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Investimento não é cassino

Fabrizio Gueratto tem quase 20 anos de experiência no mercado financeiro. É especialista em investimentos, professor de MBA em Finanças, autor do livro “De Endividado a Bilionário”, fundador da Gueratto Press e criador do Canal 1Bilhão, com quase 21 milhões de visualizações no YouTube

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Fabrizio Gueratto

Tanure diz que não participará da reestruturação da Oi (OIBR3)

Uma fonte que acompanhou de perto as conversas de Tanure confirma que ele prefere escolher as batalhas que lutará agora

Tanure diz que não participará da reestruturação da Oi (OIBR3)
Fachada da Oi (OIBR3). Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO
  • Procurado, Tanure informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não possui vínculos de investimento com o fundo Nova Oi da Trustee e que "há total desinteresse, nesse momento, na companhia". Procurada, a Oi não respondeu se gostaria de comentar o caso; o canal fica aberto

Eu sempre falo: se quer perder dinheiro, basta se apaixonar por uma ação; e a Oi (OIBR3) é um desses cases que reúnem fanáticos. E me sinto mais à vontade de falar sobre a empresa porque eu já tive o papel na minha carteira. No dia de ontem, mais um fato colocou em dúvida sobre qual o futuro da empresa. A assembleia de credores, que deveria ocorrer na última terça-feira, foi suspensa, após a votação da maioria que decidiu pelo adiamento.

A Oi (OIBR3) entrou em recuperação judicial em 2016, com uma dívida de R$ 65 bilhões, considerado o maior caso deste tipo na Justiça brasileira. Para tentar pagar os credores, a empresa vendeu a sua operação de telefonia móvel e os concorrentes logo se juntaram para comprar o negócio. Vivo (VIVT3), Tim (TIMS3) e Claro dividiram os clientes e as áreas de atuação. Afinal, é melhor dividir do que entrar um novo concorrente, possivelmente estrangeiro, e iniciar uma guerra de preços, o que prejudicaria todo o setor.

Recentemente, mais um fato colocou holofotes na companhia. Uma apuração realizada pelo Broadcast, do Estadão, confirmou que o bilionário Nelson Tanure, conhecido por entrar em empresas que precisam de reestruturação, como a companhia de energia Light do Rio de Janeiro, estava montando posição nos papéis da Oi – por meio da Trustee Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários – com a intenção de assumir o controle, apontar nome de membros ao conselho e renegociar com credores o plano de recuperação judicial. Veja mais detalhes aqui.

É impossível precisar qual é o tamanho da influência do megainvestidor na operação, mas o fato é que ele afirmou agora que, neste momento, não deve participar da reestruturação da companhia. Uma fonte que acompanhou de perto as conversas de Tanure confirma que ele prefere escolher as batalhas que lutará e que a Oi, além de demandar muito esforço, consiste em uma guerra em que o risco versus o retorno é muito alto.

Procurado, Tanure confirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não possui vínculos de investimento com o fundo Nova Oi da Trustee e que “há total desinteresse, nesse momento, na companhia“. Procurada, a Oi não respondeu se gostaria de comentar o caso; o canal fica aberto.

Um outro ponto analisado pelo megainvestidor, segundo a fonte, foi o fato de que seria necessário um aumento de capital e, portanto, não seria prudente canalizar mais recursos para uma empresa com tantos problemas. Acredito que, quando um megainvestidor como Tanure decide fugir de um ativo, com certeza todo acionista precisa repensar se sua estratégia realmente está correta.

Nota da redação: no mesmo dia, após a publicação da coluna, a Oi divulgou via fato relevante que fundos de investimento geridos pela Trustee reduziram sua participação acionária para menos de 5% do capital social.  O texto foi atualizado para adicionar essa informação e incluir mais detalhes sobre a apuração realizada pelo Broadcast, que já havia confirmado que, de fato, Nelson Tanure estava montando posição nos papéis da companhia.

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