A Faria Lima impacta mais a vida do pobre do que do rico (Foto: Adobe Stock)
Confesso que, como muitos que acompanham de perto o mercado financeiro e a política nacional, tenho cada vez mais convicção de que a verdadeira esperança da Faria Lima está nas eleições de 2026, como uma espécie de redenção para um governo que, a cada semana, comprova sua incapacidade de gestão.
Não há planejamento, não há articulação, tampouco competência técnica para gerir a complexidade de um País como o Brasil. O que se vê são trapalhadas sucessivas: do erro de comunicação do Pix à confusão em torno do IOF, passando pelo vaivém de declarações econômicas que geram mais ruído do que confiança, tanto dos agentes econômicos quanto da população. A economia segue sem rumo, apesar do PIB aquecido sustentado pelo agronegócio, com intervenções pontuais que pouco ou nada resolvem os problemas crônicos do país.
A mais recente pesquisa Quaest revelou um dado que muitos, tanto no mercado quanto na política, já percebem faz tempo: a impopularidade de Lula só cresce e, na minha visão, como já dito aqui anteriormente, não há mais como ser revertida.
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O governo perdeu completamente a narrativa de que seria responsável pela estabilidade e crescimento. A aposta em medidas populistas, na busca de melhorar a popularidade combinada à total ausência de uma agenda reformista consistente, vai minando a confiança do empresariado.
Já a população demonstra cansaço com um governo que parece ter ficado preso ao passado, incapaz de compreender as necessidades do presente. Mesmo quem não entende absolutamente nada de economia ou política percebe o seu poder de compra reduzindo quando vai ao mercado.
Inevitavelmente, esse cenário abre espaço para uma alternativa à esquerda que hoje governa. E é aqui que a Faria Lima, junto com setores produtivos, deposita suas fichas: em alguém de direita ou centro-direita, com perfil mais pró-mercado, desenvolvimentista, que entenda a necessidade de destravar o ambiente de negócios, estimular investimentos e gerar empregos. Mas, se a economia clama por racionalidade, o jogo político tem suas complexidades.
Jair Bolsonaro, protagonista da oposição nos últimos anos, dificilmente será candidato em 2026, afinal, está inelegível. Porém, segue sendo a figura central sem a qual qualquer candidatura à direita não se viabiliza. Nenhum nome conseguirá vencer sem o apoio ou pelo menos a neutralidade do ex-presidente.
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Bolsonaro quer manter o poder dentro da família, preservando a base eleitoral que construiu nos últimos anos. Mas sabemos: Brasília é um jogo de forças, em que nem sempre querer é poder. Dito isso, é muito provável que a pressão do Centrão, especialmente sob a liderança estratégica de Gilberto Kassab [presidente do PSD], seja determinante para convencer Bolsonaro a recuar e apoiar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
E sejamos francos: Tarcísio é hoje, talvez, o único nome com potencial real de unir a direita, garantir apoio do mercado e oferecer estabilidade política. Tem perfil técnico, capacidade de gestão e, acima de tudo, trânsito junto a setores que são essenciais para destravar a economia brasileira. Bolsonaro pode, sim, ficar sem saída: se insistir em um nome da família, corre o risco de fragmentar a direita.
Enquanto isso, o mercado segue anestesiado, em compasso de espera, aguardando 2026 como quem aguarda uma janela de racionalidade após anos de improviso e populismo. A Faria Lima, hoje, não tem outra escolha a não ser esperar. Como investidor e analista, penso que o Brasil só retomará o caminho do crescimento sustentável quando conseguir aliar responsabilidade fiscal, reformas estruturais e gestão eficiente.
Por ora, nada disso está no horizonte próximo. Por isso, sigo acreditando: a nossa esperança está em 2026. Quando digo que a Faria Lima impacta mais a vida do pobre do que do rico é porque sei do que estou falando.
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O mercado financeiro é o topo do capitalismo e o primeiro que dita a tendência do que acontecerá no futuro próximo. Se este está otimista, mostra que o país está crescendo e o dinheiro circulando. Isso amplia a geração de negócios e, consequentemente, o emprego e a renda. O contrário também é verdade. Esse preconceito de que os homens dos coletinhos são os únicos beneficiados pelo progresso é uma falácia. Não é assim somente no Brasil. É assim no mundo todo. Os sábios já sabem disso e fazem melhores escolhas nas eleições.