Descomplicando os investimentos

Luis Cláudio é Diretor Geral da Ágora Investimentos. Pós-graduado em mercado de capitais, ele soma mais de 35 anos de experiência no mercado financeiro. O seu objetivo é ajudar as pessoas que querem investir para concretizarem seus objetivos financeiros por meio da educação, análise e acesso à produtos de maneira acessível e descomplicada.

Escreve na primeira quarta-feira de todo mês.

Luis Cláudio Freitas

Tudo o que você precisa saber sobre ofertas públicas

Independentemente do modelo da oferta é importante analisar todos as informações preliminares disponíveis

(Fonte: Shutterstock/Reprodução)
  • Certamente você já se deparou com ofertas públicas no mercado de investimentos. Trata-se de uma das formas que as empresas têm de captar recursos
  • O IPO pode ser primário ou secundário e existem ofertas públicas em ações, renda fixa e fundos de investimento
  • Além de entender os motivos pelos quais a empresa está captando dinheiro através das ofertas públicas, é importante também analisar todas as condições que constam no prospecto da oferta

Certamente você já se deparou com esse tipo de oferta no mercado de investimentos, que nada mais é que uma das formas que as empresas têm de captar recursos quando necessitam investir em novos projetos, expansão, fortalecer o caixa da empresa, quitar dívidas, entre outros fatores.

Você pode investir através de uma oferta pública por meio de um IPO ou de um follow-on, dependendo da situação da empresa emissora, mas vamos esclarecer a diferença entre os dois meios de ofertas: O IPO vem do termo em inglês Initial Public Offering e, na prática, marca a abertura de capital da empresa para novos investidores. Além disso, o IPO pode ser primário ou secundário.

Quando a empresa abre capital em ações na bolsa através de uma oferta primária, o dinheiro da negociação vai para o caixa da companhia. Já na oferta secundária, os recursos captados servirão para ressarcir um ou mais sócios que desejam se retirar da empresa, colocando suas ações no mercado.

Independentemente do modelo da oferta é importante analisar todos as informações e detalhes que constam no prospecto preliminar da operação que informa todos os aspectos da oferta pública e que é um documento obrigatório para cada oferta, regulado e exigido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Já a oferta pelo follow-on também visa ser uma fonte de captação de recursos para a empresa, sendo que basicamente a diferença é que ela é feita depois do IPO. Ou seja, quem faz um follow-on é uma empresa que já abriu o seu capital.

Além de entender os motivos pelos quais a empresa está captando dinheiro através das ofertas públicas, é importante também analisar todas as condições que constam no prospecto da oferta, instrumento obrigatório para que o investidor possa fazer a reserva, e claro, o mercado de atuação da empresa, condições macroeconômicas, entre outros, além do potencial retorno com o preço ou taxa de retorno objeto da oferta.

Em resumo, existem 3 tipos de ofertas públicas:

1. Ações

As ofertas públicas de ações ocorrem quando uma companhia decide abrir seu capital na bolsa ou fazer seu follow on, e pode ser uma oferta primária ou secundária como falamos anteriormente. Em ambos os casos, por se tratar de um investimento em ações, os investidores interessados e que adquirirem tais ativos passam a se tornar sócios, tendo direito a participação no lucro ou, até mesmo, poder de voto nas assembleias e todos os direitos e obrigações que as ações sejam do tipo ordinárias e preferenciais conferem aos respectivos titulares.

2. Títulos de renda fixa

Outro veículo que as companhias utilizam para se capitalizar é através da emissão de títulos de renda fixa, como debêntures (tradicionais ou incentivadas), CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio), CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios).

Aqui temos boas opções, inclusive com títulos isentos da incidência do IR para investidores pessoa física e com taxas atrativas, porém é bom analisar todas as condições da oferta, como risco de crédito, risco de mercado e risco de liquidez, pois podem ser fatores decisórios na hora de aderir a oferta, além do potencial retorno com a taxa exposta.

3. Fundos de Investimento

Algumas cotas de fundos de investimento também são distribuídas através das ofertas públicas. Esse é o caso dos Fiagros (Fundos de Investimento do Agronegócio), FIIs (Fundos de Investimento Imobiliário) e os FIPs (Fundos de Investimento em Participações).

Agora que você conhece os tipos de ofertas públicas, deve estar se questionando qual a vantagem de investir através dela, já que já existe uma infinidade de ações, títulos de renda fixa e fundos de investimento já sendo negociados diariamente.

Em resumo, a principal vantagem de se investir em ativos através das ofertas públicas é o potencial de retorno, seja no curto ou no logo prazo. Imagine que se determinada companhia tem a necessidade de se capitalizar através das ofertas públicas, seus ativos – e perspectivas – precisam ter características atrativas, justamente para que despertem o interesse do investidor, em detrimento de outras alternativas já disponíveis no mercado.

E quais os riscos envolvidos?

Além dos riscos envolvidos em qualquer transação com valores mobiliários, como risco de crédito, risco de mercado e risco de liquidez, quando falamos em ofertas públicas e como falamos todas as condições de mercado em que a empresa atua, fatores macroeconômicos, projeções e também do projeto envolvido para que aquela emissão será destinada.

Aliás, muitas corretoras possuem uma área dedicada às ofertas públicas em suas plataformas com todas as informações necessárias e que são obrigatórias conforme exigência da CVM, a qual fiscaliza e atua nesse tipo de processo, visando dar mais transparência ao investidor.

Vale a pena conhecer e avaliar e, na dúvida, consulte um especialista de investimento e/ou corretora de sua confiança, pois sempre há boas oportunidades no mercado. Mas lembre-se: é importante entender o seu perfil e objetivo para eventual exposição da parcela de seu portfólio a determinada oferta.

Um abraço e até a próxima!