O que este conteúdo fez por você?
- Ao fazer o exercício proposto por Howard Marks em “O mais Importante para o Investidor”, você vai refletir se deveria mesmo ter cautela com o momento de mercado atual
- O personagem da Turma da Mônica “Do contra" é a versão brasileira do “contrarian", comportamento recomendado por profissionais para ter sucesso nos investimentos
“Precisa-se de muita coragem para comprar quando os outros estão vendendo de forma melancólica e vender quando outros estão comprando com euforia; isso, entretanto, é o que proporciona os maiores lucros”. A frase é John Templeton, mas entrei em contato com ela no livro “O Mais Importante para o Investidor”, de Howard Marks. Essa é uma daquelas obras definitivas entre as leituras para investidores. Não dá pra “desler”.
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Depois dela, já aviso, você vai passar a julgar comentários de investidores nas rodinhas de amigos e familiares. Na sua mente, vai piscar: “Ih, tá fazendo tudo errado…”.
Esse é um livro que cito com frequência para seguidores e clientes – e até dei de presente pro meu pai no ano passado. Deixe-me, entretanto, dar os devidos créditos à carta de janeiro da gestora Spectra, que indica o livro e me fez pensar que ele é de fato uma leitura obrigatória hoje.
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Eu já li este livro ou trechos dele em diferentes momentos e o mais impressionante é ver como ele é especialmente perfeito em duas situações opostas: nos picos de euforia e também nos de pessimismo dos mercados.
Gosto especialmente da página 157, em que Marks nos leva, em um diagrama, a circular palavras que mais refletem o momento que vivemos.
Deixe-me simular aqui com você com algumas delas que não demandam uma análise de mercado profunda, só sentimento. Vá com sua intuição. O que você diria sobre o momento de mercado que vivemos:
Perspectivas: positivas ou negativas? Capital: abundante ou escasso? Condições: fáceis ou restritivas? Taxas de juros: baixas ou altas? Investidores: otimistas ou pessimistas? Confiantes ou aflitos? Ansiosos para comprar ou desinteressados em comprar? Vendedores: poucos ou muitos? Desempenho recente: forte ou fraco? Qualidades populares: agressividade ou cautela?
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Posso apostar que, a cada pergunta acima, você optou pela segunda palavra, chegando a perspectivas negativas, capital escasso, condições restritivas, taxas de juros altas, investidores pessimistas, aflitos e desinteressados em comprar, muitos vendedores, desempenho recente fraco, cautela como qualidade popular.
Esse, diz Howard Marks, é um simples exercício que pode nos ajudar a tirar a temperatura dos mercados futuros. Você deveria ter cautela se tivesse assinalado, na maior parte dos casos, a primeira palavra. Não é o que acontece hoje. Porém, é a cautela que predomina.
É claro que isso não significa que tudo que cai volta a subir. Para ter sucesso com essa abordagem, é preciso ter selecionado bem os investimentos e montado uma carteira diversificada – para não errar grande.
Agora é fato que, nas palavras de Marks, “o movimento dos mercados é cíclico, sobem e descem”.
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Um pouco de literatura de investimentos faz bem em momentos como esse. Howard Marks, David Swensen, Morgan Housel… todos eles falam sobre a necessidade de ser “contrarian” ao investir. Para brasileiros, podemos traduzir como “Do contra, o personagem da Turma da Mônica. Ou seja: para ter bons resultados com ativos de risco no longo prazo é preciso ir contra o pensamento e a atitude de manada.
Em outras palavras: quando todos estiverem vendendo desesperadamente, você deveria estar comprando – ou ao menos, sem fazer nada.
Por isso, vou engrossar o coro na recomendação de leitura para este começo de ano: “O Mais Importante para o Investidor” de Howard Marks. Vai mudar a sua cabeça quando o assunto for construção de patrimônio para o longo prazo.