Investimento não é cassino

Fabrizio Gueratto tem quase 20 anos de experiência no mercado financeiro. É especialista em investimentos, professor de MBA em Finanças, autor do livro “De Endividado a Bilionário”, fundador da Gueratto Press e criador do Canal 1Bilhão, com quase 21 milhões de visualizações no YouTube

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Fabrizio Gueratto

Quem é o investidor por trás dos unicórnios Hotmart, Loggi e Gympass?

Entenda como você pode encontrar boas startups para investir

Marcelo Gonçalves, sócio-fundador da Domo Invest (Foto: Divulgação Domo)

Após o Nubank ser avaliado em US$ 25 bilhões, preparar seu IPO na bolsa americana e se tornar o maior unicórnio brasileiro de todos os tempos, a pergunta que todos fazem é: Como isso foi possível?

Queria entender qual a fórmula para que, ideias que surgem as vezes em um papo de bar, tornam-se startups que depois viram colossos que valem mais de US$ 1 bilhão. Quem me acompanha no Instagram sabe que sou viciado em um esporte chamado beach tennis. Para quem não conhece, é um jogo de tênis, mas na areia.

Meu grande parceiro de jogo é o Marcello. Como estamos ali com o único objetivo de nos divertir, nunca paramos para conversar sobre o trabalho de cada um. Porém, ontem um fez para o outro a famosa pergunta: o que você faz?

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Contei sobre o canal 1Blhão Educação Financeira e descobri que Marcello Gonçalves, sócio-fundador da Domo Invest, é um dos maiores investidores de startup do País, por trás de unicórnios brasileiros como: Hotmart, Loggi e Gympass. Prepare-se para entender como pensa a pessoa investe milhões em uma pequena empresa e faz ela valer bilhões em poucos anos.

Veja abaixo a entrevista exclusiva que fiz com ele:

1 – De forma prática. Quais são os primeiros passos para quem quer montar uma startup de sucesso?

Primeira coisa que o empreendedor precisa entender é que ele vai precisar de sócios, pelo menos dois. Estes sócios precisam ter habilidades diferentes das dele, que sejam complementares. Também precisam ser resilientes porque em diversos momentos todos irão pensar em desistir e um precisa segurar o outro.

A segunda coisa importantíssima é encontrar a dor das pessoas, ou seja, um problema que precisa ser resolvido. Por exemplo, no caso do Gympass, a dor que é solucionada é o fato das pessoas pagarem a academia, mas não usarem. No caso da Loggi, o serviço de motoboy nas grandes cidades era feito de forma amadora, sem controle e sem tecnologia, o que deixava o cliente inseguro. No caso da Hotmart, era a falta de uma plataforma em que as pessoas pudessem vender seus produtos digitais, como cursos, músicas e e-books.

Perceba que todas estas startups resolvem problemas do cotidiano das pessoas.

2 – Entendi. Mas só isso não basta para a startup explodir, correto?

Com certeza não. Existem mais duas coisas importantes ainda. A terceira coisa após encontrar os sócios e ter uma grande ideia é validar esta ideia. Perguntar para as pessoas a sua volta se elas consumiriam este produto ou serviço. Essa pesquisa pode ser feita falando pessoalmente, montando uma lista de transmissão no whats app ou até mesmo uma pesquisa on-line.

Por último, é necessário meter a mão na massa e colocar de pé e fazer o MVP, traduzindo para o português, produto minimamente viável. Ou seja, se as pessoas aceitam pagar aquele valor que você está propondo, se a empresa consegue ser economicamente viável e se as pessoas gostam de verdade do que está sendo oferecido.

3 – Do ponto de vista do pequeno investidor. Como ele pode encontrar boas startups para investir?

Um erro clássico é investir porque ouviu uma ideia de um amigo e colocar todo o dinheiro em so uma startup. Investimento em startups possui alto risco, assim como alta possibilidade de retorno. Se você tem R$ 50 mil, você deve investir R$ 5 mil em 10 empresas diferentes. Por isso a necessidade de fazer a aplicação através de um fundo de investimento especializado neste tipo de negócio. A outra opção é fazer parte de um grupo de anjos, pois já é feito um filtro antes e o risco é reduzido.

4 – Como você escolhe as empresas que você irá investir milhões?

Primeiro olho a solução que aquela startup traz para resolver um problema. Depois sigo Warren Buffett, ou seja, só invisto naquilo que entendo. Eu preciso entender exatamente o potencial daquela empresa e porque as pessoas irão gostar.

Na reunião, avalio se as pessoas que estão a frente do negócio sabem ouvir e, principalmente, se sabem rebater os pontos que coloco. Por último, e não menos importante, avalio as pessoas. Se elas são resilientes, humildes em entenderem que precisam do nosso apoio para avançarem ainda mais e que não querem apenas o nosso dinheiro, mas o nosso apoio como um todo.

Neste caso, entra o nosso network, know how e outros ativos que não tem como mensurar. Quem quer apenas o meu dinheiro, está no lugar errado.

5- Neste momento você está procurando novas startups com potencial de virarem um Unicórnio?

Estou sempre buscando. Olho todas as mensagens que chegam para mim. Para que eu invista, a empresa já precisa estar funcionando, rodando e faturando, mesmo que seja pouco. Não adianta vir apenas com uma ideia. Para quem tem apenas uma ideia, existem os investidores anjo, que entram antes da gente.

6- Agora a pergunta de US$ 1 bilhão. Como você sabia que a Hotmart, Loggi e Gympass seriam grandes unicórnios?

Aí que está a questão. Eu não sabia. Na verdade, todos os nossos investimentos têm este potencial, mas sabemos que a maioria nunca chegará lá. Por isso, investimos em muitas ao mesmo tempo. Mas alguns pontos estas 3 startups possuem em comum: elas resolviam um problema das pessoas de forma clara, possuíam sócios com muita garra, resiliência e que sonhavam grande. Sonhar grande e sonhar pequeno dá o mesmo trabalho.