O que este conteúdo fez por você?
- Este ano está se configurando como o período em que as taxas de juros globalmente experimentarão quedas significativas
- A chave para prever a direção das taxas de juros reside na observação da inflação
- A influência da inflação também atinge as taxas de juros de longo prazo, especialmente aquelas associadas a títulos do governo
Semana passada tivemos dados importantes de inflação, tanto nos EUA como no Brasil. Esses dados são cruciais para entender para onde vai a Selic em 2024. Este ano está se configurando como o período em que as taxas de juros globalmente experimentarão quedas significativas. O Brasil, que já iniciou seu ciclo de redução em 2023, aguarda 2024 para avaliar a extensão dessa tendência.
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Se as taxas globais caírem substancialmente, podemos testemunhar uma queda ainda mais expressiva do que a atualmente precificada pelo mercado brasileiro. No entanto, caso o declínio global seja menos pronunciado, ou até mesmo inexistente, será necessário reavaliar nossas expectativas locais.
A chave para prever a direção das taxas de juros reside na observação da inflação, como eu mencionei acima. A inflação desempenha um papel crucial como indicador da saúde econômica de um país. Ela indica se uma economia está sobreaquecida, além do seu crescimento potencial ou sub aquecida, abaixo do que deveria.
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Se a inflação aumenta, indica uma demanda acalorada, e o Banco Central deve intervir para resfriá-la. Em caso de queda na inflação, temos espaço para reduzir as taxas de juros. Portanto, a inflação é meticulosamente monitorada como um indicativo antecipado de mudanças nas políticas monetárias.
A influência da inflação também atinge as taxas de juros de longo prazo, especialmente aquelas associadas a títulos do governo. Investidores tendem a exigir taxas de retorno mais elevadas em cenários de inflação crescente, impactando o mercado de títulos de longo prazo. A saúde fiscal de um país também influencia bastante as taxas de juros de longo prazo, e pode definir para onde o juro longo vai em 2024.
As taxas de juros de longo prazo, por sua vez, influenciam os preços das ações, pois descontam dividendos na perpetuidade. Assim, o desempenho da bolsa local está intrinsecamente vinculado às taxas de juros de longo prazo.
Além disso, a inflação afeta diretamente os resultados das empresas. O aumento dos custos de produção, como salários e matérias-primas, pode diminuir as margens de lucro, impactando os resultados financeiros. O comportamento do consumidor também é influenciado, pois a inflação reduz o poder de compra, levando a uma diminuição no consumo e, consequentemente, nas receitas das empresas.
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Diante da inflação, algumas empresas podem ajustar os preços de seus produtos. No entanto, nem todas têm flexibilidade para realizar esses ajustes, criando desafios adicionais para a lucratividade em um ambiente inflacionário.
A compreensão das complexas interações entre inflação, taxas de juros e resultados empresariais é essencial para tomar decisões informadas no mercado financeiro. O dado de inflação Brasileira de dezembro preocupou. A inflação subiu 0,56% enquanto o mercado esperava uma alta de 0,50%.
Além disso, os núcleos de inflação, que tiram os itens mais voláteis da conta, também mostraram aumento relevante. O índice de difusão, que mostra o percentual de itens que subiram, também mostrou alta. Ou seja, foi um índice generalizadamente pior. Esse será o grande desafio do ano na renda fixa. Entender se essa piora é pontual ou generalizada.
Acompanhar de perto a inflação será fundamental para compreender até que ponto as taxas de juros cairão em 2024. Atualmente, o mercado estima que a Selic pode atingir 9,5%. Caso os dados de inflação permaneçam sob controle, essa queda pode se estender, alcançando 8-8,5%.
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Se isso ocorrer, teremos oportunidades significativas de ganho com a marcação a mercado em títulos prefixados ou Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA+). Por exemplo, um vencimento para 2035 pode valorizar 11% com uma redução de 1% em sua taxa, resultando em um rendimento em torno de 200% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI, uma taxa com lastro em operações realizadas entre instituições bancárias) no ano.