Marco Saravalle é analista CNPI-P e sócio-fundador da BM&C e da MSX Invest. Foi estrategista de Investimentos do Banco Safra, estrategista de Investimentos da XP Investimentos, analista e co-gestor de fundos de investimentos na Fator Administração de Recursos e GrandPrix e analista de ações na Coinvalores e Socopa. Formado em Ciências Econômicas pela PUC-SP, Pós-graduado em Mercado de Capitais pela USP e Mestrando em Economia e Finanças pela FGV/EESP. Iniciou sua carreira no programa de Trainee do Citibank. Atualmente é Diretor Administrativo/Financeiro da Apimec Nacional, membro do comitê de
educação da CVM e presidente do Conselho da ONG de educação financeira,
Multiplicando Sonhos.

Escreve quinzenalmente, às segundas-feiras

Marco Saravalle

Rússia x Ucrânia: os impactos de um possível conflito para o Brasil

Estima-se que, caso ocorra uma guerra entre os países, o preço do barril de petróleo chegue a US$ 120

Com conflito, civis passaram a integrar a força territorial de defesa da Ucrânia. Efrem Lukatsky/AP
  • Nas últimas semanas, o mercado tem sido bastante movimentado pelos burburinhos ao redor das tensões entre Rússia e Ucrânia
  • Caso haja, de fato, uma guerra entre os dois países, as magnitudes afetadas seriam no âmbito econômico, político e até cultural

Nas últimas semanas, o mercado tem sido bastante movimentado pelos burburinhos ao redor das tensões entre Rússia e Ucrânia. A possibilidade de uma sanção dos Estados Unidos e Europa em cima da Rússia – uma das maiores produtoras de petróleo e gás – fez com que o preço do petróleo fosse às alturas, nível mais alto em sete anos. Estima-se que, caso ocorra uma guerra entre os países, o preço do barril de petróleo chegue a US$ 120.

Os Estados Unidos já se posicionaram em prol da Ucrânia, cabe saber de qual lado o Brasil ficará. Dependendo da escolha, é possível até que nós soframos sanções também. O presidente Jair Bolsonaro cumpriu sua agenda e viajou até a Rússia para encontrar o presidente Vladimir Putin – que pode abrir um alerta de qual lado o presidente pode ficar.

Histeria dos ocidentais ou realmente o cenário é preocupante?

Até o momento, o clima de tensão tem diminuído com a declaração de Putin de que não iria invadir a Ucrânia e o recuo de suas tropas da fronteira do país. Apesar das declarações do presidente da Rússia, os países ocidentais ainda mantêm certa cautela por duvidar da retirada.

Caso haja, de fato, uma guerra entre os dois países, as magnitudes afetadas seriam no âmbito econômico, político e até cultural. O abastecimento de petróleo pode ficar completamente comprometido, sendo que, ainda hoje, nossa principal matriz energética continua sendo a commodity.

Preencha os campos abaixo para que um especialista da Ágora entre em contato com você e conheça mais de 800 opções de produtos disponíveis.

Ao fornecer meu dados, declaro estar de acordo com a Política de Privacidade do Estadão , com a Política de Privacidade da Ágora e com os Termos de Uso

Obrigado por se cadastrar! Você receberá um contato!

Imagine só: Europa – que é líder mundial de alta tecnologia – impõe sanções econômicas sobre a Rússia. Cerca de 1/3 do consumo de gás natural pela Europa tem origem na Rússia. Entretanto, o bloco europeu já afirmou que impulsionou ações para adquirir gás natural de outras fontes.

E o Brasil? Como fica?

O Brasil tem sido a grande aposta emergente dos estrangeiros. O fluxo de entrada de capital estrangeiro não para de subir e o valor do dólar vem diminuindo. Estima-se que R$ 1,785 bilhão tenha entrado na bolsa brasileira na segunda-feira (14) passada.

O mais preocupante ainda é a inflação brasileira. Caso os conflitos entre Rússia e Ucrânia se concretizem, o preço do petróleo e gás será notadamente aumentado pela redução da oferta no mercado internacional. O Brasil, que segue a cotação internacional do petróleo, pode ver chegar a patamares de US$ 120/barril.

E a gasolina e o gás de cozinha? Bom, nossa gasolina também terá seu valor ainda mais aumentado, repassando custos para os demais bens e serviços que utilizam a gasolina como meio de logística. O gás de cozinha, que já teve seu valor elevado em mais de 30% em 2021, também seguirá na mesma linha pela diminuição da oferta.

Resta saber quais serão as medidas adotadas para conter o avanço da inflação e se realmente veremos uma terceira guerra mundial no ano de 2022.