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- Na última reunião do Copom começamos o nosso ciclo de queda nas taxas básicas de juros. Mas, a grande questão que paira no ar é: até onde a Selic pode realmente cair?
- Segundo projeções recentes, a Selic pode atingir um patamar de 9% ao ano no próximo ano
- No entanto, nem tudo são flores. Há preocupações no horizonte, principalmente com os recentes dados da inflação americana, que a princípio mostraram uma queda significativa
Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) começamos o nosso ciclo de queda nas taxas básicas de juros. No entanto, a grande questão que paira no ar é: até onde a Selic pode realmente cair?
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Embora pareça um enigma para os mortais, o mercado já tem suas apostas. A curva de juros futura nos dá uma pista, indicando as expectativas mensais da Selic e daí podemos derivar exatamente o que eles acreditam que vai acontecer em cada encontro do Copom.
Segundo projeções recentes, a Selic pode atingir um patamar de 9% ao ano no próximo ano. Isso se traduz em 0,72% ao mês, uma queda considerável em comparação com os atuais 1% mensais.
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Os rentistas adoram essa faixa psicológica dos 1% ao mês, e a queda do retorno da renda fixa pode agitar os fluxos de mercado, desviando investimentos da renda fixa para o mercado de ações.
No entanto, nem tudo são flores. Há preocupações no horizonte, principalmente com os recentes dados da inflação americana, que a princípio mostraram uma queda significativa.
Mas, ao analisar mais profundamente, percebemos que enquanto a inflação de bens cai, a de serviços, especialmente aluguéis, permanece alta.
Vimos nos dois últimos números uma queda de 8% nas tarifas aéreas, que ajudaram muito o índice cheio. Mas, alguns especialistas acreditam que os próximos números podem surpreender negativamente, uma vez que esse efeito terá acabado, indicando o fim da desinflação de bens.
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Além disso, a pressão salarial em um mercado de trabalho apertado é uma preocupação crescente. Caso a inflação reaqueça, o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) americano pode manter as taxas de juros por mais tempo, contrariando as expectativas do mercado.
Outro ponto de atenção é a situação fiscal dos EUA, com um déficit primário de cerca de 6% do PIB e uma dívida pública crescente, ultrapassando 100% do PIB. A possibilidade de uma crise de crédito nos EUA não pode ser descartada, caso as taxas de juros fiquem altas por muito tempo.
Juros altos nos EUA podem influenciar a nossa Selic. Atualmente, há um diferencial de quase 8% entre a Selic e a taxa atual do Fed. Se a Selic cair para 9%, esse diferencial diminuiria para 3,70%. Isso poderia tornar os investimentos brasileiros menos atraentes, potencialmente desvalorizando o dólar.
Ou seja, o nosso ciclo de queda com Selic terminando em 9% ou até abaixo, depende muito de um início do ciclo que queda nas taxas de juros americanas ao longo do próximo ano.
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Caso isso não aconteça, teremos que parar de cair muito antes! O que será um enorme problema, dado que teremos no Banco Central em 2025 uma nova gestão, com a provável entrada de Galípolo na Presidência do Banco Central.
Ele será o indicado do novo governo, que vem sendo bem vocal na imprensa com críticas aos juros altos brasileiros e a atuação conservadora do Roberto Campos.
Até o final desse ano, o jogo do BC é apenas interno, seguirá a desinflação interna e as expectativas de inflação. Mas a partir do ano que vem, o jogo fica muito mais difícil, com juro americano entrando no jogo, e nova gestão pressionando por mais cortes.