencialmente. Além disso, a demanda por insumos sanitários, tal como papel higiênico e materiais hospitalares, também contribuiu para a expansão nas vendas. Por conta do cenário favorável, as ações da Klabin subiram 46,76% em 1 ano. A Suzano seguiu o mesmo rumo, com alta de 46,35% na B3.
Publicidade
Outra Blue Chip que fez sucesso no último ano foi a Vale (VALE3). A empresa foi beneficiada pela alta no preço do minério de ferro, que atingiu seu valor mais alto desde 2013. Em comunhão com a vantagem monetária, houve expansão na demanda chinesa por ferro, fato que privilegiou as ações da Vale, que cresceram 63,15% em 2020.
Com resultados acima do esperado, a siderúrgica Gerdau (GGBR4) registrou lucro líquido de R$ 795 milhões no terceiro trimestre. O valor representa um salto de 175% em relação ao mesmo período em 2019. A empresa também se aproveita das operações intercontinentais e a alta no valor do minério de ferro. Quanto às ações, a corporação registrou alta de 22,99% durante o ano.
No mais, a Weg (WEGE3), empresa exportadora de bens industriais, também registrou amplos ganhos neste ano. Além de ser beneficiada pelos fatores já mencionados, a Weg possui um diferencial: suas fábricas estão espalhadas por vários países. Isso contribuiu para que a empresa não fosse afetada de uma só vez pela pandemia, já que cada país entrou em quarentena em tempos diferentes. Em apenas 12 meses, as ações da Weg subiram 114,32% na Bolsa de Valores.
Bolsa de Valores
A B3 foi um dos grandes destaques do ano. Desde o fim de 2019, o número de pessoas cadastradas na Bolsa de Valores quase dobrou. O resultado se deve à mínima histórica da taxa de juros, que estipulada a 2% a.a, tornou os investimentos em renda fixa pouco rentáveis. Como reflexo, a renda variável se popularizou entre os que buscavam ativos com retornos mais atraentes.
Em novembro, a B3 computou movimentação de R$ 34,177 bilhões em ativos, valor 74,9% maior do que o mesmo período de 2019. A onda favorável fez com que as ações da B3 se valorizassem 40,19% em 2020.
Assista ao vídeo sobre as 10 ações que mais beneficiaram com o coronavírus: