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- Não é só o índice cheio do IPCA que importa. Há vários outros cálculos que o mercado usa, que informam melhor a real situação da inflação e evitam erros de quem só olha para o índice cheioal que esse índice não represente fielmente a sua cesta de consumo
Você já deve ter ouvido falar do IPCA, o índice de preços ao consumidor que todo brasileiro olha na hora de acompanhar a inflação.
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Já deve ter ouvido falar, também, que o Banco Central tem uma política de metas de inflação que ele deve cumprir, e para isso é utilizado o IPCA como índice de inflação oficial.
Porém, o que você não deve saber ainda é que não é só o índice cheio do IPCA que importa. Há vários outros cálculos que o mercado usa, que informam melhor a real situação da inflação e evitam erros de quem só olha para o índice cheio.
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Para início de conversa, vamos começar com o que é o IPCA.
O IPCA é um índice que abrange a cesta de consumo média de famílias de 1 a 40 salários mínimos, residentes em regiões metropolitanas, para produtos e serviços comercializados para o varejo, entre o dia 1 e 30 de cada mês.
Este índice possui 9 grandes divisões, como Alimentação, Habitação e Vestuário, e dentro delas temos diversos itens.
É normal que esse índice não represente fielmente a sua cesta de consumo. Até porque inclui a média de pessoas que recebem de de 1 até 40 salários mínimos. Ou seja, como é bem abrangente e temos um problema de distribuição de renda importante, a média não irá representar fielmente ninguém.
Mas porque então é feito assim? Universalmente, essa é a melhor forma de acompanhar de uma forma conjunta o comportamento dos preços em uma economia e principalmente de executar a política monetária. Nenhuma forma alternativa se mostrou superior à média. Então, embora tenha seus problemas, é a melhor forma que temos de ter uma visão geral.
Posto isso, vamos aos detalhes importantes.
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Teoricamente, quando o IPCA sobe muito, o Banco Central deveria subir a taxa de juros para desaquecer a economia, reduzir o consumo e controlar a inflação.
O controle da inflação é a melhor política social de uma nação, pois mantém o poder de compra dos menos favorecidos. Tenha isso em mente.
Mas, embora a teoria seja essa, na prática, não é todo o aumento do IPCA que importa.
Se o índice subiu porque os preços do tomate subiram, por um problema específico de chuvas nas regiões produtoras, de nada adianta o Banco Central subir a taxa Selic. Ela não terá nenhuma eficácia em combater o choque nos preços do tomate.
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Além disso, quando o clima voltar ao normal, é razoável imaginar que os preços do tomate também retornem ao patamar anterior. Ou seja, choques específicos, em itens individuais, e de caráter temporário, podem mexer no IPCA mas não devem provocar uma alteração da política monetária.
O Banco Central deve reagir apenas a aumentos generalizados e permanentes.
Por isso, a alta do IPCA deve ser olhada com cautela, extraindo desses números itens mais voláteis e não permanentes, e analisando apenas aqueles itens mais ligados a atividade econômica e sinais de superaquecimento.
Esses cálculos são feitos, e damos a eles o nome de NÚCLEOS DE INFLAÇÃO.
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Eles são extremamente importantes para o mercado financeiro e para o Banco Central. Se o IPCA estiver elevdo sem que os núcleos subam, dá para ficar mais tranquilo. Mas se o IPCA estiver caindo, mas os núcleos ainda estiverem subindo, temos um problema sério.
Atualmente estamos exatamente no segundo caso. Os dados do IPCA cheio estão caindo (0,59% em março contra 1,73% em fevereiro), mas os núcleos de inflação ainda estão subindo.
Ou seja, o Banco Central ainda não pode se declarar tranquilo com comportamento da inflação, e deve continuar subindo a Selic para tentar cumprir a meta de 3,25% de 2023.
Ele só poderá decretar vitória depois que esses núcleos de inflação reverterem a tendência de alta e derem sinais de convergência para a meta.
Até lá, entendam que não é só o IPCA cheio que importa. Não se faz política monetária olhando para os preços da gasolina, da energia ou do chuchu. Eu sei disso, o Banco Central sabe disso.
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Mas não é isso que está acontecendo. Temos uma alta generalizada e permanente, que deve ser combatida, sob a pena de destruir o valor do dinheiro das pessoas.