- Nem sempre um grande banco é quem está próximo do produtor rural. Muitas vezes são as cooperativas que fazem este trabalho
- Muitos investidores não sabem, mas assim como o Fundo Garantidor de Crédito (FGC que resguarda os títulos de investimento emitidos pelos bancos), o FGCoop (Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito) garante segurança para os títulos emitidos pelas cooperativas de crédito
Com participação de 25% no PIB do Brasil, o agronegócio se tornou o maior pilar de crescimento do País, por um motivo muito simples. O avanço das tecnologias de produção faz com que o produtor rural produza cada vez mais, em menos tempo e no mesmo pedaço de terra.
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Na pecuária, a introdução do IATF (Inseminação Artificial por Tempo Fixo), faz com que o sêmen de um boi de muita qualidade seja inseminado na vaca. Isso faz com que o bezerro que nascerá seja maior e deverá engordar mais rápido para ser abatido. É a tecnologia a serviço do agro. Por isso, o setor bate recorde de produção ano após ano.
Na agricultura, a lógica é a mesma. Sementes geneticamente modificadas, técnicas mais avançadas de plantio com o apoio da Embrapa e fertilizantes cada vez melhores deixaram a produção mais rápida.
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Toda essa revolução precisa de financiamento para acontecer, ou seja, dinheiro. Um dos setores que mais contribuem para essa revolução é o financeiro, apoiado pelas cooperativas de crédito. Nem sempre um grande banco é quem está próximo do produtor rural.
Muitas vezes são as cooperativas que fazem este trabalho. Elas cresceram muito nos últimos 20 anos. Para ser uma ideia, a carteira de crédito das cooperativas atingiu R$ 358,5 bilhões em maio deste ano, crescimento de 38% em relação ao mesmo período de 2022.
Muitos investidores não sabem, mas assim como o Fundo Garantidor de Crédito (FGC que resguarda os títulos de investimento emitidos pelos bancos), o FGCoop (Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito) garante segurança para os títulos emitidos pelas cooperativas de crédito.
Na prática, o FGCoop, assim como o FGC, resguarda até R$ 250 mil, por CPF ou CNPJ e por cooperativa a garantia de que, se esta vier a quebrar, o investidor será ressarcido. Na prática, investir R$ 100 mil em um RDC de uma cooperativa e R$ 100 mil no CDB de um banco, do ponto de vista de segurança, é a mesma coisa.
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Para entender melhor como funciona o FGCoop, fiz uma entrevista exclusiva com o Diretor-Executivo, Adriano Ricci.
1 – Qual o montante que o FGCoop tem no cofre para socorrer uma cooperativa de crédito?
Atualmente estamos com R$ 3,5 bilhões em caixa, um aumento de mais de 38% se comparar maio de 2022 a maio de 2023. Até o final deste ano teremos R$ 4,3 bilhões. Além dos depósitos dos nossos associados, que crescem rapidamente, ainda investimos esse montante sempre buscando superar o CDI.
2 – Esse montante é suficiente para dar segurança para o sistema de cooperativas de crédito?
Desde 2014, quando o FGCoop foi criado, tivemos apenas 4 liquidações de cooperativas e usamos somente R$ 50 milhões do nosso fundo. Isso demonstra que o nosso sistema é tão seguro quanto o FGC, que serve como garantia para os bancos.
3 – Como o FGCoop atua?
Mais do que simplesmente ressarcirmos os cooperados quando existe um problema de liquidação, nós atuamos na prevenção de problemas. Nosso conselho, formado por 8 integrantes, discute o tempo todo quais instituições estão com problemas e em qual nível. Se observamos que é grave, auxiliamos para que outra cooperativa incorpore esta que possui problemas e podemos fornecer assistência financeira nesta operação. Isso tem funcionado muito bem.
4 – Como vocês enxergam o FGC, que serve como garantia para os Bancos?
Eu diria que somos um filho do FGC. Por serem mais antigos, mais estruturados e terem uma curva de aprendizado muito maior do que a nossa, procuramos seguir os passos do FGC. A nossa comunicação é constante e quem ganha com isso é o sistema financeiro do país, que fica muito mais sólido.
O ressarcimento de R$ 250 mil por CPF ou CNPJ que é um valor que poucos brasileiros possuem, coloca o Brasil entre a elite global quando falamos de liquidação de instituições financeiras.
5 – O mercado de cooperativas continua acelerando?
Diferente dos bancos, que fecham cada vez mais agências, as cooperativas abrem cada vez mais agências. Hoje, já são mais de 9 mil pontos de atendimento e em breve vamos bater 10 mil. Temos quase 315 municípios que possuem uma cooperativa, mas não possuem nem se quer um único banco. Se a população souber as vantagens de ser um cooperado, seja para investir ou até mesmo conseguir crédito, teríamos filas na porta de cada agência.